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J. M. Coetzee

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J. M. Coetzee é considerado por boa parte da crítica como um dos maiores escritores da atualidade. Mordaz crítico do mundo contemporâneo,  a obra de Coetzee é como seu autor: multifacetada. Tem produções no gênero do romance ao do ensaio, da novela às constantes colaborações com a imprensa. Coetzee também já cuidou de uma carreira acadêmica e foi tradutor de várias obras. Se tivéssemos que enumerar algumas de suas mais importantes produções, citaríamos, certamente, Desonra , traduzido no Brasil por José Rubens Siqueira. Desonra trata-se de um drama em que o escritor sul-africano reflete sobre o apartheid tomando como escopo a história de um professor de literatura que se perde entre a erudição humanista e os distúrbios que faz de seu país, a África do Sul, afundar-se junto com ele denotando aquilo que Ricardo Lísias chama de "martírio de uma sociedade que se vê oprimida por uma violência, às vezes simbólica e, outras muito concreta". Uma d...

Alejandra Pizarnik, a poesia, pelo humor e o sangue

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Por Mercedes Roffe A condessa sangrenta constitui o epíteto que Valentine Penrose acrescenta ao nome de Erzébet Báthory referente real da protagonista do poema em prosa e fonte para o texto de Alejandra Pizarnik. Igual a Valentine, a poeta argentina se concentra “na beleza convulsiva da personagem” para dar luz a este “texto marginal”. Marginal e sinistramente belo é o maldito de quatro séculos referendado por esta história e, melhor ainda que ela própria – os crimes de Erzébet – a trama de relações intertextuais que se tece através de uma luxuosa galeria de relembranças e citações que vão de Sade a Rimbaud, de Baudelaire, Artaud, Gombrowicz e, indiretamente, George Bataille. Autora das antologias A árvore de Diana , Os trabalhos e as noites , Extração da pedra da loucura e O inferno musical para nomear só os mais importantes, Alejandra Pizarnik faz de A condessa sangrenta um Aleph onde se concentram o que serão os tópicos básicos de sua obra poética. Mas se de Alep...

Zila Mamede para as telas

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Por Pedro Fernandes Em cena a atriz Rosamaria Murtinho como uma mulher tomada pela poesia de Zila Mamede.  Foto: Aurora Leão.  A novidade vem numa matéria assinada pelo repórter Yuno Silva para o caderno  Viver , do jornal  Tribuna do norte . Trata-se do curta  Pegadas de Zila , rodado entre Natal e Rio de Janeiro pelo diretor potiguar Valério Fonseca. O filme de 11min tem sua estreia nacional no Teatro José de Alencar, em Fortaleza, durante do Festival Cine Ceará. O filme tece colcha poética de retalhos tendo como protagonista a atriz Rosamaria Murtinho, na pele de uma mulher que revive e passeia pelas memórias da poeta potiguar que muito sonhava em conhecer o mar. O projeto do curta surgiu em junho de 2010, quando, segundo Valério,  voltava de um festival de cinema em Jericoacoara. Na época o diretor fora participar com o curta  Maria Ninguém  e passava por Natal para rever a cidade. Foi quando ele começo...

Adaptações para o Facebook

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O português João Tordo. Vencedor do Prêmio José Saramago em 2009, tem, agora, sua obra, O bom inverno adaptada para o Facebook. Tudo ideia dos publicitários Erick Rosa e Thiago Carvalho A novidade foi anunciada pelos publicitários brasileiros Erick Rosa e Thiago Carvalho; eles trabalham na agência Leo Burnett de Portugal e tiveram a ideia de adaptar um livro para o Facebook, em pequenos capítulos atualizados diariamente. O bom inverno , do português João Tordo, vencedor do Prêmio José Saramago em 2009, será o primeiro que irá paras as redes sociais. A obra foi lançada em setembro de 2010, com 8000 cópias, sem publicação no Brasil. O romance discorre sobre um assassinato na Itália, ocorrido na casa do cineasta Don Metzger. Rosa, diretor de criação, diz que "é como ver a adaptação de um livro para o cinema", mas a diferença é que a dupla trouxe isso para uma rede social. "Nesse caso, transpusemos para o Facebook. A ideia está sendo testada enq...

Miacontear - Mana Celulina, a esferográvida

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Por Pedro Fernandes O espaço em que transcorre os acontecimentos de “Mana Celulina, a esferográfida” lembrou-me muito as terras sem-lei do nosso sertão nordestino, não apenas pela geografia do espaço recuperado no início da narrativa - um curral - mas, principalmente pelo comportamento da personagem de Salomão Pronto e do desenvolvimento das ações.  Salomão Pronto recupera ipsis literis a figura do coronel sertanejo, pelo poder de decisão que carrega - “Até o governador o convocava em caso de sérias gravidades” - e pelas atitudes no desenvolvimento da narrativa. Herança da nossa literatura de 30 na ficção de Mia Couto? Certamente. O fato é que a sua filha, Celulina, aparece grávida. O caso é de fazer o suposto pai, o vizinho Ervaristo Quase, confessar o delito. Novamente devo prestar (e chamar) atenção para o nome dessas personagens. Salomão, pelo já comentado poder decisório que carrega, logo remete à figura bíblica homônima e além do que, vem acompanhado pelo s...

Água para elefantes, de Francis Lawrence

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Por Pedro Fernandes Água para elefantes  é uma escola para o ator Robert Pattinson que ensaia sair do patamar de vampiro-adolescente-charmoso da saga  Crepúsculo  para papéis mais sérios. Baseado no texto de Sara Gruen, Água para elefantes é a melhor surpresa de 2011, embora seja ainda um filme mediano, devido a um roteiro fraco que se perde entre um drama barato e um romance fortemente hollywoodiano. O filme é também uma escola para o ator Robert Pattinson que ensaia sair do patamar de vampiro-adolescente-charmoso da saga Crepúsculo  para papéis mais sérios - isso desde o péssimo  Lembranças . Digo escola porque o garotão bem que se esforça (e já passou por outras escolas além desta), mas, ainda está longe de ser uma revelação. Água para elefantes dá contas (ou pelo menos tenta) de um universo, há muito em crise: o circo.  Jacob tem uma vida que vai, aos trancos e barrancos, apontando para uma bem sucedida carreira na medicina veter...