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Boletim Letras 360º #34

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Numa data tão leve como a de hoje, Dia das crianças, queríamos enfatizar, como um bom blog sobre literatura e adjacências que somos, da necessidade de colocar o livro na vida dos pequenos. No ano passado editamos aqui uma lista de livros bacanas para presente; toda lista do tipo é sempre válida e mais ainda se inclui títulos universais.  Seguindo os termos de que todo adulto de hoje é produto da criança de ontem, temos editado desde esse mesmo dia em 2012 uma série de fotografias já perto das 100 imagens com escritores criança; isso no nosso Tumblr e vale muito uma visita .  Depois dessas duas dicas, que tal lermos sobre o que se passou pela linha do tempo – essa que corre cada vez mais rápido – na nossa página no Facebook? Rudyard Kipling, The Elephant Child , 1902. A imagem integra uma grande exposição em Londres sobre ilustrações para livros infantis. Leia mais no Boletim. Segunda-feira, 07/10 >>> Estados Unidos: Estudo constata que a leitura de grand...

O ser professor e o ser livre

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Por Rafael Kafka Logo quando passei no vestibular, em 2008, assisti ao filme Sociedade dos Poetas Mortos estrelado por nomes como Robin Williams, Robert Sean Leonard (o doutor Wilson da série House MD ) e Ethan Hawke (o Jesse da trilogia de filmes Antes do Amanhecer , Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia-Noite ) filme que me tocou demais devido à postura do professor John Keating. Ele dava aula de literatura de um modo diferente, provocador, pregando um carpe diem não inconsequente, no qual cada indivíduo devia lutar por seus sonhos. O professor, nesse contexto, torna-se não um dono de saberes, mas um orientador, um instigador. Apesar de ser uma forma assaz poética de falar daquilo a que muitos chamam de “nova pedagogia, o filme tocou-me e até hoje segue me tocando por sua mensagem clara. Apesar de tê-lo visto uma segunda vez e ter ficado tentado a vê-lo como algo utópico demais, ainda consigo ver nele um libelo a favor de uma carreira professoral crítica e libertári...

Crônica de um leitor de "O jogo da amarelinha" (5)

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Por Juan Cruz Ruíz Primeiro li Três tristes tigres , de Guillermo Cabrera Infante. Foi depois de uma prova de História da Filosofia, na Universidade de La Laguna. O professor Emilio Lhedó, que então tinha 39 anos, era para nós Don Emilio, e assim seguiu sendo para muitos, entre outros para mim. Já então era um homem com uma enorme autoridade moral entre nós; ensinava Filosofia e História, e não apenas História da Filosofia, e nos despertou um enorme interesse pela leitura. Tudo podia estar nos livros, e ele falava desde os livros para explicar tudo; ou melhor, desde as palavras. A palavra era a essência e na palavra estava o ritmo, a alma das coisas, dos acontecimentos e das pessoas. Naquele momento ele acabava de ponderar um atrevimento, pois não pedido um ensaio, qualquer ensaio, que tivesse com sustentação nosso conhecimento das palavras, e eu lhe havia feito um trabalho sobre o movimento pânico que então agitava (essa é uma boa palavra, agitava) Fernando Arrabal em Paris...

O conselho de John Updike para os jovens escritores

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John Updike (ainda falaremos desse sujeito muito por aqui) disse certa vez que sua tarefa e “única obrigação” era “descrever a realidade como ela tinha chegado a mim – dar ao mundo sua beleza devida.” Termos que parecem ir na esteira do que disse Stendhal ainda muito antes do boom da literatura naturalista, “Um romance é um espelho que passeia pelo real”. Nas duas afirmações não está em questão a ideia de reprodução ou cópia da realidade, mas de criação a partir dela. Descrever a realidade tal qual ela vem até a mim é oferecer uma possibilidade dentre tantas de leitura do mundo; do mesmo jeito aquilo que reflete o espelho não é uma mera cópia do refletido, mas uma recriação do que se reflete. A crítica tem lido toda obra de Updike por essa ótica defendida pelo escritor e atesta que, sim, ele alcançou essa qualidade. Com um olho afiado e um intelecto criativo, o autor de Coelho cresce buscou reconstituir os detalhes da vida cotidiana alinhavando possibilidades por um tênu...

As ilustrações de Jean-Michel Folon para A metamorfose, de Kafka

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Franz Kafka, verão de 1906, quando se formou em Direito. Arquivo Klaus Wagenbach. Em 2010, as livrarias brasileiras receberam uma edição feita pela Martins Fontes com textos de Franz Kafka em grande parte ainda desconhecidos do grande público. Além de organizar a edição, Nikolaus Heidebach compôs as ilustrações para o material (leia mais sobre aqui ). Bem, também não é de conhecimento de todo mundo, mas o próprio Kafka se aventurou em compor alguma coisa na arte do desenho ( aqui ), no entanto, tinha suas próprias ressalvas sobre a relação literatura e imagem, principalmente, em se tratando do seu romance  A metamorfose . É conhecido, por exemplo, o pedido que o escritor faz ao seu editor para que a capa desse livro não fosse ilustrada com a figura metamorfoseada de Gregor Samsa, assim que soube que Ottomar Starke iria desenhar a capa para o romance: “O senhor escreveu anteriormente que Ottomar Starke vai desenhar a capa para a Metamorfose. Então eu senti um peque...
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Por   Pedro Belo Clara Recordar-se-á o leitor, por certo, das duas obras deste talentosíssimo poeta que neste mesmo espaço trouxe a discussão, meses atrás (veja o texto aqui ). Porquê, então, retomar a temática de Eugénio? A verdade é que todo o poeta que consegue, através de sua obra, atingir níveis de profundidade e magnificência é necessariamente um poeta do sublime. Um mestre, em suma. E os trabalhos de tais autores, não sendo necessariamente exclusivos, são quase sempre detentores de uma notável diversidade. Poder-se-á cantar o amor; mas que seja, então, no auge do mais excelso dos líricos cantos! Poder-se-á cantar a dor, apenas; mas será com a mais pungente voz que a alma do poeta a cantará. Outros, apenas, de tão abrangentes, lançam os braços em redor do mundo e abraçam-no na sua máxima plenitude. Eugénio é um desses casos. Embora a maior parte da sua obra se paute pela temática lírica, oscilando entre a melancolia e a plena alegria, polvilhando como ninguém, por...