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Adeus às armas, de Ernest Hemingway

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Por Pedro Belo Clara É claro para todos, inclusive aos leitores menos experimentados nos mais dilectos frutos do universo literário, que trazemos hoje à discussão, traçada à guisa de conselho de leitura, um dos maiores autores de sempre – e com ele uma das suas principais obras. Bem, aceitamos que este último facto poderá não ser conhecido por todos os leitores em iniciação, mas negar os louros a uma das mais proeminentes figuras da afamada “Geração Perdida”, tal como a nomeou Gertrude Stein, ao Pulitzer de 1953 e Nobel no ano seguinte, será acto diante do qual nenhuma mão quererá esboçar um movimento negativo. Não são os prémios que fazem o autor, obviamente, por isso acresce em seu benefício a tremenda popularidade da obra, várias vezes transposta para o cinema (como o trabalho que hoje seleccionámos), e também uma por vezes rara apreciação consensual da crítica competente sobre o lugar de Hemingway entre as estrelas maiores do vasto firmamento da literatura mundial. ...

Boletim Letras 360º #315

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Guimarães Rosa. Segundo título da reedição da obra do escritor nas livrarias a partir da segunda quinzena de março.  Na segunda-feira, 25 fev. ’19, realizamos nova promoção na página do Letras no Facebook : um leitor de Minas Gerais levou um exemplar da nova edição de Grande sertão: veredas , esta que foi disponibilizada no mesmo dia pela Companhia das Letras. E já preparamos mais dois novos sorteios. O leitor fique atento. Neste Boletim, além de copiarmos as novidades que circularam em nossa página no Facebook, encontrará algumas novidades: selecionamos postagens de destaque do blog (entrada que chamamos por lá e, agora aqui, de Baú de Letras); três recomendações de leitura; e materiais de destaque apresentados noutros canais do blog nas redes sociais. Tudo para deixá-lo ainda mais próximo de nós. Segunda-feira, 25 fev. Em 2020 se publica uma fotobiografia do poeta João Cabral de Melo Neto No próximo ano, passam-se 100 anos do nascimento de João Cabral; para a...

O pecado de Borges

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Por José Antonio Montano Numa obra tão poderosa como a de Jorge Luis Borges, chama a atenção “O remorso”, um soneto enfático, patético, autocompassivo (qualidades que o escritor argentino detestava) e decididamente confessional: Cometi o pior dos pecados Que um homem pode cometer. Não fui Feliz. Que os glaciares do esquecimento Me arrastem e me percam, desapiedados. Meus pais me engendraram para o jogo Arriscado e formoso da vida, Para a terra, a água, o ar, o fogo. Defraudei-os. Não fui feliz. Cumprida Não foi sua jovem vontade. Minha mente Se aplicou às simétricas porfias  Da arte, que entretece naderias.  Legaram-me coragem. Não fui valente. Não me abandona. Sempre está a meu lado A sombra de ter sido um desgraçado. O poema pertence ao livro La moneda de hierro , de 1976. Foi publicado pela primeira vez no jornal La Nación , de Buenos Aires, no dia 21 de setembro de 1975. Segundo disse o próprio poeta a Joaquín Soler Serrano numa...

Nadando de volta para casa, de Deborah Levy

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Por Fernanda Fatureto O passado, em alguns casos, carrega uma carga pesada demais. Superar os fatos e seguir em frente é uma decisão individual. Encontrar as respostas do que se viveu na poesia pode ser uma saída plausível para suportar a dor, mas nem todos conseguem sublimá-la. É o que acontece em Nadando de volta para casa – novela da escritora britânica Deborah Levy publicada no Brasil em 2014 pela Editora Rocco. O enredo conta a história do poeta inglês Joe Jacobs, de sua mulher Isabel Jacobs e de sua filha Nina ao passarem as férias numa casa alugada da Riviera Francesa. Em um dia de sol na piscina, encontram uma intrusa nadando: Kitty Finch, uma jovem botânica aspirante à poeta chega sem avisar enquanto a mulher de Joe a convida para ficar. Mas Kitty estava à procura do famoso poeta. Ela veio lhe mostrar seu poema – Nadando de volta para casa. Kitty Finch nascera em Londres e passou alguns meses internada por uma crise de ansiedade. O passado de Kitty era pesad...

John Steinbeck muito além da ira e do Éden

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Por Roberto Breña Para Ale, razão porque Steinbeck é significativo; A René, por sua amizade “Sempre me pareceu muito estranho. As coisas que admiramos nos homens, bondade e generosidade, franqueza, honestidade, compreensão e sentimento são os elementos do fracasso em nosso sistema. E as características que detestamos, astúcia, ganância, cobiça, mesquinharia e egoísmo, são os fatores do sucesso. Enquanto os homens admiram as qualidades que citei, adoram o resultado das outras características.” John Steinbeck, A rua das ilusões perdidas Exceto As vinhas da ira   e Ao leste do Éden , os dois grandes romances de John Steinbeck (1902-1968), e duas de suas narrativas mais longas, Ratos e homens e A pérola , praticamente todo o resto da extensa obra desse autor é pouco conhecida e diria pouco lida. “Pouco lida” é uma expressão necessariamente subjetiva, inverificável e que, além disso, é quase anódina num mundo em que os “grandes escritores” são cada vez menos ...

Antonio Machado, poesia e filosofia

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Por Juan Malpartida Antonio Machado foi o poeta de língua espanhola mais próximo à filosofia e que, por outro lado, mais profundamente viveu a lírica como problema. Embora não a partir de sua poesia e sim de sua prosa. O poeta, no sentido profundo, além de alguma observação em verso, ou algum poema tardio de caráter metafísico, parece ignorar o prosador, que é em quem – e nisto concordo com alguns enquanto discordo de outros – está sua verdadeira modernidade. A originalidade reflexiva de Machado, acredito, radica no que desperta a partir de seu interesse por Kant, especialmente pelo deslocamento que levou a cabo a uma maior subjetividade, depois de Descartes situar o pensar como fundamento do eu. A liberdade, a coisa em si, é algo no qual podemos pensar mas não é compreensível, só acessamos intelectualmente o mundo fenomenológico. Além disso, Kant afirmou o elemento interpretativo da mente humana, que projeta fora o que leva no seu interior. Num texto autobiográfico de 19...