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Boletim Letras 360º #333

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Durante a semana, a partir da edição 329 deste Boletim , recebemos inscrições para uma promoção que enviará a um leitor dois títulos dos seis indicados entre os destaques das publicações no mercado editorial brasileiro do primeiro semestre de 2019. Ficamos de anunciar o ganhador nesta postagem. Ontem, depois do encerramento das inscrições, às 22h, pedimos em nossa página no Instagram e Facebook a recomendação de um número entre 1 e 242, intervalo que assinala a sequência da quantidade de inscritos. Recebemos até às 10h de hoje 25 palpites, dos quais 6 para o número 13. E o número 13 na ordem de inscrições é o de Amanda Maria da Silva Carvalho, de Cocal, Piauí. Parabéns à ganhadora e desejamos ótimas leituras! A todos que contribuíram para a realização da promoção ficam nossos agradecimentos e o aviso que, para breve, virão outros momentos do tipo. A seguir as notícias que circularam durante a semana em nossa página no Facebook e outras dicas de leitura. Revelada uma série de tít...

Por uma aprendizagem pautada na autonomia

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Por Rafael Kafka © Keith Haring Há quem considere que as escolas brasileiras no geral são dominadas por um pensamento por demais liberal, em um sentido mais libertário, e que isso tem afetado o modo como os jovens aceitam receber ordens e reagem ao mundo exterior. A anomia na qual vivemos – que muitos chamam de “anarquia” – seria então fruto de uma juventude que não reconhece o poder da autoridade e não sabe reter seus impulsos, deixando-os vagar livremente. Desses impulsos soltos de modo irresponsável pode surgir e provavelmente surgirá a violência. As escolas brasileiras em geral são mal estruturadas e os professores pouco têm acesso à formação continuada. Isso faz com que muito do ensino na educação básica seja focado ainda em método expositivos e tecnicistas, com os estudantes lidando com saberes os quais não fazem sentido para sua vida, fator que por si só já seria suficiente para gerar desinteresse, um dos motivos iniciais da cadeia de indisciplina que p...

A promessa, de Friedrich Dürrenmatt

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Por Pedro Fernandes Algumas das expressões romanescas adquiriram um modelo repetido até a exaustão. É o caso do romance policial. Desde a publicação, em 1841, de The murders in the rue Morgue , de Edgar Allan Poe, que uma sorte de características tem servido à imaginação criativa de escritores de diferentes culturas: a cena casual de um crime, uma investigação em que todos são suspeitos e por vezes o criminoso é o menos provável, um detetive vestido dos princípios racionais capaz de desvendar o mistério com um simples ou um complexo exercício de estratagemas. A variedade de obras literárias ou de escritores que lidam com esses elementos levaram os estudiosos a compreenderem pelo menos duas categorias constitutivas do que podemos chamar por um modelo de romance: as histórias de detetives e as histórias policiais. As duas têm sua raiz na literatura criminal anglo-saxônica e se distinguem pela presença diferenciada do herói: numa, é um detetive particular e, noutra, um ou um g...

Selvagem, de Camille Vidal-Naquet

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Por Pedro Fernandes O primeiro filme de Camille Vidal-Naquet é uma releitura sobre a liberdade. E a situação escolhida para a afirmação sobre o que chamaríamos de sua tese – isso porque o espectador não demora a visualizar uma ideia central e o desenvolvimento de múltiplas situações no seu entorno no intuito de refutar e corroborar com o que se quer defender –, compõe praticamente um ensaio sobre o indivíduo. O trabalho do diretor francês nada tem de pioneiro, mas se apresenta tão profundamente impregnado das marcas que conduziram o pensamento e a criação de seu país que não deixa de chamar atenção pela maneira como reaviva alguns dos seus lugares mais interessantes. A principal questão é a constatação sobre a liberdade como uma utopia cujas fronteiras uma vez ultrapassadas não oferecem quaisquer oportunidades de sobrevivência ao sujeito. Isto é, o que à primeira vista parece coincidir com certo fatalismo proposital do homem (e não podemos deixar de lado tal hipó...

O mundo de Eugenio Montale

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Por César Antonio Molina A vida de Eugenio Montale foi uma aventura tranquila, sem sobressaltos, presa em si própria e só pouquíssimas vezes marcada em sua silenciosa busca pelo alheamento pelas conflagrações exteriores. O poeta italiano é um sujeito indiferente à profissão, à homenagem e até mesmo aos leitores. Seu isolamento é quase total e nele, como em quase nenhum outro escritor italiano de seu tempo, filia sua razão essencial e única de ser poeta. Em Montale há uma clara consciência de renúncia à vida exterior em favor da vida interior. “A arte é a forma de vida de quem verdadeiramente não vive: uma compensação ou um substituto”, escreveu numa carta. Mas, não é o próprio poeta (ele se refere ao artista no geral) quem deve “renunciar à vida”, mas é a própria vida “que se encarrega dessa fuga”. E isso acontece precisamente por ele ser mais consciente da vida que os demais. Os outros a vivem, o poeta ajuda a configurá-la possivelmente através da insistência na...

Contos da Aldeia, de Alberto Braga

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Por Pedro Belo Clara    Trazemos, nesta ocasião, à memória dos nossos estimados leitores, mas principalmente ao seu conhecimento, uma obra que tem permanecido oculta das grandes multidões por décadas sem conta – esquecimento de que o seu autor compartilha, também ele bastante fustigado pelos efeitos amnésicos do tempo. Alberto Leal Barradas Monteiro Braga nasceu na Foz do Douro, Porto, em 1851, e aí viria a falecer sessenta anos depois, em 1911, tuberculoso. Apesar do anonimato vivido nos anos mais recentes (e que largos anos esses), foi um jornalista, cronista, contista e dramaturgo conceituado no seu tempo. Inicialmente secretário do já extinto Instituto Comercial Português, notabilizar-se-ia com a assinatura de crónicas diversas, tanto em jornais portugueses como brasileiros, e em muitas ocasiões sob pseudónimo – a saber: Diogo Mateus. Chegou a dirigir o suplemento A semana de Lisboa , que durou apenas dois anos (1893 – 1895), onde foi igualment...