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Dez poemas e fragmentos de Safo

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Por Pedro Belo Clara   Afresco de uma jovem nomeada Safo. Pompeia, 55-79 d. C. Se passares por Creta 1 vem ao templo sagrado, onde mais grato é o pomar de macieiras e do altar sobe um perfume de incenso.   Aqui, onde a sombra é a das rosas, no meio dos ramos escorre a água, e no rumor das folhas vem o sono.   Aqui, no prado onde todas as flores da primavera abrem e os cavalos pastam, a brisa traz um aroma de mel. …   Vem, Cípris 2 , a fronte cingida, e nas taças de oiro voluptuosamente entorna o claro vinho e a alegria.     ***     E de súbito a madrugada de sandálias de oiro.     ***     No ramo alto, alta no ramo mais alto, a maçã vermelha ali ficou esquecida. Esquecida? Não, em vão tentaram colhê-la.     ***     Vésper 3 , tu juntas tudo quanto dispersa a luminosa aurora, trazes a ovelha, trazes a cabra, só à mãe não trazes a filha.     ***     Desejo e ardo.     ***   ...

Fragmentos completos, de Safo

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Por Pedro Fernandes O título estabelecido para o que se conhece da poesia sáfica aparece preso no centro de uma contradição. Se o fragmento é indiscutivelmente a incompletude, logo a designação de sua completude é uma aporia. Quando muito, a ilusão do alcance de uma totalidade. Agora, nem toda contradição ― é bom que se diga em tempos de falsas certezas e questionáveis absolutismos ― é negativa. E o caso em questão é um exemplo disso.   Restou pouquíssimo da lírica grega. Sabemos do valor imprescindível alcançado pela epopeia e pela tragédia ― e mesmo pela comédia ― das quais chegaram até nós dois vários textos que implicaram a formação de toda a literatura ocidental. Mas da lírica, originalmente feita para o canto acompanhado da lira ou algum instrumento similar, quase nada restou. Entre Alceu de Mitilene, Anacreonte, Álcman, Baquílides, Estesícoro, Íbico e Simônides, dois nomes se fizeram mais conhecidos e não pela vultuosidade dos materiais encontrados: Píndaro e Safo. Do prime...