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Sobre a educação

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Por Pedro Fernandes As questões que preenchem os espaços discursivos acerca da educação no Brasil são tantas que chegamos mesmo admitir ser impossível contornar o quadro do decadentismo que se assiste de certos anos para cá. Uma, de todas as discussões, no entanto, se destaca: não sei se por deficiência nos próprios cursos de licenciatura, ou “falhas de percurso” obtidas ao correr dos quatro anos da faculdade, levanta-se no entorno do espaço escolar um movimento em prol de certa “facilitação” de fórmulas e/ou teorias sob o prisma de uma educação construtivista. Isso levando em consideração que o cenário pedagógico no Brasil vê-se “influenciado” pelas teorias de Piaget e Vigotski. O construtivismo, base teórica dos estudos desses dois teóricos, ao chegar ao Brasil parece carrear todo pensamento das instâncias superiores, formuladoras de leis e paradigmas para o docente, a uma aplicabilidade mais que urgente delas no espaço escolar. No entanto, a teoria não parece...

Voltar a Dino Buzzati

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Por Luis Mateo Díez   Jorge Luis Borges, amante confesso e fascinado daquela que é unanimemente considerada a obra-prima de Dino Buzzati: O deserto dos tártaros , dizia que podemos conhecer os clássicos mas é mais difícil fazê-lo com os contemporâneos e, no entanto, há nomes que as gerações futuras não se resignarão a esquecer. Um deles é provavelmente, afirmava o escritor argentino, o de Dino Buzzati, cuja vasta obra, não raro alegórica, exala angústia e magia, a influência de Poe e do romance gótico como foi declarada por ele; outros falaram de Kafka, mas por que não aceitar, sem desmerecimento algum de Buzzati, como ilustres mestres?   O deserto dos tártaros é, por várias razões, uma obra singular, além de uma obra-prima e o limite do que se supõe o todo da obra do autor se relaciona com essa inquestionável mas também com a herança de todos os demais. Este não é um daqueles casos em que o romance sozinho fulgura à distância, quase como se o próprio autor tivesse saído do c...

Um dedo de prosa sobre a pontuação insólita em José Saramago

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Por Pedro Fernandes José Saramago. Foto: Orlando Brito (detalhe/reprodução) Bom, já outra postei neste blog um texto sobre a polêmica que ainda ronda a obra  O Evangelho segundo Jesus Cristo , de José Saramago. Ao pesquisar na web  mais sobre esse escritor a quem me dedico e rabisco as minhas primeiras reflexões em torno da sua obra, encontrei dois artigos assim intitulados: o primeiro, "A insólita pontuação literária de José Saramago" e o segundo, " As intermitências da morte ou o novo romance de José Saramago" de onde destaco o item "A importância da ortografia na escrita do romance". Ambos os textos são do crítico João Ferreira. Utilizando do livre recurso do CTRL+C-CTRL+V, sempre respeitando e dando o devido e merecido crédito aos escritos, é bem verdade, arrastei-o para minha pasta onde acomodo os artigos que na rede pesco sobre o escritor, pasta esta genuinamente denominada de material para monografia, visto que, pretendo usar a obra do esc...

Gustave Flaubert por Guy de Maupassant

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  Digo com muita freqüência sobre o prazer de ser um rato de biblioteca . É na biblioteca que sempre fazemos as descobertas que em nenhuma vitrine ou livraria alcançaremos fazer. Algumas, talvez. Foi numa biblioteca que descobri a obra de José Saramago, embora, nesse caso, pudesse ter sido também numa livraria. Mas, para outras raridades, como a que transcrevo logo a seguir, não.   O livro Gustave Flaubert , com textos de Guy de Maupassant sobre o autor de obras-primas como Madame Bovary e Bouvard e Pécuchet traduzidos por Betty Joyce e publicado pela editora Pontes é um bom exemplo. Os dois escritores estabeleceram um laço de amizade por oito anos que foi, além da convivência, um período formativo para o autor de “Bola de sebo”.   O texto copiado a seguir é o primeiro que Maupassant dedicou a Flaubert. É uma espécie de íntimo perfil publicado inicialmente no La République des Lettres , no dia 28 de outubro de 1876, assinado com o pseudônimo de Guy de Valmont. (Pedro F...

O encanto Lya Luft

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  Lya Luft. Foto: Leonardo Cendamo   É possível que grande parte dos leitores brasileiros tenha já cruzado com o nome de Lya Luft em alguma página de jornal ou de revista. Há algum tempo seu nome junto com o de Paulo Coelho se fizeram uma constante popular. Pode-se mesmo afirmar que são os dois Best-Seller brasileiros, mesmo sendo nítidas as diferenças entre os dois escritores. A popularidade dela é mais em casa e se deve muito provavelmente à presença constante como cronista na revista semanal Veja ou ainda noutras mídias impressas que vez ou outra solta uma frase, uma imagem ou vende um livro seu, um produto, aliás, fácil de encontrar mesmo nas páginas de uma revista de vendas. É engraçado como isso se passa com uns e com outros não pode.   A família de Lya Luft tem suas raízes metidas no núcleo que sempre se disse mais europeu do Brasil. Veja bem, a escritora nasceu em Santa Cruz do Sul, uma pequena cidade gaúcha de colonização germânica sobre a qual se diz falar alem...

Joaquim Manuel de Macedo

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Antonio Candido não exclui o nome de Joaquim Manuel de Macedo no cânone composto pelo seu fundamental e sempre citado Formação da literatura brasileira . Mas não poupa, naquela maneira elegante e sutil típicas do seu estilo, as críticas; é notória a escolha do estudioso pela literatura de José de Alencar entre as primeiras no rol da história do romance brasileiro. Não é o caso de julgar sua compreensão, mas sempre ficará a pergunta sobre quais atributos o autor de Iracema favorece uma posição acima do autor de A moreninha . Preserve-se as peculiaridades de cada escritor, mas um e outro se beneficiaram da força das narrativas de folhetim e construíram uma obra marcada pelas mesmas deficiências : “realidade, mas só nos dados iniciais; sonho, mas de rédea curta; incoerência, à vontade; verossimilhança, ocasional; linguagem familiar e espraiada”, para utilizar as mesmas expressões formadas pelo crítico brasileiro em relação à obra de Joaquim Manuel de Macedo. É possível que ...