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Ezra Pound: fascismo e traição

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Por Homero Aridjis Ezra Pound foi um homem com um grande talento literário. Durante as duas primeiras décadas do século XX ajudou a escritores da envergadura de James Joyce, William Carlos Williams, Robert Frost, Ernest Hemingway, Katherine Mansfield, entre outros a publicar quando necessitavam de um impulso e a todos eles deu conselhos para revisar suas obras. Mas Pound, o poeta de Idaho, também ficou conhecidos por suas atividades antissemitas na Itália fascista.  No México, ao longo de minha vida literária, escutei certos intelectuais exaltar Ezra Pound, não por seu melhor livro de poemas, Personae , nem por suas boas traduções, mas pelo pior lado: o do fascismo. Estas exaltações, como outras manifestações de reverência ao nazismo alemão, as considerei e desculpei, como mostras de um incurável complexo de inferioridade, racial e cultura. Ironicamente, às vezes essas exaltações estiveram precedidas de gente que pela cor da pele ou por sua condição social provavelme...

10 filmes inspirados em clássicos da literatura brasileira

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Não é objetivo por em ordem pelo valor ou pela qualidade das adaptações; esta é uma lista livre. Apenas agrupam-se alguns filmes brasileiros que tiveram seu enredo inspirado em romances também brasileiros. Há muitos que seguem essa construção, alguns até mais recentes, mas queríamos tocar na ideia de clássico . Depois, é muito possível que façamos mais outra listinha; por enquanto, estes merecem muito a atenção de leitores e de amantes do cinema nacional. Cena de Vidas secas. Vidas secas , de Nelson Pereira dos Santos (1963): A família de retirantes, Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia, que, pressionados pela seca, atravessam o sertão em busca de meios de sobrevivência, ganhou as telas do cinema quando ainda era charme a tela em preto e branco. A trama baseada na obra homônima de Graciliano Ramos, não só reaviva a narrativa enxuta do escritor alagoano como consegue avivar o retrato das personagens tão bem engendradas e t...

Alphonsus de Guimaraens

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O poeta Alphonsus de Guimaraens e sua companheira. Possivelmente, o maior nome (ou pelo menos o mais conhecido) que tivemos no nosso Simbolismo foi Cruz e Sousa, o poeta nascido de uma família de escravos alforriados que encantou-se por um mundo pálido e carnal ao mesmo tempo, cuja vida que levou parece-se muito com a de qualquer um daqueles nomes do Romantismo mais encruado.  Mas, além dele, há um nome que deve figurar como o segundo mais importante que adotou um nome de constituição latina em 1894, certamente como uma maneira não de ter um codinome artístico, mas para fugir da trivialidade do nome de batismo: Afonso Henriques da Costa Guimarães. Além do que, o poeta ficou conhecido pelo gosto que tinha pelo latim, influência possivelmente puramente religiosa (estamos num tempo em que os cantos e as celebrações da Igreja eram feitas na língua clássica e, Guimaraens chegou a traduzir em versos, segundo nos informa Manuel Bandeira, o "Tantum ergo" e o "Magnificat...

Os novos livros de Saramago: especulações de um ávido leitor

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Por Pedro Fernandes Caim e Abel, Titian. Novo romance de José Saramago voltará a tema bíblico. Depois de A viagem do elefante , lançado no final de 2008 e depois de O caderno , lançado este ano, eis que se anuncia a nós, saramaguianos, mais dois livros do escritor português. Um dos títulos é produto da ingênua especulação de um leitor que desde quando descobriu a literatura de José Saramago, em meados de 2006, nunca mais parou de lê-lo, e, claro, tem aguardado com grande expectativa tudo que envolve seu nome. Pois bem, depois de haver reunido os textos publicados em blog no que chamou de O caderno  que deve estar para chegar ao Brasil, ao menos a Companhia das Letras, casa que tem publicado sua obra por aqui, já anunciou a edição, suponho que venha outro volume com esses textos. Um  O caderno II , portanto. Material sei que tem de sobra. Desde abril de 2009, Saramago tem escrito diariamente para o blog. Refiro-me a essa data porque o livro de agora reúne entradas de s...

O Arquivo Pessoa está online

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A base de dados Arquivo Pessoa e o portal MultiPessoa estão disponíveis na internet. Com concepção e direção de Leonor Areal, este portal é a atualização do CD-ROM MultiPessoa - Labirinto Multimedia, co-editado em 1997 pela Texto Editora e pela Casa Fernando Pessoa. O projeto tem como patrono o Instituto de Estudos sobre o Modernismo da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. A ideia de transpor para a web aquilo que fazia parte do CD-ROM MultiPessoa editado nos anos 90 surgiu aos pesquisadores pela dificuldade prática de se estar constantemente a atualizar um CD-ROM e por este já não se encontrar à venda. O Arquivo Pessoa ( pode ser acessado aqui ) é uma base de dados da maior parte da obra pessoana e tem capacidades de pesquisa de texto complexas. A recolha de textos para o projeto baseou-se nas edições principais da obra do escritor português, mas não em todas. Estão lá as primeiras edições de cada livro e, em alguns casos, versões posteriores. A edição online, no est...

Antologias

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Por Pedro Fernandes É sabido que Portugal é o país das antologias, individuais, mas, principalmente coletivas. Ainda não é fora de moda falar que, apesar das facilidades de publicação, é difícil dar o primeiro passo no mercado editorial, principalmente, quando nos derribamos para o terreno do financeiro. Mais caro que a auto-publicação é fazer um nome por conta própria, isto é, transformar o exercício da escrita numa carreira, em algo sustentável por ela própria. Os dados não negam: apesar de termos evoluído sobre o trabalho de escritor, ainda são pouquíssimos os escritores que realmente vivem daquilo que escrevem. A coisa só parece se inverter quando o acaso bate à porta (não sem custa de muito esforço e empurrões de gente metida nos fechados meios editorais) e se o escritor se debandar  para a literatura fast-food. Uma carreira de escritor é, portanto, um exercício contínuo de sofrimentos, pensarão uns, e não deixarão de estar com a razão. Agora, as antologias coletivas s...