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Boletim Letras 360º #494

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    DO EDITOR   1. Caro leitor, aqui encontrará parte das notícias que divulgamos durante a semana em nossas redes sociais. É sempre uma oportunidade de descobrir algo do universo que nos une.   2. Como a cada boletim, relembro ainda que na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados aqui, você ganha desconto e ainda ajuda ao Letras com as despesas de domínio e hospedagem na web sem pagar nada mais por isso . Outras maneiras de ajudar, encontrará disponível aqui . Balzac. Daguerreotipo de Louis-Auguste Bisson.   LANÇAMENTOS   A Biblioteca Azul/ Globo Livros retoma a publicação d' A Comédia Humana , de Balzac. Por enquanto, apenas no formato digital .   1. O volume 10 dos “Estudos de costume — Cenas da vida parisiense” traz dois romances que formam o conjunto intitulado “Os parentes pobres”. Em A prima Bete , a ressentida, pobre e solteirona Lisbeth Fischer, a personagem-título, vinga-se de maneira terrível de todas as humilhações que...

Gabriel García Márquez: sete lições de escrita

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Por Al Roman Gabriel García Márquez. Foto: Arquivo Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano.   Gabriel García Márquez, um dos escritores mais influentes do século XX que colocou a literatura latino-americana no mapa do mundo, foi um escritor, roteirista, editor e jornalista colombiano. Autor de grandes obras literárias como Cem anos de solidão (1967), O outono do patriarca (1975) e Amor nos tempos do cólera (1985) e que também recebeu inúmeros prêmios, distinções e homenagens por suas obras; o maior de todos, em 1982, o Prêmio Nobel de Literatura. Segundo o elogio da Academia Sueca, “pelos seus romances e contos, nos quais o fantástico e o real se conjugam num mundo tranquilo de rica imaginação, refletindo a vida e os conflitos de um continente”.   Gabriel García Márquez, aquele que encontrou inspiração para o realismo mágico de suas histórias nas histórias que sua avó contava quando criança. Ao longo de sua carreira expôs em inúmeros escritos, cursos e entrevistas os pont...

Quem tem medo da literatura experimental?

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Por Domingo Rodenas de Moya Eduardo Arroyo. Ilustração para Ulysses , de James Joyce.   A resposta ao título deste artigo é simples: os editores, que empalidecem pelo pesadelo de uma fuga em massa dos leitores. É verdade que as obras experimentais que agora cumprem um século, como Ulysses ou The Waste Land , já estão protegidas pelas bases de concreto do cânone, o que permite aos curiosos se aproximarem delas sem medo da irradiação do ininteligível e armado de guias tão estimulantes e instrutivos como o que Eduardo Lago acaba de publicar sobre o romance de James Joyce, Todos somos Leopold Bloom (Galaxia Gutenberg). São livros “que expulsam o leitor de seus domínios, que nem permitem sua entrada”, como diz Lago, mas cuja consagração como clássicos os transformou em forragem para a indústria acadêmica, que amortece suas dificuldades e as torna inofensiva para o negócio editorial. Larva. Babel de una noche de San Juan , de Julián Ríos, que foi lindamente recuperado pela editora Jek...

Romance e ensaio

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Por Massimo Rizzante   No Ocidente, o romance e o ensaio nasceram junto com um novo tipo de leitor: o homem comum que poderia conversar com outro de igual para igual. A maneira como ambos os gêneros se desenvolveram até hoje nos obriga a nos perguntar sobre suas tensões, seu presente e seu futuro.   1. Começo do século XXI. Um dia de setembro. Estou entre amigos na Grécia, perto de Atenas.   Nossa amizade e nosso diálogo se baseiam há muitos anos em alguns pontos em comum:   a) Uma obra de arte ficcional não precisa de especialistas para ser lida e compreendida.   b) A tarefa do homem que lê é tentar apreender o valor da obra, tentar definir o que ela ofereceu de novo e insubstituível, e afirmar quais aspectos da existência revelou.   c) As descobertas contidas em um romance são, como descobertas, imprevisíveis. Portanto, não existe método verdadeiro; o pensamento crítico é ensaístico, não metódico, embora exija um conhecimento e uma competência muito eleva...

Franz Kafka, a desordem irremediável

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Por Pedro Fernandes Franz Kafka em 1911-1912. Passfoto.    O prestígio alcançado pela obra de Franz Kafka que o colocou entre as principais figuras da literatura ocidental do século XX certamente contribuiu para um feito raro no Brasil: o acesso integral aos seus escritos. Em alguns casos, os leitores podem acessar várias traduções, além de edições para os mais diversos gostos. Até agora — e o feito perdura algumas décadas — também não enfrentamos, como é muito recorrente, a escassez das reedições e é possível que, fora o seu principal título mais reconhecido, A metamorfose , nem seja o restante obra sustentada num mesmo nível de interesse entre os leitores.   Há valores em tudo isso. Primeiro, é a continuidade da obra entre as gerações mais recentes de leitores, depois, a sempre possibilidade de os leitores entrarem em contato com vias ainda desconhecidas de uma literatura que foi, apesar dos vários reducionismos que se fixaram em seu entorno, multifacetada. E isso não ...

Na prisão, de Kazuichi Hanawa

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Por Joaquim Serra Condenado por porte ilegal de armas, o artista Kazuichi Hanawa vive os dias numa prisão em Hokkaido. Para nós, acostumados com a aparente arbitrariedade como norma do sistema carcerário, a ordem na prisão japonesa parece soar inverossímil. A prisão de Hanawa, em 1994, serviria de exemplo para o país; depois da queda da União Soviética, “militares russos, em uma busca desesperada por dinheiro, se aproveitavam do afrouxamento da vigilância para contrabandear armamentos para Hokkaido” (p. 7). Nenhuma apelação foi aceita, a adoração de Kazuichi Hanawa por armas de fogo seria punida mesmo diante de testemunhas que afirmaram ser o crime um ato isolado.   Em Na prisão , Hanawa não pretende focar na sua experiência psicológica como interno, mas parece partir da própria organização do espaço como meio de repressão individual. As primeiras ilustrações mostram homens sem rosto, bonecos que Hanawa utiliza para mostrar como se deve vestir o uniforme da penitenciária, suas rou...