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Os oito odiados, de Quentin Tarantino

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Por Pedro Fernandes Tornou-se lugar comum a exaltação da genialidade: basta que alguém faça alguma coisa que se distinga das formas triviais e ganhe com isso alguma visibilidade. Fazer alguma coisa que se distinga das formas triviais, entretanto, nem sempre é um signo de genialidade, logo, não é possível chamar alguém, por esse motivo, de gênio. Essa questão é trazida para o início de um texto que aparentemente se configura como um conjunto de notas sobre o mais recente trabalho de Quentin Tarantino por uma causa – a febre que tomou alguns expectadores mais exaltados, fãs do diretor, a partir de Os oito odiados .  Se esta é uma das produções melhor realizadas – é meu ponto de vista, de alguém que descobriu o diretor em Pulp fiction (o título que certamente o tornou querido entre todos), deixou de ver alguns outros trabalhos seus e, a partir de Kill Bill não perdeu nenhum dos seus filmes – isto não o faz de um todo genial. Mesmo porque o adjetivo talvez nunca sirva ...

Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, de Gonçalo M. Tavares

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Por Pedro Fernandes Este livro foi publicado em Portugal em novembro de 2014 e chegou ao Brasil – na casa que deu a conhecer Gonçalo M. Tavares aos brasileiros – no final do ano seguinte; na sua terra natal, o livro chegou às livrarias junto a Os velhos também querem viver . As duas obras integram uma já extensa bibliografia de um dos escritores mais criativos e inventivos da chamada novíssima geração da literatura portuguesa – recebem esse epígono porque são muito posteriores ao abril de 1974 e buscam se distanciar de temas, formas e obsessões do romance de então. Basta que o leitor visite o que o português tem chamado de “Cadernos”; são títulos que integram gênero e formas multifacetadas que rompem com as designações comuns fundadas pelos estudos literários ou se não reinventam modos e procedimentos de escritas. A crítica mais sisuda terá reparado esse empenho com certa cautela, prefere olhar com bons olhos o Gonçalo M. Tavares romancista e faz cara feia ao ex...

O mistério que Agatha Christie levou para o túmulo

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Agatha Christie morreu aos 85 anos em sua residência de Wallingford, no condado de Oxford, em 12 de janeiro de 1976. A romancista britânica que desafiou (e desafia) numa quantidade diversa de puzzles policiais as mentes de milhões de leitores, morreu tranquilamente um ano depois de seu célebre personagem Hercule Poirot, depois de uma “boa vida”, segundo ela própria confessou em sua autobiografia. Nenhum crime, nem veneno em sua morte, mas levou para o túmulo um mistério que manteve no ar o mundo em dezembro de 1926. Ainda hoje se especula o que pôde ter acontecido naqueles onze dias em que a então jovem escritora com uma promissora carreira como romancista desapareceu de sua casa sem dar explicações. “Estará vivendo alguns de seus romances?”, se perguntava os jornais ao redor do mundo então. “Mrs. Agatha Christie, conhecida escritora e autora de romances e histórias de detetives, desapareceu e até essa data a Polícia a busca inutilmente. Mrs. Christie saiu em seu automóvel de...

Boletim Letras 360º #151

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Edgar Allan Poe: ele nunca sai de moda. E vem nova edição com contos do escritor estadunidense em breve. Nossas semanas magras ainda durarão um pouco. Possivelmente no próximo Boletim ou durante a semana nas redes sociais diremos quando voltaremos com todo gás de 2016. Por enquanto, lembramos uma novidade que queremos fazê-la ganhar força em nosso Facebook: as entradas 01:MIN DE POESIA. Só adiantamos uma coisa por aqui: todos os meses daremos livros de poesia aos nossos leitores. Interessou? Pois saiba como fazer para participar dessa ideia! Segunda-feira, 04/01 >>> Portugal: Um conto inédito de Valter Hugo Mãe para ler online Foi publicado pela CoolBooks, selo da Porto Editora que edita exclusivamente no formato eletrônico. “A menina que carregava bocadinhos” tem seis ilustrações de Paulo Damião, e duas delas estão numa edição impressa de um livro de contos preparado pelo escritor muito recentemente, "Contos de cães e maus lobos" que traz ilust...

Macbeth: ambição e guerra, de Justin Kurzel

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Por Pedro Fernandes Escrita entre 1605 e 1606, a peça integra o que a crítica comumente tem chamado de fase trágica de William Shakespeare. A história é já conhecida de todos: Macbeth é um general do exército escocês muito querido pelo seu monarca, Duncan, dada sua lealdade e seus préstimos guerreiros; em menor grau de importância, o amigo Banquo também o é. Na passagem de um dos confrontos, os dois são abordados por três bruxas que soltam as previsões as quais confirmam essa condição ora lembrada: “Macbeth será rei; Banquo é menos importante, mas mais poderoso que Macbeth; e os filhos de Banquo serão reis”.  A confissão do acontecido à sua companheira, Lady Macbeth, uma mulher amargurada por não poder dar herdeiros ao general, e os incentivos dela na ambição pela realização do primeiro plano do enunciado pelas bruxas, impulsiona-o a realização do predito. Macbeth, então, trama a morte do rei e, movido pela necessidade de esconder a culpa, inicia um reinado baseado ...

Manifesto de uma poesia na pós-modernidade

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Por Vivian de Moraes A publicação recente do meu livro Desconstrução (Patuá, novembro de 2015), levou-me a um debate livre com os participantes dos lançamentos e os leitores desse livro. Se hoje escrevo este manifesto, é porque sinto que há lacunas importantes na poesia atual, embora haja muito material de grande qualidade sendo produzido. Entre os autores que admiro estão nomes como Eucanaã Ferraz, Frederico Barbosa, Augusto de Campos, Arnaldo Antunes, Guilherme Gontijo Flores e muitos outros. Não pretendo, aqui, esgotar uma lista. No entanto, o mal da poesia atual é o grande narcisismo estético que se propaga na chamada “metapoesia”. Como tenho dito aos meus leitores, acredito que escrever versos sobre versos, prática hoje corrente em demasia, especialmente entre os autores jovens, leva a um espelhamento inócuo e fragmentário. Deve-se isto, talvez, ao fato de vivermos um tempo de conflitos. A pós-modernidade, tão bem analisada pelo sociólogo polonês ...