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Boletim Letras 360º #222

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Aproveitamos a ocasião em que falaremos sobre a reedição de dois novos títulos da obra de Lima Barreto para dizer que estamos com chamada aberta para a recepção de textos sobre o escritor e sua literatura. Os interessados devem fazer sua proposta até o dia 31 de maio. Leia mais aqui . E, ainda estão abertas as inscrições para concorrer a um exemplar de Contos reunidos , de Dostoiévski. O sorteio acontecerá quando confirmarmos a 200ª inscrição. Para participar da brincadeira basta pedir entrada no Grupo do Letras in.verso e re.verso no Facebook . Outros bons motivos de fazer parte deste espaço é poder melhor interagir com leitores de várias partes do globo e ficar por dentro das publicações do blog sempre em primeira-mão. Segunda-feira, 15/05 >>> Brasil: O mais recente romance de Haruki Murakami sairá por aqui em 2018 A edição de Killing Commendatore  sairá, como na original, em dois volumes. O interesse da Alfaguara Brasil é publicar ...

A violência como produto humano

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Por Rafael Kafka Alejandro Obregón Muito tem me interessado o a análise de questões ligadas à violência dentro do cinema e das séries que acompanho. Demorei a entender o porquê, mas a justificativa está fortemente ligada ao meu modo existencial de analisar obras de arte narrativas. Cada vez mais a violência se revela para mim um fenômeno claramente humano que deve ser entendido como mais uma das manifestações do ser e não ser tratada como um elemento monstruoso dentro das frinchas do ser iluminado que imaginamos ser a essência do comportamento humano. Nos noticiários, cada vez mais é comum essa lógica da violência como monstruosidade. Antes que alguém me entenda mal, o que quero dizer é que a brutalidade da violência é algo produzido por pessoas contra pessoas. A violência é uma forma de afetividade, ligada profundamente às intencionalidades e condicionantes do modo de ser deste ou daquele indivíduo. Assim sendo, o discurso dos jornalistas sensacionalistas que visam a c...

Café Society, de Woody Allen

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Por Maria Vaz Woody Allen pertence a um grupo de realizadores que, normalmente, ou se ama ou se detesta. Incita o extremo. Pessoalmente, gosto dele. Os seus filmes fazem deambular pela intensidade das complicações da psique humana, das paixões, dos crimes, o tabu, os triângulos amorosos, vidas paralelas, questões sexuais, escolhas complexas. Desde o triângulo amoroso em Manhattan  (1979) ao quadrado amoroso em Vicky Cristina Barcelona (2008), passando pela relação paralela em Match Point  (2005), pela paixão do passado em contraponto com a do presente em Meia-noite em Paris  (2011), ou pela busca de um novo ‘eu’, numa realidade circunstancial que se rejeita, em Blue Jasmine  (2013). Woody Allen tem a capacidade fascinante de penetrar na compreensão das mais complexas emoções que, tantas vezes, movem o comportamento humano, de uma forma simples, natural e subliminar. Nessa linha, outra coisa não seria de esperar deste Café Society (2016). Uma vez mais,...

O museu do silêncio, de Yoko Ogawa

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Por Pedro Fernandes É curioso observar como sempre a literatura japonesa é reduzida ao lugar de estranha na opinião de grande parte da crítica brasileira. O termo não ficou esquecido quando em 2016 se publicou no Brasil o primeiro livro de Yoko Ogawa, O museu do silêncio . E apesar de não relevante, este texto retoma o lugar-comum a fim de investigar, embora a resposta se mostre antecipadamente em tom de suspeita, pelo menos uma razão para esse registro enquanto apresenta algumas notas sobre este romance. Situados numa aldeia do interior do Japão, os acontecimentos recobrados pela narrativa estão articulados em dois eixos principais – sendo um deles, o motivador, sobressalente: trata-se da construção de um museu proposto por uma velha senhora de posses do lugar a fim de reunir um conjunto diferente de objetos. Trata-se de um museu com coisas recolhidas durante parte significativa da vida dessa velha e não tem relação com suas memórias afetivas nem com o ideal de perpetua...

Henry David Thoreau: o libertário para uma vida sublime

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Henry David Thoreau McAllister, o diretor da Welton Academy, prestigiada instituição educativa de Vermont, Estados Unidos, olha com certa condescendência o professor de Literatura John Keating, cujos métodos fora dos trilhos são-lhe um quebra-cabeça. “Mostre-me um coração não afetado por sonhos tolos e mostrarei um homem feliz”, diz. E Keating responde: “Só no sonho temos liberdade. Sempre foi assim e sempre será”. E McAllister: “Tennyson?” E Keating: “Não. Keating”. A cena é uma das mais lembradas de Sociedade dos poetas mortos , o filme de Peter Weir que agitou as mentes dos jovens (e não tão jovens) em finais da década de 1980. Espectadores que, em sua maioria, desconheciam a conexão entre Thoreau, Walt Whitman, Jonh Muir, Robert Frost... e John Keating. A personagem interpretada por Robin Williams não tem Lord Tennyson, o poeta inglês do pós-romantismo, como sua chave de salvação. Por isso surpreende o severo McAllister e, sobretudo, seus alunos, que e...

A atualidade da tragédia grega

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Por Carlos García Gual e Aurora Luque As melhores tragédias gregas, como escreveu Aristóteles, tratam de crimes em família. Um jovem que mata seu pai e se casa com a mãe e desse modo chega a ser rei; uma mãe que para vingar-se do marido que a abandona assassina seus dois filhos; um rei que condena à morte sua sobrinha porque ela quis derrubar seu irmão, são alguns bons exemplos. Os estragos contra esse laço afetivo que os gregos chamavam philía e consideravam a base de uma existência digna e feliz produziam sempre uma comoção profunda no público ateniense. As narrativas encenadas suscitavam compaixão e espanto ( éleos e phóbos ) por empatia com a catástrofe sofrida pelos protagonistas do drama. E, por sua vez, certa purificação emotiva ( káthasis ). Édipo, Antígona, Medeia, nomes ressoantes de figuras gloriosas de relatos míticos, no teatro de Dionísio da democrática Atenas, renovam seu sentido. A mitologia provê a matéria, mas o dramaturgo dá uma nova forma aos arc...