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A arte de amar, Emmanuel Mouret

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Por Pedro Fernandes Já foram escritos muitos manuais sobre o sexo; e sobre o amor perdemos as contas. Invoquemos apenas dois exemplos, um para cada lado, o Kama Sutra , um texto indiano e um dos textos mais antigos sobre o tema, e A arte de amar , de Ovídio, texto do entre-séculos I a. C.–I. d. C. Ambos os livros, entretanto, não são manuais de conduta; são sim livros sobre o comportamento sexual a amoroso humano. O tema é um dos mais intrigantes e detém uma das mais vastas bibliografias. E, por mais que se fale, que se estude, é sempre inédito falar sobre. É nesse gancho do comportamento amoroso que entra o filme de Emmanuel Mouret. A princípio poderá parecer que a trama aí filmada tenha também o caráter de manual ou ainda com o de investigação diante das constatações de uma música para cada tipo de amor e da pergunta qual a música ideal quando ficamos diante de um amor verdadeiro. Mas, logo somos conduzidos para o interior de cinco histórias, cada uma com começos diferen...

Tolstói e os anos de aprendizagem

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Por Pedro Fernandes Qual a idade adequada para se aprender um ofício, ou começar a trabalhar numa ideia, ou a mudar o rumo da vida? Alguns concordam que há uma idade para tudo, outros dizem que você nunca está velho demais para fazer algo novo. Vou, antes de me deter no exemplo de Tolstói, dizer um que conheço de cor: José Saramago escreveu seu primeiro romance aos 27 anos. Desestimulado, trocou a ideia de ser escritor de romances para ser cronista. Exercitou em silêncio o ofício e se tornou um romancista aos cinquenta e tantos quando já havia feito de um tudo e consagrou-se em 1998, com a recepção do Prêmio Nobel de Literatura, o primeiro dado a um escritor de língua portuguesa. Pois bem, o Magazine , do jornal The New York Times numa publicação do dia 14 de setembro recorreu ao caso de quatro celebridades que fizeram algo de novo nas suas vidas quando já a grande maioria poderia achar que elas não poderiam fazer na idade em que se encontravam: a cientista Marie Curie, pioneira...

Ouvir Moby Dick

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Moby Dick , de Herman Melville, é sem dúvida uma das maiores obras da literatura norte-americana, em amplo sentido. E a dimensão do romance será uma das coisas que faz a obra ser pouco lida, pelo menos na íntegra, já que os dias de agora parece que estão para as narrativas breves. No entanto, se você está adiando a obra-prima de Melville desde que se esquivou da leitura na faculdade, talvez esteja com sorte, só talvez; é que o escritor Philip Hoare e artista Angela Cockayne criaram juntos “Moby-Dcik Big Read”, um projeto incrível e ambicioso que quer levar o romance para as massas. E aí, se você entende bem o inglês, está feito. Para o projeto, figuras famosas como Tilda Swinton, John Waters, Miéville China, Benedict Cumberbatch e até mesmo primeiro-ministro britânico David Cameron lerão as seções do livro em voz alta com vistas à transmissão online, criando um audiobook.  O projeto publicará um novo capítulo por dia – e pode desde já ser o seu novo ritual...

Ilustrações de Édouard Manet para Allan Poe

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Egar Allan Poe em desenho de Édouard Manet Edgar Allan Poe terá sido o vício da admiração para muitos grandes escritores: cá, no Brasil, sabemos do apreço de Machado de Assis e Haroldo de Campos que resolveram fazer uma tradução d’ O corvo ; em Portugal ninguém menos que Fernando Pessoa; na França, Baudelaire e Mallarmé se apaixonaram por sua obra assim que a conheceram. No caso do segundo poeta, ele trabalhou quase uma década dedicado à tarefa de traduzir os versos do americano, que foram sendo publicados esparsamente na imprensa francesa e, por fim, organizados num livro que teve desenhos, retratos e vinhetas de Édouard Manet, no final do século XIX. As ilustrações, além de serem as primeiras da relação Mallarmé-Manet, que em 1887, publicariam “L'aprés-midi d'un faune”, poema do poeta francês ilustrado pelo artista, inauguraram uma nova expressão pictural e poética na poesia de vanguarda moderna, que surgia cheia de reinvenções propondo misturar-se a elementos...

Aqui embaixo, de Jean-Pierre Denis

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Por Pedro Fernandes A que nível de cegueira alguém pode ser reduzido quando desenvolve por alguém uma paixão sem limites? Boa parte ou se não todo mundo haverá de concordar que não há níveis, que há paixões incondicionais. Talvez seja sobre esses limites incapazes de precisar na maioria dos casos do tipo o mote para este drama histórico de Jean-Pierre Denis. Num retorno ao fim de 1943, durante a ocupação nazista na França, fato da Segunda Guerra Mundial, o diretor francês recupera a história entre a Irmã Luce, religiosa e enfermeira no hospital de Périgueux, e o capelão Martial. Ela desenvolve uma fé plena na igreja católica desde a infância; o apego ao padre da região, entretanto, demonstrado logo no início do filme parece sinalizar que a fé tem seus mistérios insondáveis, uma vez que essa devoção e apego serão, futuramente transferidos para Cristo, no voto que faz ao se tornar freira de reputação inabalável na congregação, mas logo desviados para a figura do capelão. ...

III Encontro dos Escritores da Língua Portuguesa de Natal (EELP)

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Eduardo Lourenço Este ano, o  Encontro dos Escritores da Língua Portuguesa de Natal (EELP) acontece de   15 a 17 de outubro de 2012, no Teatro Alberto Maranhão, no bairro histórico da Ribeira em Natal/RN e na Academia Norte-Riograndense de Letras. A iniciativa é da União das Cidades Capitais Luso-Afro (UCCLA), com o apoio da Prefeitura do Natal, por meio da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte) e da Academia Norte-Riograndense de Letras. O evento já se realiza desde 2010, quando teve sua primeira edição no mesmo local em que será sediado este ano. O segundo Encontro, que ocorreu ano passado, foi sediado na Academia Norte-Riograndense de Letras. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas on-line ( aqui ) ou presencialmente na Funcarte,  situada à avenida Câmara Cascudo, 434, Cidade Alta. A programação deste ano é marcada por vários pontos altos como as presenças de escritores como Eduardo Lourenço, Inês Pedrosa e o moçambican...