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O barco da esperança, de Moussa Touré

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Por Pedro Fernandes Há quem duvide que deixemos de ser nômades ainda num lugar remoto da história humana. O que não é verdade. Hoje ainda somos os mesmos daquele tempo de nomadismos. Com condições mais ‘aperfeiçoadas’ em alguns casos e noutros com condições mais dramáticas. Isso porque temos criado ao longo de nossa história formas das mais diversas de capitalismos e o nomadismo se tornou uma forma econômica de subsistência. Há algumas décadas, o Brasil foi um dos campões do fato: ia-se do Nordeste para o Sudeste e, não há dúvidas já de que muito da riqueza concentrada naquela região dependeu diretamente do esforço dos que lá foram; ia-se do Brasil para outros países – drama até tema de novela. Hoje, vêm do Sudeste para o Nordeste; vêm de outros países para o Brasil. Mundialmente migram não só por melhores condições de trabalho, mas devido às guerras, às ditaduras, aos fenômenos climáticos, às crises econômicas. No interior dessas questões, o mal que boa parte dos países...

sem título

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Schiele,  Embrace  (1912) vale-me o corpo a carne que arde profana meu corpo enquanto vivo tudo o que ainda não tenho vale-me o corpo o nervo que pulsa profana meu corpo enquanto existo que depois disso tudo será vão * Acesse  o e-book  Palavras de pedra e cal  e leia outros poemas de Pedro Fernandes.

Toni Morrison, Nora Ephron e dezenas de conselhos sobre escrita

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Houve um tempo em que escrever – um dos desafios caros, tanto quanto subir o Everest ou ir a Lua – era tarefa dada ao silêncio de alguém que nutria basicamente o interesse pela luta com as palavras. Depois o gesto, como tudo, midiatizou-se e tornou-se mais que um desafio, uma espetacularização. Digo, antes se escrevia sem pretensões à fama. Hoje, tem fama para a escrita. É moda nesse cenário os cursos de escrita criativa. Hoje também se fabricam escritores como se fabricam roupas e acessórios. Os cursos, que devem gerar uma receita razoável, afinal todos hoje têm as pretensões de aparecer, em grande parte das vezes, foram responsáveis pela artificialização do processo literário. Paralelo a eventos com esses cursos construímos ainda um verdadeiro arsenal tecnológico em torno do gesto da escrita. através dele espreitamos sob todos os ângulos a intimidade da palavra e de quem se utiliza dela como trabalho. Se pensarmos as campanhas publicitárias que as editoras engendram para ...

Músicas a partir da poesia de e. e. cummings e um texto raro de Virginia Woolf

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Por Pedro Fernandes Aproveito a ocasião para coletar duas novidades pinçadas recentemente da blogosfera gringa em torno de temas e de autores que, por alguma razão, me interessam. A primeira envolve o poeta e. e. cummings e a segunda a escritora Virginia Woolf. O poeta e. e. cummings. 1. As músicas a partir da poesia de e. e. cummings Espero não precisar abrir mais uma coluna neste blog com o título de literatura e música, tanto tem sido os encontros louváveis entre essas duas formas artísticas.  Recentemente, apareceu na web uma publicação dando contas de dezessete canções que tomam como base a poesia do estadunidense e. e. cummings; as obras compostas pela violinista Carla Kihlstedt, autora também de Literary Jukebox , inspirado em vários escritores, como T. S. Eliot, Dostoiévski, Susan Sontag, Balzac, entre outros (que pode ser ouvido indo aqui ).  O trabalho agora tornado público intitula-se Tin Hat: The Rain is a Handsome Animal .  Maria Popova, do Brain Pi...

Adeus Berthe ou o enterro da vovó, de Bruno Podalydès

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Por Pedro Fernandes O que é a morte? Um ‘pif’, ‘paf’, ‘psit’. A resposta bem humorada é a encontrada por Armand quando sabe da morte de sua avó e vai até o asilo onde ela viveu por bom tempo em busca da causa mortis . Não apenas disso, mas em redescobrir quem era mesmo Berthe. A morte talvez seja o acontecimento que mais leve as pessoas a refazerem seus trajetos de vida, afinal, a dor da perda, ainda que ela esteja camuflada, como parece ser o caso neste filme, é capaz de propiciar um repensar sobre o que foi feito e o que estão fazendo com a própria existência que, no virar da próxima esquina pode também está desfeita. O significado da perda de um parente próximo é talvez o instante maior de se questionar sobre a vida e, em boa parte dos casos, um reencontro com a sorte de viver. O filme é uma divertida comédia com um tema sério e caro de se pensar, mesmo sabendo que é um estágio pelo qual todas as criaturas viventes um dia passarão. Não apenas o desenvolvimento do ...

Duas revisões de retratos

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Em edições recentes o Flavorwire publicou duas séries de revisões (assim achamos por bem chamar) de retratos de escritores famosos. A primeira delas feitas pela artista inglesa Shoey Nam e a mais interessante   retrata alguns de seus escritores favoritos através de desenhos delicados. Até aí nenhuma novidade. Mas, Nam intercala vários retratos numa mesma imagem dando contas de várias fases da vida do escritor ou mesmo as suas várias expressões faciais numa mesma imagem. Abaixo uma curta amostra (clique sobre as imagens para ampliar) e que pode ser ampliada indo ver outros trabalhos por aqui . Albert Camus Aldous Huxley Jack Kerouac A segunda delas vem de Michael Daye que num dia qualquer de posse de cartões postais com 100 escritores famosos e sem nada para fazer decidiu pela atividade a que todos já devem ter tido o prazer em fazer com os santinhos que nos entregam nessa época de campanha política: inventar outras faces sobre o retrato. Evidente, que no caso...