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A chave, de Junichiro Tanizaki

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Por Joseph Lapidario Nesta época quando os diários pessoais se tornaram semipúblicos, poderá parecer estranho o ponto de partida para A chave , grande peça da literatura erótica escrita por Junichiro Tanizaki. No romance, um casamento tradicional com vida sexual muito pobre chega em 1956 ao vigésimo aniversário. Ele é um cinquentão de saúde frágil, ela se mantém ativa e bonita aos quarenta e cinco anos. Ele decide começar a escrever um diário e flerta com a ideia de que ela leia, já que sabe perfeitamente onde os escritos estão guardados. Para não ficar por baixo, ela também começa seu próprio diário e estabelece um curioso jogo implícito repleto de ambiguidades, tensão sexual e duplos sentidos.  Embora os dois se neguem ofendidos em seus respectivos diários, está mais ou menos claro que cada um lê o diário um do outro e aproveita para enviar mensagens, pistas sobre infidelidades mais ou menos consentidas e buscadas, suposições, medos, obsessões.   ...

Duas novelas de Junichiro Tanizaki

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Por Pedro Fernandes Há na literatura oriental, ao menos nas obras de escritores como Junichiro Tanizaki, algo caro à literatura ocidental, sobretudo, as marcadas pelo experimentalismo que é um zelo agudo com a palavra e outra relação com a dimensão temporal – esta última, a grande rival dos leitores ávidos pela ação desbragada. Essa percepção comum e, logo, não característica de Tanizaki é aqui retomada, porque é um aviso aos leitores mais afoitos e desinteressados da contemplação: dificilmente um livro dessa literatura será bem-quisto se antes o leitor a costumado à literatura ocidental não  se desapegar da maneira como se relaciona com a leitura. Aos que se aventurarem nesse esforço, uma garantia: nunca lerão da mesma maneira mesmo os livros da literatura ocidental. O desenvolvimento detalhado das situações e o esgarçamento do tempo são alguns dos elementos que nos permitem manter outra relação com o texto, que é a de observação do mínimo detalhe capaz de introdu...

A literatura mascarada do Sr. Junichiro Tanizaki

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Por Manuel Lavaniegos Em 2009, a Companhia das Letras publicou reunidas num só volume as traduções de Dirce Myamura para duas novelas do grande escritor japonês Junichiro Tanizaki: A vida secreta do Sr. de Musashi e Kuzu , ambas publicadas pela primeira vez em 1931. Na ocasião, justificou-se brevemente que a edição conjugada reafirmava a predileção do escritor, dentre sua vasta obra, por esses dois títulos. Junichiro Tanizaki (1896-1965) é considerado por muitos como a pedra angular do romance contemporâneo no Japão ao lado de figuras decisivas como Mori Ōgai, Natsume Soseki, Ryūnosuke Akutagawa, Yasunari Kawabata, Yukio Mishima e Kobo Abe. Tanizaki tem contribuído com um papel de protagonista no dramático entrecruzamento da cultura e da arte do Oriente e do Ocidente, na modernização-devastação do século XX. Dos muitos livros já publicados aqui no Brasil até o presente vale mencionar As irmãs Makioka , Voragem , Há que prefira urtigas , Amor insensato , A chave ,...

Junichiro Tanizaki

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Por Ednodio Quintero Se tivéssemos que eleger um autor emblemático e representativo do romance moderno japonês, aquele que melhor expressa mediante o uso estético da linguagem as diversas transformações que aconteceram no século XX em seu país e no mundo, muitas delas induzidas por razões históricas, econômicas, políticas e culturais, este seria, sem nenhuma dúvida, Junichiro Tanizaki (1886-1965). Embora no Japão se considere que o escritor clássico por excelência é Natsume Soseki (1867-1916), quem soube dar à língua falada um lugar próprio na literatura e que segue sendo lido com fervor e interesse, Tanizaki leva ainda algumas vantagens em razão da amplitude e variedade de sua obra, além dos atributos decididamente modernos, audazes, vanguardistas e em ocasiões geniais. Tanizaki, um escritor multifacetado e dotado de um talento excepcional, se manteve ativo durante quase seis décadas, realizando uma viagem vital – expressada numa obra vasta e inesgotável – em paralelo c...