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Kafka ilustrado

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capa da edição de Oportunidade para um pequeno desespero Um novo Kafka? Desde quando se anunciou, em julho de 2010 uma caixa com manuscritos do autor theco que fãs, estudiosos e/ou curiosos da literatura voltaram sua atenção para Franz Kafka. O legado kafkiano foi entregue pelo escritor ao seu melhor amigo, Max Brod, com o pedido de que, assim que morresse, tudo fosse queimado. Brod, no entanto, não cumpriu o desejo do escritor e o resto da história todos sabemos onde está. E desde dezembro de 2010, a Martins Fontes colocou no mercado Oportunidade para um pequeno desespero .   Esse título, Nikolaus Heidelbach, organizador da edição, retirou das páginas de O castelo quando K. encontra-se sozinho na rua com os pés afundados na neve, entre um castelo e uma aldeia desconhecidos, e pensa: “Oportunidade para um pequeno desespero”. As histórias que dão forma ao livro foram recolhidas entre os diários e textos do escritor. E não revelam um novo Kafka, mas o me...

O amante de Lady Chatterley, de D.H. Lawrence

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Por Pedro Fernandes Em 2006, O amante de Lady Chatterley foi adaptado para o cinema. Agora, o romance de D. H. Lawrence é reeditado pela Companhia das Letras com tradução de Sergio Flaksman. Esse romance fez parte de minhas primeiras incursões pelo mundo da leitura e da literatura. Pela época em que o li já tinha andado pelos territórios da Clarice Lispector, do Machado de Assis, do Aluísio Azevedo e estava ainda perdido quanto ao que ler e ainda encantado com romances mas apimentados. O amante de Lady Chatterley me atendeu ao duplo interesse. Vendo que, recentemente, a Companhia das Letras reedita essa obra de D. H. Lawrence achei por bem comentar sobre. Trata-se de um romance de enredo simples. Ainda bem não havia se casado, Constance Chatterly, espécie de Bovary inglesa dada a sua criação burguesa, tem seu marido envolvido com a guerra. Depois de sua volta para casa, Clifford está paralisado da cintura para baixo. Colocando toda sua dedicação numa carr...

As ilustrações muito contemporâneas para um país de maravilhas

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Por Pedro Fernandes Uma das ilustrações de Luiz Zerbini para Alice no país das maravilhas , edição da Cosac Naify, 2010. As imagens revigoram a poeira do clássico e põe novas rodagens de sentido em ação no texto de Carroll. Depois de já ter sido ilustrado por nomes como John Tenniel, Salvador Dalí, Peter Newell, o clássico de Lewis Carroll ganha, passados 144 anos de sua publicação, mais 31 ilustrações singulares criadas a partir de cartas de baralho, recortadas e remontadas compondo vários cenários da obra. A façanha é do artista plástico Luiz Zerbini. A edição veio a lume em 2010 pela Cosac Naify, mas só agora pude pegar o livro e acompanhar de perto o trabalho do artista; e vejo que Zerbini consegue captar sentidos totalmente novos do clássico de Carroll, além do que, as ilustrações são de encher a vista de qualquer leitor. Não é a nova edição uma nova tradução. A Cosac Naify tomou o cuidado de selecionar entre as versões já publicadas no Brasil aquela que até hoje tem ...

Dalcídio Jurandir

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 Por Pedro Fernandes Dalcídio Jurandir. Foto do Blog do Dário Pedrosa Vejamos. Em várias entrevistas dadas por José Saramago - me reporto aqui à sabatina feita pela Folha de São Paulo quando o escritor português esteve pela última vez no Brasil para o lançamento do seu A viagem do elefante - ele, quando perguntado da literatura brasileira em terras lusitanas disse haver da parte de lá um total desconhecimento da obra e de escritores brasileiros,sobretudo, daquilo que se produz hoje. Vou mais além que português.   A literatura brasileira chega muito mal aos ouvidos dos próprios brasileiros. Aqueles mais aficcionados por garimpar novidades são os que têm um conhecimento mais amplo sobre nomes e obras. Mas isso se resume a 1% dos que se dão a estudar literatura. A literatura produzida na região Norte do país, por exemplo, é, para quem está no Nordeste (e vejam que geograficamente não estamos longe) uma total desconhecida. Fala-se de um Milton Hatoum...

Red: aposentados e perigosos, de Robert Schwentke

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Por Pedro Fernandes Bruce Willis e Morgan Freeman - elenco de peso, o que não é o suficiente para fazer de Red - aposentados e perigosos um filme que se diga: 'Oh!' Eis a piada de mal gosto de 2010. Vi o filme assim que cheguei ao cinema quando encontro com uma leva de filmes que pelo título e pela sinopse, ridículo ainda era um apelido de bom grado. Deparo-me com  Red: aposentados e perigosos ; é claro que também tinha a ideia, desde que assisti ao trailer, de que este também entrava no rol daquela leva. Mas resolvi dá uma chance ao meu gosto para o esdrúxulo e fui vê-lo. Não deu noutra. Minhas piores expectativas se consolidaram. O que narra este filme se pode dizer em duas palavras. Um grupo de matadores de aluguel se veem, já aposentados, e alguns deles com a morte natural à bater na porta, infiltrados numa daquelas tramas cujo fim está em acelerar os passos da morte 'matada'. Elenco de peso, no bom sentido do termo - Bruce Willis, Jo...

Feliz Ano Novo

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Pintura: Gabriele Munter Carlos Drummond de Andrade tem um poema cujo o título é “Receita de Ano Novo”. Trata-se de um poema publicado em 1977 no livro Discurso de Primavera e algumas sombras  que se utiliza, podemos assim dizer, das corriqueirices culturais que é muito em voga por esses dias 31 de dezembro e 1.º de janeiro. O poema, no entanto, recorre a todo desejo de transformações proferido ano a ano, mas em modo de lição não repete o tom sentimentalista.  Enquanto se alardeia aos quatro cantos determinadas convenções para que tudo seja perfeito na virada de ano, o poeta mineiro injeta uma voz contrária que tem por finalidade recuperar um sentido, diríamos, mais autêntico dessa data. Um ano novo há que ser feito a cada dia. Não apenas num dia só. Também não é o fato de que tudo passará a ser o oposto daquilo de ruim que vivemos no ano que finda. Se assim fosse, cada ano que entra seria mais perfeito do que todos os outros que o antecederam. No entanto, sabemos que, m...