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O mulato, de Aluísio Azevedo

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Por Pedro Fernandes Aluísio Azevedo.   São pelo menos dois os lugares de recepção da obra de Aluísio Azevedo no Brasil. Primeiro, existe o escritor bem reconhecido, o autor de um romance que integra a literatura brasileira ao rol do naturalismo. Este é o lugar mínimo, se olharmos a quantidade de romances que nos legou; além de O cortiço , o livro desse primeiro autor, há pelo menos, só nesta forma literária, o romance, uma dezena a mais de títulos. Mas estes, por sua vez, pertencem ao escritor por se conhecer. E é, muito provável, que se fossem conhecidos os dois, mudaríamos ― ou pelo menos questionaríamos ― o lugar destinado na historiografia da nossa literatura, um dos mais intrincados capítulos da nossa memória cultural ainda por ser resolvido. É que, se no romance que levou o escritor a um lugar entre os naturalistas é feito das cores que assim o justificam, o romance agora tomado em questão, apesar de ser mostrado como um dos introdutores do naturalismo mais tem de romantismo...

“O cortiço” como expositor das mazelas e injustiças sociais

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Por Rafael Kafka Cena de  O cortiço . O livro de Aluísio Azevedo foi adaptado por Francisco Ramalho Jr. em 1978. O cortiço , de Aluísio de Azevedo, é a obra mais importante do Naturalismo brasileiro. Não fica difícil de entendermos isso após uma leitura atenta do romance, o qual preza por um ritmo dinâmico e ao mesmo tempo minucioso em seu enredo. Além disso, é um dos primeiros romances brasileiros a usar um foco narrativo que se centra na coletividade de um recinto, denunciando as mazelas sociais do lugar, ligadas à ganância de um homem, João Romão, o qual decide usar o mercado imobiliário voltado para camadas mais baixas para melhorar suas condições econômicas. Uma das críticas sempre feitas ao Naturalismo é o seu aspecto determinista, mostrando como o meio afeta a condição humana tornando-a em algo monstruoso. Todavia, após a leitura de A condição humana , de Hannah Arent, penso de forma um pouco diferente desse juízo de valor e vejo no Naturalismo a primeira fo...

A expressão Aluísio Azevedo 90 anos depois

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Por Pedro Fernandes Cena de O cortiço . O livro de Aluísio Azevedo foi adaptado por Francisco Ramalho Jr. em 1978. ao tingir com tintas fortes e pinceladas rudes, por vezes, mas duma poeticidade única, Aluísio Azevedo entrava em definitivo para o rol da história literária como o Zola brasileiro Há pouco mais de um século o escritor francês Émile Zola publica O romance experimental. Essa obra inaugura novas vertentes no campo da Literatura, que a crítica literária logo tratou de conceituar como Naturalismo. Esse movimento estético literário foi como uma espécie de desdobramento da estética realista. Tal como defendido por Zola, o romance naturalista seria aquele que se preocuparia em apresentar e discutir temas comuns ao homem como patologias sociais, sem pudor, de modo semelhante a um cientista cético que tem o interesse de tocar e remexer numa ferida a título de discernir o cerne da doença. Já quanto ao Realismo, usando de um recurso visual do crítico brasileiro Mass...

A vida e a obra de Aluísio Azevedo

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É muito difícil escrever romances no Brasil!... O pobre escritor tem de lutar com dois terríveis elementos – o público e o crítico. O público, que sustenta a obra, e o crítico, que a julga e às vezes a inutiliza; o público, que compra um livro para aprender; e o crítico, que exige que o livro sustente as suas idéias e pense justamente como ele – crítico. (Aluísio Azevedo,  Filomena Borges ) Os arquivos acerca do escritor dão conta de um sujeito que desde menino revelou inclinação às Artes. Ainda nos bancos da escola primária encontramos Aluísio Azevedo completamente fascinado pelo desenho, o que levou a família, presa ainda por uma psicologia do dom, matriculá-lo num curso de artes plásticas. Adolescente já desenhava bem. Chegou mesmo a pintar alguns quadros. E quando animado pelo sucesso que seu irmão Arthur Azevedo obtinha na Corte, partiu para lá. Foi confiante no êxito que ele obteria que fez a viagem. Em pouco tempo, impôs às redações de jornais como  O M...