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Marcel Proust: o labirinto da memória

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Por Colm Tóibín Proust, sua mãe e o irmão Robert. Há uma fotografia de Marcel Proust, seu irmão e sua mãe capaz de produzir calafrios. A Sra. Proust está sentada, enquanto seus filhos, dois jovens próximos aos vinte anos, estão de pé, um a cada lado dela. Estão bem vestidos e em seus olhos há um olhar que faz pensar no  boulevard  e no  salon . Os dois têm algo de felino e afetado. É fácil imaginar porque  maman  tem um ar severo e reprovador. É uma mulher que viu a cara das dificuldades e estes jovens estão preparados para dificuldades mais doces, delicadas e agradáveis. Quando o observador volta a deslizar para seu olhar para eles pode apreciar em Marcel mais inquietude interior; seu olhar não é tão sossegado como o de seu irmão Robert. As cartas que sua mãe enviou a Proust estabeleceram o cenário do primeiro volume de seu romance e marcaram a pauta de sua vida. Uma das correspondências, por exemplo, foi escrita em 1895, quando Proust tinha ...

“Em busca do tempo perdido”, de Proust: juventude de um centenário

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  Por Félix de Azúa Duas páginas de notas para o segundo volume de Em busca do tempo perdido . Fonte: Biblioteca Nacional da França Sobre Proust já se escreveu quase tudo, mas sobre Em busca do tempo perdido não, porque é um clássico e o próprio dos clássicos é sua misteriosa capacidade em carregar-se de novos conteúdos em cada geração. O que hoje significa essa obra não é o que significou em 1913. Agora faz 100 anos da primeira parte, No caminho de Swann . O imenso trabalho se apresentou ao juízo dos leitores anteriores à primeira guerra como um fragmento que à altura foi impossível adivinhar seu conjunto. Dali, sua escala ia ser ampliada até chegar mais de três mil páginas e haveria sido quimérico predizer que aquelas teses inaugurais introduziriam o que anos mais tarde seria um mosaico gigantesco com papeis essenciais na literatura. É a única opinião que justifica o imenso erro de André Gide ao reprová-lo para a publicação pela Gallimard. E depois daquela...

“Em busca do tempo perdido”: onde um detalhe contém o universo

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Por Winston Manrique Sabogal A música soa. Eis Marcel Proust no grande salão do baile de máscaras. Eis Proust convertendo sua vida, a vida, em arte, em romance. O escritor divertindo leitores com Em busca do tempo perdido e transformando a alguns em escritores desde há um século, numa trilha de admiradores que chega até hoje com nomes como Amos Oz, Philippe Claudel, Milton Hatoum, Donna Leon, Amélie Nothomb, Phillipe Lançon, Nuno Júdice, Marie Arana... “É o mago da representação de objetos e pessoas, de lugares e de acontecimentos. Às vezes posso ler Proust com  os olhos fechados”, reconhece o israelita Amos Oz. A magia reside em sua capacidade de fazer do romance o teatro maior do mundo, assegura o português Nuno Júdice. E com efeito a mais: “Converter o leitor num espectador que muitas vezes tem que entrar no jogo cênico. Isso faz com que seja uma obra que resgata a superfície do cotidiano e nos obriga a desfrutar deste Proust e sua memória que nos é oferecida p...

A lista de leitura de J. M. Coetzee

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“ Madame Bovary é a história de uma francesinha sem importância – esposa de um inepto médico rural –, que depois de um par de relações extraconjugais, nenhuma das quais funciona bem, e depois de afundar-se em dívidas para pagar artigos de luxo, desesperada, toma veneno para rato e se suicida”. Assim inicia a introdução que J. M. Coetzee, Prêmio Nobel de Literatura em 2003, coloca à frente do célebre romance de Flaubert, uma das 12 obras que formam sua Biblioteca pessoal , a particular coleção que acaba de ser publicada pela editora argentina El Hilo de Ariadna. María Soledad Constantini foi quem propôs ao escritor sul-africano que, seguindo o modo de Jorge Luis Borges, elegesse os livros-chave de sua formação como leitor e como escritor. O autor de Desonra , aceitou o convite e pôs mãos à obra: selecionou títulos e escreveu para cada um deles uma introdução de pelo menos quinze páginas, dando voz a uma face menos conhecida de seus leitores, a de crítico literário – e um do...

Vida, de Paulo Leminski

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Por Pedro Fernandes Não queria datar essas notas sobre esse livro de Leminski, mas parece impossível estando numa época em que os humores andam alterados ante a confusão sobre as biografias não autorizadas. Evidente que os editores que puseram as mãos na massa para que estes livros do poeta curitibano, igualmente fora de circulação já algum tempo, voltassem à tona depois do sucesso merecido de Poesia Completa , editado também este ano, não tinham noção do que se gestava no interior dos envolvidos na polêmica. O fato é que tudo parece ter vindo no momento oportuno, embora Vida seja um conjunto de textos que não devem estar reduzidos aos polos envolvidos na questão. Na atual situação e mesmo antes quando Leminski redigiu as quatro biografias reunidas nesse livro, é possível que não houvesse familiares interessados em comprar um bate-boca gratuito; talvez reste alguns partidários das ideias dos biografados que divergissem/ divirjam sobre um ou outro aspecto, mas não teriam cond...

Promoção de aniversário de 6 anos do Letras

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No aniversário de seis anos do blog daremos seis livros a seis pessoas . Legal, não? Para participar, é simples! Escolha um título da lista de livros a seguir. Depois preencha o formulário ( aqui ) e nos envie. O sorteio será no dia 27 de novembro em seis momentos desse dia. Os sorteados receberão contato via e-mail. A promoção só é válida aos residentes no Brasil.  1. A eternidade e o desejo , de Inês Pedrosa; 2. Poesia completa , de Paulo Leminski; 3. Poética , de Ana Cristina Cesar; 4. Vozes anoitecidas , de Mia Couto; 5. Retratos para a construção do feminino na prosa de José Saramago , de Pedro Fernandes de Oliveira Neto; 6. O lustre. , de Clarice Lispector; 7. Vida , de Paulo Leminski; 8. Em breve tudo será mistério e cinza , de Alberto A. Reis; 9. Cartas a Ophélia , de Fernando Pessoa; 10. A maçã envenenada , de Michel Laub; 11. o apocalipse dos trabalhadores , de Valter Hugo Mãe; 12. As armas secretas , de Julio Cortázar.