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Cartas da Europa, de Jaime Hipólito

Cartas da Europa  é parte na continuidade da reedição da obra do escritor Jaime Hipólito Dantas. O livro é publicado pela editora Queima-Bucha, do também escritor Gustavo Luz.   Segundo ele, na apresentação da obra, as cartas agora apresentadas eram escritas em folhas sem pauta. Mesmo assim, "A escrita segue em linha reta e com uma excelente caligrafia. "  Gustavo Luz é sobrinho de Jaime Hipólito e é também o organizador e editor da coletânea que sai na sequência de Estórias Gerais .   Ele esclarece que a primeira carta da coletânea "foi escrita ainda dentro do avião, em guardanapos de papel" enquanto cumpria sua primeira travessia do Atlântico. "Durante um ano, Jaime escrevia quase todos os dias a parentes e amigos. Ansioso por notícias de Mossoró e do Brasil, queria saber de tudo, nos mínimos detalhes, desde notícias da política nacional ao desempenho de seus sobrinhos na escola. Ao longo dessas cartas, Jaime se mostra advogado, jornalista, escritor, filóso...

Raul Bopp

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“Nascido em Pinhal, município de Santa Maria, criei-me em Tupanciretã, zona campeira. Meu espírito se formou dentro dos quadros rurais. Aquela paisagem dilatada, de horizontes livres, sem mistérios, terá certamente deixado em mim traços marcantes. Ela responde a uma relação espacial do homem com as distâncias. Delineou componentes sentimentais. Recolhi as primeiras emoções poéticas, de marca local, em sonetos de armação medíocre. Era um desejo natural de dizer coisas, sem preocupações literárias.”   O excerto é de um “Rascunho autobiográfico” que aparece em Vida e morte da Antropofagia , um livro de recortes em que o autor repassa um dos momentos cruciais do desenvolvimento da Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo em 1922, evento que o teve como uma das personagens principais. O texto, igual ao restante da sua breve obra, padeceu de intervenções durante toda a vida; se por uma natureza ciosa do ofício ou por uma visível insegurança no trato com o literário, as contínuas in...

Zila Mamede, alma potiguar

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Por Pedro Fernandes Zila Mamede A trajetória de Zila Mamede e sua carreira de poeta são complementares, como bem já observou Tarcísio Gurgel: "De menina pobre e tímida de Currais Novos, até a profissional exemplar na área de biblioteconomia; da jornalista levemente arrogante, que publicava seus próprios poemas na coluna que assinava na 'Tribuna do Norte' até a poetisa consagrada em 'Exercício da palavra' verifica-se uma conjugação de fatores biográficos e literários que, intercomplementando-se, acabariam por transformá-la no nome hoje admirado por todos os que conhecem sua obra", assinala o estudioso.  Zila nasceu em Nova Palmeira na Paraíba, em 1928, mas muito cedo veio para o Rio Grande do Norte. Ela aparece no cenário das letras potiguares "em 1953, quando o neoparnasianismo de 45 espalhava prodigamente suas flores de retórica", com 'Rosa de Pedra'. Além deste livro de que o escritor Ney Leandro de Castro, em devida citação, se...

António Lobo Antunes

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  Quando fui para África, ainda que contasse com pouca experiência cirúrgica, tinha de fazer amputações, tinha que fazer essas coisas tramadas que há a fazer em tempo de guerra . (António Lobo Antunes) António Lobo Antunes nasceu em 1942, em Lisboa, na zona de Benfica, onde cresceu. "Tive a sorte de ter uma infância muito boa, passada em Benfica que, na altura, era um microcosmos, das várias classes sociais, tudo aquilo misturado, larguinhos, pracinhas." É o mais velho de seis irmãos. De todos os irmãos, foi com João que estabeleceu uma relação mais forte: "... sobretudo com o João, porque vivíamos dois a dois, em cada quarto, e o João era o meu companheiro." No que concerne à sua relação com a família, António Lobo Antunes tem a dizer: "Talvez por na família haver uma grande contenção e uma grande austeridade, ainda hoje falo com o meu pai mais de literatura do que dos nossos sentimentos pessoais… Sou capaz de falar de emoções e sentimento...

Visitas ao universo literário de Pepetela

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Pepetela. Foto: Beto Figueiroa A obra de Pepetela é, do seu país, certamente uma das obras melhor consolidada e mais significativa. A afirmativa tem a ver com a quantidade significativa de livros publicados e mais que isso, a qualidade inconteste referendada pela crítica literária em vários cantos da língua portuguesa. Depois de José Craveirinha, o escritor angolano foi o segundo a receber o prestigiado Prêmio Camões, em 1997. Nesse período, sua obra começa a ganhar novos contornos: permanece o interesse original pela história de Angola, mas agora se volta para discutir questões sobre uma sociedade pós-colonial maculada pela variedade de problemas decorrentes dos tempos que esteve sob jugo do colonizador.   Pepetela nasceu a 29 de outubro de 1941, em Benguela. É descendente de uma família de portugueses que migraram para África nos idos anos quando muitos buscaram nas colônias um meio de sustento. Fez os primeiros estudos ainda na cidade natal; depois, no ensino secundário foi para...

A eternidade de um enigma

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Quem acompanha a TV aberta já sabe que uma das mais enigmáticas personagens da literatura brasileira estará numa versão que estreou ontem, dia 9 de dezembro, na TV Globo. É Capitu, personagem que integra uma adaptação de Dom Casmurro , romance de Machado de Assis.  A série é dirigida  por Luiz Fernando de Carvalho e está organizada em cinco capítulos e conta com nomes como da atriz Maria Fernanda Cândido que fará Capitu quando adulta, já casada com Bento. A adaptação utiliza-se como título o nome da personagem feminina mais importante para o romance. Capitu divide o amor infantil (e depois obsessivo) de Bento. Tornou-se peça-chave de um enigma: o da traição ou não com o amigo em comum ao casal, Escobar.  Capitu , a série, homenageia o centenário de morte de Machado de Assis. Adaptada por Euclydes Marinho e com texto final do próprio diretor, o enredo é ocupado em dois terços pela juventude do casal, ganhando o mesmo destaque que tem no livro. E, embora o amor dos meni...