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Boletim Letras 360º #488

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DO EDITOR   1. Leitores e apoiadores do Letras, já sabem que disponibilizamos um exemplar da edição especial do Ensaio sobre a cegueira , de José Saramago (Companhia das Letras, 2022) para sorteio entre vocês?   2. Então. É possível ajudar ao Letras com valores a partir de R$10 através do PIX blogletras@yahoo.com.br . Mas essa é apenas uma das formas. Você pode saber mais sobre por aqui . 3. Cabe não esquecer que na aquisição de qualquer um dos livros pelos links ofertados neste boletim, você ganha desconto e ajuda ao Letras sem pagar nada mais por isso .   4. Fiquem bem. E tenham um fim de semana de descanso. Lídia Jorge, Dulce Maria Cardoso e Matilde Campilho. Três gerações de escritoras portuguesas chegam em simultâneo aos leitores brasileiros.   LANÇAMENTOS O retorno de Lídia Jorge ao Brasil?   Um memorável é alguém que merece ser lembrado, ou guardado na memória, pelo que fez. Não é necessariamente um herói, já que a vida e os seres humanos são bem mais...

A arte agonizante do ensino na sala de aula digital

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Por Tim Parks É possível perder uma pedra fundamental de uma cultura sem identificá-la como tal? Este ano será meu último lecionando na universidade; decidi jogar a toalha três anos antes da idade de aposentadoria. Há um certo número de razões por trás dessa decisão, mas a alteração das circunstâncias na sala de aula é certamente uma delas. Mesmo em nível de pós-graduação, está se tornando cada vez mais difícil sentir que se tem a atenção dos alunos ou que algo de realmente útil acontece durante as aulas.   É claro, professores tem reportado perda de controle na sala de aula por décadas. No início da década de 1970, lembro-me de uma professora de colegial, trabalhando em uma área pobre de Boston, me dizer que ela poderia simplesmente ligar o rádio o mais alto possível e passar suas aulas ouvindo música. Amigos em Milão, hoje, lecionando nas chamadas scuole professionali , relatam experiências similares: a impossibilidade quase completa de se fazer ouvir, a necessidade de lançar mão...

La carretera del tiempo — uma leitura da obra de Juan Rulfo por Cristina Rivera Garza*

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  Por Felipe de Moraes     [...] Al fin me encuentro con mi destino sudamericano.   — De Jorge Luis Borges, em “Poema conjetural”     “—¿Qué país es éste, Agripina?”   — De Juan Rulfo, em “Luvina” Ilustração: Santiago Solís   Paul Valéry, em suas Lições de Poética ministradas no Collège de France no ano de 1937, observa que é impossível mensurar as forças envolvidas no ato da escrita (2018, p.11 e ss); isso porque a obra literária não é apenas um reflexo da interioridade do seu autor, vista como um produto exclusivo de suas faculdades subjetivas e racionais, ao contrário, o romance, o conto, o poema, o drama só ganham vida no contato com o mundo externo, ou seja, com os seus receptores e na sua circulação histórica e cultural. O texto literário, portanto, pode e deve ser compreendido como uma forma que abriga tensões constantes entre os elementos contraditórios que o constituem: tradição e modernidade, civilização e barbárie, utopia e conservado...