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Fantasia não rima com hipocrisia (notas)

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Por Pedro Fernandes 1 Não faz tanto tempo assim que redigi dois textos tratando de uma nova fenomenologia na literatura ( aqui , um; aqui , outro) vendo autores que se enquadram no mundo dos Best-Sellers, tipo Paulo Coelho, Augusto Cury, Dan Brown e, por aí vai. Pois bem, a necessidade me faz voltar a estes dois textos: primeiro para rever aquilo que eu afirmei como “fenomenologia” - termo que sempre foi usado como um derivado de fenômeno e, logo, totalmente desvinculado de uma proposição filosófica; e, segundo, para entender o que essa fenomenologia representa à formação crítica do leitor (aqui posso está sendo óbvio demais, é verdade, mas a questão oferece alguns caminhos não tão óbvios e que merecem ser vistos mais de perto). Antes, devo avisar aos mais desavisados, que não quero aqui traçar um itinerário daquilo que é bom de ser lido ou que deve ser lido como sem falta. O leitor é livre para ler o quiser. Também não é este texto um desabafo de escritor frustrado como muito...

III Festival Literário da Pipa

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Já é a terceira edição e o festival se consolida no itinerário dos eventos literários Brasil afora, como a Feira de Paraty, a FLIPORTO, a Feira de Marechal Deodoro... Confesso que os convidados dessa edição não me chamaram tanto a atenção: ano passado me senti mais entusiasmado pelos nomes - Mia Couto, João Gilberto Noll, João Ubaldo Ribeiro...  Mas, isso não desmerece em nada os nomes que virão entre os dias 17 e 19 de novembro, essa semana, portanto, debater literatura nas suas várias dimensões: formadora, crítica, acadêmica e criativa.  O evento desse ano está mais pomposo, seja porque agora saiu da estreita viela da Praia da Pipa - a Praça do Pescador - para um espaço mais amplo, logo na chegada da praia, seja pela agenda de atividades culturais voltadas ao exercício da literatura: as oficinas, as apresentações cinematográficas, a tradicional caminhada literária e os projetos junto a escolas do município de Tibau do Sul. E tudo continua como deve ser: de acess...

Alice digital

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Depois do primoroso trabalho de edição eletrônica para o Dom Quixote , de Cervantes, feito pelo Instituto Miguel de Cervantes a  web recebe mais uma novidade digna dos colecionadores de links. O Internet Archive digitalizou uma edição de Alice no país das maravilhas  publicada em 1894, quatro anos antes da morte de seu autor, Lewis Carroll. O trabalho preserva a coloração e as características originais da obra e as marcas do tempo. É possível buscar palavras dentro do texto original (e os resultados de busca são exibidos em uma linha inferior ao livro). A obra está em domínio público. Você pode ler on-line ou fazer o download e utilizá-la da maneira que preferir. A obra está disponível em diferentes formatos, como PDF, para Kindle e texto corrido. Aqui .

Rubens Figueiredo

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Ele foi o ganhador da última edição do Prêmio Portugal Telecom. E é hoje um dos escritores mais promissores da literatura brasileira atual. Mais conhecido como tradutor,  um dos melhores do seleto grupo de brasileiros que têm povoado nossas livrarias com excelentes traduções diretas do russo para o português, tendo traduzido obras de referência como  Infância e  Minhas universidades  de Maksim Górki;  O assassinato e outras histórias  de Antón Tchekhov,  Pais e filhos , de Ivan Turguêniev,  Anna Karenina  e  Guerra e paz , de Tolstói - todos publicados pela Cosac Naify.   Esse trabalho de tradução não se restringe aos russos. Da sua mão já saíram para o português autores como Paul Auster, Philip Roth, Martin Amis, Nathaniel Philbrick, Susan Sontag, Alberto Manguel, V. S. Naipaul, Cornell Woolrich, Saul Bellow, Colm Tóibín, Raymond Carver,  entre outros, constando uma versatilidade na língua inglesa e espanhola....

Afinal, quem são os bandidos?

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Faz certo tempo que tenho me afastado de falar de certas querelas políticas. Não sei a razão. Talvez minha capacidade de se indignar esteja acabando e eu me transformando em mais um em cima do muro. Aliás, está em cima do muro virou um estado permanente no Brasil. Por aqui de tudo se faz. Nos pisoteiam até dá no coro. Esfolam. Sangramos. E calados permanecemos. Como se tudo o que nos fazem fosse isso mesmo o que tem de ser feito. Aquele comodismo cristão de que as coisas são o que são porque Deus quer, se transformou em as coisas são o que são porque não temos como mudar. Essa famigerada consciência de classes que criamos chegou por aqui, como muitas das invenções que chegam do outro lado do Atlântico, com o sentido deturpado. Aprendemos que existem duas classes – a dos que mandam e a dos que obedecem; a dos que dizem como as coisas têm de ser e a dos que concordam. Do lado de lá, Estado, Igreja e Mídia, juntos numa móia, com seus discursos unilateralistas; do lado de cá, nós, N...

O palhaço, de Selton Mello

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Primeiro devo dizer que fui ao cinema com os dois pés (de desconfiança) atrás. A recente experiência de Selton Mello para a TV como faz-tudo no seriado desastroso A mulher invisível não é, diga-se de passagem, bom tom para ir ver um filme no qual ele, também faz-tudo, possa ter um desempenho considerável. Ledo engano. A princípio o filme não quer nos convencer porque nos deixa muito sem saber a que veio. Talvez por isso seja um filme que tem seu brilho: vai nos convencendo – aos poucos – pelo riso e pela emoção, duas pontas distintas e aí tão bem interligadas. O filme possui um enredo simples, no entanto, muito bem trabalhado. Gira em torno da vivência de um palhaço, o Pangaré, filho do dono do circo, o Circo Esperança. Nome sugestivo esse para um circo que está – como todos os circos – à beira da falência. Aliás, Benjamim, é esse o nome da personagem Pangaré, sequer está convencido de qual a razão ou se é mesmo para ser palhaço, como o pai, a sua profissão, afinal, ...