Toni Morrison, Nora Ephron e dezenas de conselhos sobre escrita




Houve um tempo em que escrever – um dos desafios caros, tanto quanto subir o Everest ou ir a Lua – era tarefa dada ao silêncio de alguém que nutria basicamente o interesse pela luta com as palavras. Depois o gesto, como tudo, midiatizou-se e tornou-se mais que um desafio, uma espetacularização. Digo, antes se escrevia sem pretensões à fama. Hoje, tem fama para a escrita. É moda nesse cenário os cursos de escrita criativa. Hoje também se fabricam escritores como se fabricam roupas e acessórios. Os cursos, que devem gerar uma receita razoável, afinal todos hoje têm as pretensões de aparecer, em grande parte das vezes, foram responsáveis pela artificialização do processo literário.

Paralelo a eventos com esses cursos construímos ainda um verdadeiro arsenal tecnológico em torno do gesto da escrita. através dele espreitamos sob todos os ângulos a intimidade da palavra e de quem se utiliza dela como trabalho. Se pensarmos as campanhas publicitárias que as editoras engendram para os lançamentos de seus novos títulos, então, entenderemos perfeitamente do que estamos falando.

Evidente que ninguém aprende a escrever espontaneamente como se do céu caíssem textos às toneladas já prontos. Mas, aprende-se a escrever, lendo. Lendo, repito. Coisa que nos tais cursos de escrita criativa não se ensina, claro está. É lendo o que já se escreveu e sobre quem ou o que se escreveu. E todo esse arsenal tecnológico não é inútil, inútil é uso que se faz dele. Boas entrevistas nos aproximam de quem escreve e do gesto da escrita, ensaios e quaisquer outros arquivos disponibilizados em todos os recantos também só têm a ajudar nas leituras e, obviamente, no aperfeiçoamento ou aprendizagem da escrita.

Nesse universo, vale citar a proposta da Academy of achievement. Sua missão colocar os seus alunos face a face com reais produtores das artes, negócios, política, esportes, utilizando, evidentemente, todos os recursos que a internet hoje é capaz de oferecer aos seus usuários. A Academy tem preparado um arquivo com uma série de palestras de um conjunto diverso de poetas e de escritores. Batizado por Escrita criativa – a master class, numa tradução ao pé da letra para o português, os usuários da web que tenham conta no iTunes podem assinar para baixar vídeos e podcasts de áudio gratuitamente. Estão por lá nomes como Toni Morrison, Nora Ephron, John Updike, Carlos Fuentes, Norman Mailer, Wallace Stegner, Nadine Gordimer, Gore Vidal, Joyce Carol Oates e outros. Como veem, tem muita coisa boa por aí. Além de vídeos e podcasts de áudios, dá para ficar inteirado do perfil dos autores e ensaios escritos por eles.

Para ir direto conferir o assunto, basta ir por aqui. E para conhecer melhor sobre o projeto da Academy, vá aqui.


Comentários

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

Como ficar quieto em alemão

H. Dobal

As aventuras de Teresa Margarida da Silva e Orta em terras de Brasil e Portugal, de Conceição Flores

Boletim Letras 360º #612

John Updike, o profeta da infidelidade resolvida

A lição de piano, passado e presente ficam em família