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Lygia Fagundes Telles e a escrita do amor

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Por Maria Aparecida da Costa Na vocação para vida está incluído o amor, inútil disfarçar, amamos a vida. E lutamos por ela dentro e fora de nós mesmos. Principalmente fora, que é preciso um peito de ferro para enfrentar essa luta na qual entra não só o fervor mas uma certa dose de cólera, fervor e cólera  (TELLES, 1998, p. 42) Sempre quando temos acesso a alguma entrevista com Lygia Fagundes Telles ela fala da paixão, do amor e da foça destes sentimentos em favor de qualquer ofício. Para ela, sobre a arte da escrita, mesmo sendo uma profissão árdua, quando executada com paixão, torna-se mais leve. Lygia insiste que, sem paixão, sem amor, mesmo tendo muita competência, o homem não conclui de forma satisfatória sua tarefa. Desta feita, é comum encontrar na obra da escritora personagens que andam às voltas com os diversos sentimentos que guiam o sujeito em sua existência. Além do debate sobre as relações amorosas em si, Lygia salpica na esteira de seus personag...

A cortina, de Milan Kundera

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Por Pedro Fernandes Quando li pela primeira vez A arte do romance , de Milan Kundera, a única coisa que sabia quanto à produção literária do escritor era A insustentável leveza do ser , isso porque não muito distante do tempo eu assistira a adaptação fidelíssima de Philip Kaufman – o “fidelíssima” é por conta do que me contaram quem já fez tanto a leitura como a visão do filme. Desde então, tornou-se um livro que tenho comigo sempre. Em dois parágrafos que redigi para este blog em 2010 , eu falei um dos motivos pelos quais esse livro ganhou esse status: é uma obra escrita por quem melhor pode falar do romance, um romancista. Apesar de que minha vocação cada vez mais se defina pelo caminho da opinião crítica em torno de determinados artefatos artísticos, não tenho a ilusão rasteira de que só quem pode falar com precisão sobre arte seja o crítico. O lugar do romancista parece-me conveniente, por exemplo, porque todo escritor – no sentido considerável do termo – é tomado da mes...

Oblivion, de Joseph Kosinski

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Por Pedro Fernandes Saiu melhor que a expectativa; ou pelo menos não foi um filme de decepções. Oblivion é uma produção que traz uma série de debates por entre as operações sofisticadas e um tanto repetitivas de um futuro já idealizado pelo cinema – com casas de cenários transparentes e meios de transporte mirabolantes. Tenho percebido é o quanto a distância de tempo entre o presente e o futuro nessas narrativas de ficção científica tem cada vez mais ficado curta. Lembro que os primeiros filmes do gênero que assisti colocavam para adiante pelo menos um século mais tarde; no filme de Joseph Kosinski, não. Tudo se passa daqui a 64 anos. Previsão errada ou Hollywood tem apostado que a tecnologia deverá avançar a uma velocidade cada vez mais superior a já rapidez com que tem avançado? Isso daria motivos para outro texto. Oblivion segue o rastro das distopias. Não quer saber do perigo que vem do infinito universo, quer saber é como os humanos serão capazes de se reorganizar d...

Redes sociais para quê?*

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1. Tem cinco anos que criei o blog Letras in.verso e re.verso . A ideia – como aparece justificada na apresentaçãodo espaço – se deu quando, em 2007, eu ainda aluno de graduação em Letras ia ministrar um curso sobre a poeta potiguar Auta de Souza. Pela ocasião eu havia redigido um texto que mais tarde foi publicado numa revista acadêmica da Universidade Federal de Santa Catarina intitulado “ Auta de Souza in verso e[re]verso, sob o onírico e o etéreo, reflexões poéticas ”. Não precisa dizer que a origem do in.verso e re.verso vem do título desse texto. Até uns dois, três anos depois da criação do blog, a grafia do seu título era a mesma a que dei ao texto – in verso e [re]verso; somente com a reestruturação do espaço foi que passou para a grafia que leva até o presente. Quando fiz minha primeira incursão pelo universo das redes sociais, ainda com o antigo Orkut em 2008, eu utilizei a minha página pessoal para divulgação da publicação dos links que davam acesso às matéria...

Jean-Paul Sartre

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O quanto precisamos ainda de Jean-Paul Sartre. Este poderia servir de título a um texto que vim ensaiando escrever por esses dias sobre a importância da obra do filósofo francês. Ele não escreveu uma obra ensaística apenas: Sartre redigiu um mundo restituidamente pensado por um olhar que ficou conhecido de todos por existencialismo. Foi a partir desse olhar que encontrei tantas semelhanças, quanto ao escrito e ao escritor, entre ele e José Saramago. Gosto de pensar que Sartre foi um dos primeiros intelectuais a acenar e cumprir com o acenado de que o verdadeiro trabalho do intelectual não está apenas dentro do gabinete, mas nas ruas. Essa quebra de fronteiras, evidentemente, é fruto de uma cultura francesa – já foi dito tantas e tantas vezes que os franceses têm vasto culto às bibliotecas e, para compreender sobre o que se passa ele tem na bibliografia um suporte para tal – mas terá sido de uma importância extrema porque renegocia com a própria sociedade qual o papel dos que pensam...

Boletim Letras 360º #8

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Nesta semana realizamos o sorteio de um exemplar autografado de  As raízes que invadiram a casa ,   de Vernaide Wanderley (Editora Patuá) e já iniciamos outra empreitada promocional: em parceria com a Parábola Editorial daremos dois exemplares aos amigos do Letras e da editora no Facebook.  Outras novidades estão a caminho. Por aqui, ninguém para e até parado a gente trabalha. Semana movimentada pelo universo das letras, muitos lançamentos, a vinda de Coetzee ao Brasil, a eleição para cadeira 10 na Academia Brasileira de Letras e coisa e tal; está na hora de saber o que foi notícia em nossa página no Facebook e passou despercebido aos olhos do amigo leitor.   Uma das faces da moeda especial em homenagem a James Joyce que o Banco Central da Irlanda apresentou esta semana. Segunda-feira, 08/04 >>> Brasil: Overdose de O grande Gatsby Já todos os que andaram pelo cinema por esses dias toparam com o trailer para remake de O grande Gatsby , dirigi...