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Um itinerário para o Livro do desassossego

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Por Cláudia Sousa Um dia talvez compreendam que cumpri, como nenhum outro, o meu dever-nato de intérprete de uma parte do nosso século; e quando o compreendam, hão-de escrever que na minha época fui incompreendido, que infelizmente vivi entre desafeições e friezas, e que é pena que tal me acontecesse. E o que escrevi isto será, na época em que o escrever, incompreendedor, como os que me cercam, do meu análogo daquele tempo futuro. Porque homens só aprendem para uso dos seus bisavós, que já morreram. (Fragmento do Livro do Desassossego , composto por Bernardo Soares) Da epígrafe à referência podemos questionar sobre que livro é este composto “por” Bernardo Soares? Por que não “O livro do desassossego”? Asseguramos que a questão, aparentemente despropositada, nos arremessa para um livro sem fim, sem fronteiras e que não fecha. Desse modo, o artigo definido implicaria toda a intenção para o título dessa grande obra pessoana, que já prenuncia, desde o título, a conce...

O pensamento político de Fernando Pessoa

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Fernando Pessoa. “Fernando Pessoa (1888-1935) não era fascista. Nem admirador de Mussolini, Salazar, Hitler, sequer de Primo Rivera, líderes de regimes autoritários com os quais teve de conviver um dos maiores escritores do século XX e, sem dúvida, o mais enigmático”, assim apresenta Francisco Javier Martín Barrio sobre a edição recém-publicada pela Editora Tinta-da-China Fernando Pessoa, sobre o fascismo, a ditadura militar e Salazar , de José Barreto.  Barreto é sociólogo e historiador e tem se dedicado desde a última década a rastrear e descobrir os escritos políticos de Pessoa ou aqueles que tenha certo traço que possa ser enquadrado nesse rol. É um extenso quebra-cabeças. Nunca é fácil lidar com uma obra levada ao auge do inacabado como a do escritor português. E, como se não bastasse, ele ainda multiplicou-se em tantos e com opinião muito diversa.  Mas, parte da extensa dedicação de Barreto já está registrada. A edição trazida pela editora portuguesa integr...

A nova edição de o Livro do desassossego

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“É o único escritor morto que publica mais que escritores vivos; um milagre, um símbolo da modernidade”. Pessoa não inventava personagens, inventava poetas, escritores completos. O entusiasmo é de Antonio Sáez Delgado, tradutor da nova versão de o  Livro do desassossego para o espanhol. A edição chega por lá nesta semana. No Brasil, ainda circula a versão organizada por Richard Zenith e publicada pela Companhia das Letras em dois formatos, um normal e outro de bolso; mas, como a editora Tinta da China tem, timidamente, adentrado o mercado nacional, é  possível encontrar também a versão mais recente do livro atribuído a Bernardo Soares organizada pelo também pessoano Jerónimo Pizarro. A referência, portanto, de Sáez Delgado, é sobre essa edição recente e não a organizada por Zenith. Enquanto isso, a nova versão do  Livro do desassossego  não é mais nenhuma uma obra-mestra de Fernando Pessoa; quando muito, uma releitura diferente como é dado às releituras,...

Inéditos (sem fim) de Fernando Pessoa

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Desde o dia 30 de janeiro foi apresentado em Portugal (ainda sem data de aportar em terras brasileiras) pela editora Ática Sebastianismo e Quinto Império um novo título para a obra de Fernando Pessoa. O trabalho está sob o professor colombiano Jerônimo Pizarro. Em entrevista para o jornal Público Jorge Uribe diz que em D. Sebastião o leitor se encontra com Pessoa a falar de Portugal de maneira próxima a da tradição popular: “Acho que um dos principais interesses de Pessoa pela figura de D. Sebastião tem que ver com uma maneira de fazer frente a Camões: D. Sebastião é uma personagem de Os Lusíadas , de Camões, todo o poema épico é dedicado a D. Sebastião, mas o D. Sebastião que está por vir depois de Os Lusíadas é uma oportunidade para Pessoa se defrontar com aquele que era o seu precursor literário mais importante”. D. Sebastião seria para Fernando Pessoa uma figura histórica com potencial o suficiente para fazê-lo entrar na história de Portugal onde Camões a deixou. Sobr...

Os filmes de Fernando Pessoa

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Já não é possível chamar Fernando Pessoa apenas de poeta, embora, é claro, sua obra do gênero seja a mais volumosa e também o melhor que produziu. Mas, constantemente, do trabalho desenvolvido pelo grupo coordenado por Jerónimo Pizarro descobrem-se coisas que não são da alçada do poeta, mas de um sujeito que experimentou todas as possibilidades de exercício da faculdade imaginativa.  Exemplo disso é o anúncio agora da Casa Fernando Pessoa sobre a publicação de uma obra que traz à luz um homem metido com a arte do cinema. A edição, introdução e tradução são de Patrício Ferrari e Cláudia J. Fischer; a tradução é porque grande parte do material agora apresentado foi organizado pelo próprio Fernando Pessoa em língua inglesa com o rótulo de  Film Arguments . Além de roteiros em inglês, o multi-criador escreveu outros em português e em francês.  O título editado preserva o nome dado pelo seu mentor, Argumentos para filmes . Na edição, seis roteiros incompletos, escri...

Biblioteca Digital de Fernando Pessoa online

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Em resultado de um trabalho coletivo que envolveu a Casa Fernando Pessoa, o Centro de Linguística da Universidade de Lisboa e que contou com o apoio da Fundação Vodafone, o trabalho de catalogação e digitalização da Biblioteca particular de Fernando Pessoa está desde ontem disponível online. A coordenação de todo o projeto esteve a cargo de Jerónimo Pizarro, especialista na obra de Pessoa, que na cerimônia de apresentação da Biblioteca recebeu das mãos de António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a medalha de mérito municipal. Terminado o trabalho de digitalização de todo o material, que até agora estava em parte disponível para consulta na Casa Fernando Pessoa, mantém-se o objetivo de restaurar todos os documentos, procurando esta entidade apoios técnicos e financeiros para realizar este projeto. Em nota publicada na página da Casa Fernando Pessoa, Jerónimo Pizarro assume os objetivos que presidiram a esta iniciativa: "Dar visibilidade virtual à bibliotec...