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Fedra de Eurípides, Fedra de Racine

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Por Eduardo Galeno   Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas — Boal/ Buarque Fedra num afresco de Pompeia, 60-20 a.C. World History Encyclopedia.     Racine, Eurípides — para que servem, ou melhor, aonde vão? Mais ainda: em que lugar ocupam quando falam de Fedra? Como sonham Fedra? A isso, podemos qualificar ambos na esteira daqueles que falam, pensam e possuem um ente fictício (uma ficção: a mulher Fedra). Eles falam sobre (em uma posição superior?), eles jogam e incidem como autores, como tragistas. A tragédia, para os dois, é um receptáculo por meio do qual o aparelho temporal escapa por um evento, quer dizer, uma eventualidade (ato, quiçá, sempre disperso num texto em que o sangue é o principal batismo de passagem).   Fedra alcança a ideia por participar — ser partícipe de um evento no qual a chama tanto do dever quanto do desvio estão a par. Sencientes, Eurípides, no teatro grego clássico, e Racine, no teatro francês do século XVII, brotam na criação ...

Medeia, de Pier Paolo Pasolini

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Por Pedro Fernandes A obra cinematográfica de Pier Paolo Pasolini é, sem dúvidas, uma dentre as mais ricas de sempre. Ancorada entre o imaginário cultural universal e literário, suas releituras acrescentaram e muito na composição interpretativa e significativa das obras com as quais buscou diálogo. Uma delas, a tragédia de Eurípides, Medeia , que bem mais tarde ganhou outra poderosa versão para o cinema ao ser encenada por Lars Von Trier – em 1988; a de Pasolini é de 1969. Encenada pela primeira vez em 431 a. C., num concurso teatral em Atenas, a peça, pelas mãos do italiano, ganha outros contornos que ampliam sentidos e possibilidades simbólicas, além é claro, de introduzir na composição imagética, um rosto muito próprio para uma figura de rara força e vigor dentre as criações dramáticas. Nesse caso específico a narrativa adquire os contornos que se ausentam da peça: a vida anterior de Medeia, antes de chegar a Corinto com Jasão e receber as ordens de Creon de exílio...

A questão é esta, não há outra: Gonçalo M. Tavares e a tragédia da sobrevivência

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Por Alfredo Monte «Os acontecimentos que o céu nos proporciona manifestam-se sob as mais diversas formas; e muita coisa acontece, para além de nossos temores e suposições; muita vez o que se espera, nunca sucede; e o que nos assombra, realiza-se com a ajuda dos deuses» (Eurípides, “Alceste”) «Não se trata já de intervir no destino, esse sentido abstrato para onde antigamente                   [caminhavam as coisas (como se fosse um plano inclinadíssimo). Trata-se, sim, de algo bem mais concreto                   [e ofensivo: uma tentativa de intromissão no normal                   [funcionamento dos órgãos humanos (...) Que intervenham no vago destino mas não       ...