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Revista Trevo ou a sorte de termos mais um espaço on-line sobre Literatura (2)

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Por Pedro Fernandes Com este anúncio, o Letras postou por aqui em maio passado a notícia de que um grupo paulista formado pelos jornalistas  Thiago Kaczuroski e André Toso, e do designer Lex Designo estavam dando modelagem a um periódico eletrônico então batizado por Trevo. Ainda não temos caso se a sua periodicidade ficará sendo bimestral. Mas a boa notícia que chega a esta redação é que a edição inaugural está publicada. Juntam-se aos organizadores a ilustradora Mariana Lucio, convidada da vez para compor as imagens que ilustram a edição em questão.  Ao todo, o primeiro número reúne uma dúzia de trabalhos, fora da média de 6 a 8, anteriormente prevista: Ludmila Rodrigues, João Gabriel Oliveira, Júlio Meloni, Ana Roman, Vanessa C. Rodrigues, Maurício Kehrwald, Marcos Visnardi, Alvaro Posselt, Felipe Fernandez, Lucas Reis Gonçalves, Pedro Fernandes e Pollyana Aguiar.  A edição está caprichada e o trabalho do grupo é enriquecedor. Fica o convite para a l...

Para Roma com amor, de Woody Allen

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Por Pedro Fernandes Aí está um filme de Woody Allen, dentre os dois turísticos que já fez, desde quando deixou Nova Iorque pela Europa, Vicky Cristina Barcelona e  Meia-noite em Paris que reafirma sua capacidade de reinvenção. Para Roma com amor é, antes de uma ode à cidade italiana, não se limita a um período específico da história em que a cidade veio tornar-se um dos encantos do velho continente. No filme anterior, ele escolhe o exato temporal dos anos 1920, período em que todos os intelectuais em estágio de frustração, como a personagem central do enredo, iam ter em Paris o lugar ideal para inspiração, período, portanto, que alavanca a fama da cidade luz. Talvez porque a cidade tenha mesmo tido apenas isso de significante e de lá pra cá não tenha dado satisfações ou garantias do epíteto que vende. Em Roma parece que tudo ainda pulsa e tem “mais história”. Não estamos mais diante de alguém “transportado” de um lugar para se fazer noutro, como em Meia-noite em Paris...

A prosa de Fernando Pessoa no Brasil e uma arca que são duas

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Por Pedro Fernandes O poeta com Augusto Ferreira Gomes descendo o Chiado. Fonte:  Multipessoa net Lembra que falamos aqui de dois novos livros vindos a lume em Portugal com contos de Fernando Pessoa? Pois bem, trabalha no silêncio que dele nasce as boas surpresas. É que agora, a Língua Geral deu a conhecer uma edição intitulada Um grande português, contos, fábulas & outras histórias , organizada, prefaciada e anotada por Zetho Cunha Gonçalves, um dos especialistas na obra do poeta português. O livro que já fora editado em 2008 pela Bonecos Rebeldes (ou pelo menos é protobibliografia do que agora se publica) reúne toda a produção no gênero prosa curta escrita pelo poeta do desassossego, além de traduções que ele fez de contos do escritor estadunidense O. Henry. Sim, Fernando Pessoa ele mesmo também se multiplicou em várias frentes. Anotaram? Poeta, prosador e tradutor. E, certamente, outras mais ainda existirá. O livro é um achado na bibliografia brasileira que tem se...

Fernando Pessoa desfigurado

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Por Pedro Fernandes Julio Pomar. Triplo retrato de Fernando Pessoa com corvo. Todo e qualquer estudo – grande ou pequeno – está suscetível a erros. Ainda mais se o pesquisador for um tanto ganancioso e confiar plenamente nas suas suposições. É sabido que suposições e mentiras quando lapidadas ao extremo passam a atuar como verdade e, pronto, o desastre, depois disso, estará feito. Quando saiu por aqui o catatau Fernando Pessoa – uma quase autobiografia , de José Paulo Cavalcanti Filho (Editora Record, 2012), ainda o peguei em mãos com afoito interesse em comprá-lo. O preço, entretanto, me fez recuar. Depois, estive lendo algumas críticas que destacavam que o próprio autor proclamava não sei quantos heterônimos além dos três conhecidos (Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro), a revelação de que Fernando Pessoa havia sido homossexual, pelo menos até certo tempo de sua vida e depois havia desistido da ideia; nunca praticou sexo com outros homens, mas algumas atitud...

Ernest Hemingway

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Quem não terá lido o clássico O velho e o mar ? Para mim, foi um dos primeiros livros com esse epíteto que tive privilégio de ensaiar leitura. Ainda criança, quando a escola que eu estudava criou e deu chance aos seus alunos a ideia de biblioteca, num tempo em que escola do nível básico de ensino ainda era coisa de certa valia. Na época não cheguei a findar a leitura: pareceu-me um texto longo demais e eu tinha a vã ilusão não-leitora de que me perderia ao longo do caminho. Mas, nessa mesma biblioteca dei com Por quem os sinos dobram numa versão ilustrada e infanto-juvenil, a qual nunca mais tive oportunidade de encontrar, mesmo vasculhando esse território inóspito da web que diz nos oferecer não só os encontros mais fortuitos como qualquer possibilidade de resposta às nossas dúvidas, inclusive quando elas se referem a perdas recentes de memória. Ernest Hemingway é o autor desses dois textos considerados uns dos principais de sua vasta obra. Nascido em julho de 1899, nos E...

Os desenhos de Salvador Dalí para "A Divina Comédia", de Dante

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Dante Alighieri nasceu em Florença, Itália, em 1265. Inicialmente, sua poesia tinha o amor como tema central. Seu primeiro grande trabalho foi  Vita Nuova . Numa estadia em Paris, Dante escreveu Convivio , espécie de súmula poética da filosofia medieval, bem como o tratado político  Monarchia . Entre 1304 e 1308, depois de estar na França, mas não livre do desterro de Florença que jamais expiraria, começou a escrever a  Commedia , que no século XVI ganharia de Boccaccio o adjetivo  Divina . A obra, contudo, só seria publicada na íntegra depois da morte do autor, em 1321. Tido como texto fundador da língua italiana, em parte porque seu autor adota a língua não-literária como modelo, isto é, deixa de usar o latim para escrever em florentino, algo próximo do moderno idioma vigente, A divina comédia pode ser lida súmula da cosmovisão de toda uma época, monumento poético de rigor e beleza, obra magna da literatura universal, um clássico, e como bom clássic...