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Aluísio Barros e seu “Dos amores que beiram os meus caminhos e outros poemas”

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Tem alguns anos que Aluísio Barros não aparece na cena literária potiguar; ao menos com algum livro como este Dos amores que beiram os meus caminhos e outros poemas . Não quer dizer, portanto, que ele não tenha estado em permanente atuação, entre um poema disperso aqui, um texto em prosa ali, dos gêneros mais variados, conto, texto acadêmico. Jornalista sem diploma, como se admite, o escritor, já reconhecido na cena potiguar por nomes como Tarcísio Gurgel que, no seu estudo introdutório à literatura do Rio Grande do Norte, não se esquece de mencioná-lo entre os nomes da nova geração, o interstício é justificado por várias vias. Uma delas é que Aluísio também é professor de Literatura e durante os últimos anos dedicou-se a um mestrado acadêmico com enfoque na obra do escritor moçambicano Mia Couto. Outra, é que toda obra literária, e ele tem consciência disso, exige tempo e maturação. Ainda mais quando o lugar textual em que se experimenta, contrariando as expectativas do senso ...

Boletim Letras 360º #25

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Estivemos lentos durante a semana que findou ontem. Nada demais: o editor do blog também tem vida social e acadêmica; e foi por essa última que as coisas não seguiram o ritmo de sempre. É esta uma das razões que deram o atraso de um dia a este boletim que geralmente se publica aos sábados logo pela manhã ao lado do Boletim no Facebook. Os atrasos por aqui, entretanto, não desfazem as responsabilidades. É hora de saber o que foi notícia entre Arte, Literatura e Comportamento. Anel de Jane Austen. Adquirido pela cantora Kelly Clarkson que agora briga para conseguir leva para casa o produto. Saiba mais ao longo do boletim. Segunda-feira, 05/08 >>> Turquia: Dostoiévski é processado 131 anos após morte Cento e trinta e um anos após sua morte, o escritor russo Fiódor Dostoiévski, um dos maiores nomes da história da literatura mundial, foi processado por incitar o desrespeito a um tribunal. As informações são de reportagem da agência de notícias estatal russa Ria No...

Causos morbidamente contados

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Por Rafael Kafka O último fim de semana foi de uma realização pessoal para mim. Depois de passar quase três semanas do mês de julho em casa, consegui ir com dois amigos, Klyvia e Lenilson, à ilha de Cotijuba. Por aí vejo o nível da conquista pessoal, pois fui com apenas dois amigos à praia e há em mim uma dependência maldita, confesso, de multidões para me divertir. Isso soa muito paradoxal se levarmos em conta que adoro ficar sozinho, com um livro e um copo de café ou cerveja, tendo um aparelho de MP4 embalando a atmosfera com música. Comigo é assim: solidão absoluta ou multidão barulhenta. A viagem foi de dois dias, muito produtiva. Tomamos um goro e batemos papo até altas horas. Tomamos muito banho e pegamos sol demais. Contudo não quero escrever um relato de viagem. Mesmo a ida ao cutelo (apelido popular de Cotijuba) tendo me dado a ideia de pelo menos três textos (esse, uma crônica a mais e um conto realista mágico, ou antes uma tentativa) o fato agora não é tanto os...

Ecos do Modernismo no Rio Grande do Norte: de Fernando Pessoa a Jorge Fernandes

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Por Alexandre Gurgel  Os poetas Fernando Pessoa e Jorge Fernandes A Literatura Portuguesa recebeu um espírito especificamente novo com o modernismo de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e José de Almada-Negreiros, que constituíram uma geração que se exprimiu quase exclusivamente pela poesia. O Modernismo na Literatura Portuguesa surgiu em Lisboa, influenciado e associado às artes plásticas. Esse movimento estético questionou as relações tradicionais entre autor e obra, lançou uma nova concepção da literatura como linguagem. O marco da vanguarda do Modernismo em Portugal, a revista Orpheu , teve apenas dois números, sendo o segundo dirigido pelas figuras mais representativas da poesia portuguesa moderna, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. Com os seus heterônimos, Fernando Pessoa contribuiu com quatro poetas extraordinários: ele mesmo, que vai do ocultismo e do nacionalismo à aguda reflexão psicológica e metafísica; Alberto Caeiro; Ricardo Reis; e Álva...

Biologia do homem, de Jorge Reis-Sá

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Por Pedro Fernandes Já por aqui tive a grata surpresa de ler duas representações em gêneros diferentes do escritor português Jorge Reis-Sá. A primeira oportunidade foi o encontro com O dom , um romance. A segunda foi com um livro de poesia Biologia do homem . A partir da primeira experiência, decidi incluir o autor numa leitura comparada que resultou num curso que ministrei em 2011, se não me deixa faltar a memória. A leitura de O dom me deu pano para discutir a relação óbvia e direta que este romance mantém com o Ensaio sobre a cegueira , de José Saramago. A quem interessar saber mais dessa relação, pode ler aqui  algumas notas que escrevi sobre. Sei que Reis-Sá dispõe, do primeiro gênero, outros títulos, Por se preciso , Terra , Todos os dias . Que somente estes textos superam em quantidade os títulos de poesia: além de Biologia do homem , À memória das pulgas da areia , Quase e outros poemas de querença , A palavra no cimo das águas . E mesmo tendo lido apenas do...

O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago

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Por Pedro Belo Clara O autor da obra da obra em questão, como será simples de deduzir, dispensa toda e qualquer apresentação prévia a seu respeito. Ou não estivéssemos a falar do prémio Nobel da literatura de 1998 e de um dos nomes mais incontornáveis das letras lusófonas, com lugar de merecido destaque, arrisco a afirmá-lo, no palanque da literatura internacional. Já a obra em si, na sua devida vez, cobre-se de um longo manto de polémica religiosa. Isto deve-se não apenas ao tema que ela aborda (perfeitamente perceptível, em linhas gerais, pela leitura da epígrafe que ostenta), mas pela forma como o mesmo é, desde logo, abordado. De facto, este trabalho mereceu fortes críticas por parte das altas esferas da instituição a que respeita o assunto do mesmo. Talvez por esta obra ter registado um impacto vibrante a nível nacional, eu mesmo, como colunista de serviço, a traga aqui para discussão. Contudo, diga-se que, apesar de tanto aparato, a crítica e a negação de que foi alv...