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Doze haikus de Kobayashi Issa sobre animais

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Por Pedro Belo Clara Kobayashi Issa. Desenho: Yuki Bishu.     I.   as abelhas em volta do poste — reunião de condomínio     II.   como se não mais pudessem regressar as andorinhas rodopiam no ar     III.   como se não quisesse nada deste mundo uma borboleta esvoaça     IV.   de repente o cão pára de ladrar — a flor de lótus abriu-se     V.   chuva de outono — o cavalinho vendido olha para a mãe     VI.   também as formigas têm um lugar para dormir — flores de cerejeira ao sol-posto     VII.   gansos de passagem — o meu coração também voa alto     VIII.   gatos com cio separados pela parede — amantes que não se tocam     IX.   regresso à minha cabana e as moscas fazem o mesmo     X.   anoitece — como chora o pardalinho abandonado!     XI.   banhado pelo luar e longe de sua mãe o potro chora     XII.   e...

Boletim Letras 360º #479

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DO EDITOR   1. Caro leitor, aproveito esta ocasião para refazer o convite para o sorteio do mês de maio no clube de apoios ao Letras. Desta vez, três livros da editora parceira Companhia das Letras: o romance O avesso da pele , de Jeferson Tenório; o livro de contos Gótico nordestino , de Cristhiano Aguiar; e o romance Ossos secos escrito pelo coletivo formado por Luisa Geisler, Marcelo Ferroni, Natalia Borges Polesso e Samir Machado de Machado.   2. Para se inscrever é simples. Envia R$25 através do PIX blogletras@yahoo.com.br ; finalizada a operação, envia neste mesmo endereço (nosso e-mail) o comprovante. O sorteio está previsto para o dia 29 de maio. A escolha dos títulos desta vez sublinha o Dia da Literatura Brasileira (celebrado no primeiro dia do próximo mês) e a pluralidade de novas vozes de nossa literatura hoje.   3. Outras formas de colaborar com o Letras estão disponíveis aqui . E, cabe não esquecer que na aquisição de qualquer um dos livros pelos links of...

Um itinerário para possível leitura de Antonio Carlos Secchin (Parte 1)

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Por Marcelo Moraes Caetano Antonio Carlos Secchin. Foto: Fernando Rabelo.   Antonio Carlos Secchin é um dos maiores poetas e críticos literários da contemporaneidade, Academia Brasileira de Letras, sucessor de meu saudoso amigo Marcos Almir Madeira no Petit Trianon. Ambos, Secchin e Madeira, além de outro membro da ABL, Arnaldo Niskier, tiveram o longânimo gesto de prefaciar meu primeiro livro de poesias, Cemitério de centauros (FIRJAN, 2007), que ganhou o prêmio da Fundação Guttemberg na XIII Bienal Internacional do Rio de Janeiro (2007) e foi traduzido para o sueco um ano depois. Secchin é também membro da Academia Brasileira de Filologia e do PEN Clube internacional, onde somos confrades, além de professor emérito da UFRJ. Esta série de artigos que passo a publicar no Blog Letras comporá livro que estou escrevendo sobre a obra de Antonio Carlos Secchin, notadamente sobre seu livro Todos os ventos (Nova Fronteira, 2003). * * *   É praticamente inevitável iniciar-se a leitu...

Maus, de Art Spiegelman

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Por Sérgio Linard Art Spiegleman. Foto: Cavan Images.   Escrever resenhas e torná-las públicas é sempre, além de um desafio, uma atividade de desnudamento na qual se observa grande risco. Explico. Quando me proponho a vir aqui expressar minhas percepções sobre um determinado texto, com simples intuito de gerar em vocês a vontade pela leitura, estou abrindo algumas portas para as minhas idiossincrasias que não são tão fáceis de serem abertas em escala tão grande. Ao lerem minhas resenhas, vocês têm acesso direto às minhas escolhas de leitura bem como aos meus conceitos e preconceitos gerados por e para elas, especialmente se considerarmos que todas as resenhas até hoje publicadas partiram única e exclusivamente de vontades minhas e não por quaisquer tipos de motivações editoriais e/ ou comerciais.   Os tipos de textos que leio, as origens culturais deles, quem os escreveu, quem os publicou e tantas outras informações muito preciosas quando escolhemos um livro são simplesmente j...