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Boletim Letras 360º #182

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O processo envolvendo manuscritos de Franz Kafka chega ao fim. Entre os papéis há dois contos inéditos. Mais informações ao longo deste Boletim. Reafirmamos nossa promessa: já somos uma comunidade com quase 40 mil amigos no Facebook. E tão logo alcancemos ser, teremos uma promoção que celebrará esse encontro e, acrescentamos mais outra dado, o aniversário do blog. Sim, está pertinho! Em novembro o Letras ultrapassa a linha dos 9 anos. Nos seus 10 anos online queremos fazer muito mais pelos leitores. Segunda-feira, 08/08 >>> Brasil: Um portal que tem como objetivo principal disponibilizar para a comunidade científica e para a sociedade em geral um catálogo online da poesia traduzida publicada no país É resultado do projeto de pós-doutorado de Marlova Aseff desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação em Literatura (Póslit) da Universidade de Brasília (UnB) sob a supervisão da Profa. Dra. Germana Henriques Pereira e com o apoio do Programa Nacional de Pós-Doutora...

Doutor Fausto, de Thomas Mann

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Por Rafael Kafka Thomas Mann é dono de uma obra ambiciosa de todos os pontos de vista, apelando para uma escrita que exige demais do leitor quando diante das densas histórias contadas pelo escritor alemão. Em seu texto, há a marca da erudição de alguém que se propôs a conhecer as mais variadas áreas do saber e as diversas correntes ideológicas de seu tempo, colocando-as para embates homéricos do ponto de vista dialógico no decorrer das cenas de seus romances. Há também em sua escrita o desejo de não falar apenas de uma pessoa. Mann, como os antigos autores de epopeia, escreve sobre coletividades. Porém, não há mais em seus romances o universo harmônico e o convite ao desbravamento que outrora havia nos relatos heroicos de seres como Homero. Thomas Mann é autor de romances e o romance é uma arte feita em tempos modernos e desconstruídos, nos quais o mundo não é mais um espaço harmônico e cheio de esperança. O mundo se mostra um espaço de individualidade perdida, de absurd...

Elizabeth Bishop: tinha um caju no meio do caminho

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Por Patricio Pron  Elizabet Bishop com seu gato Tobias, Rio de Janeiro. Sabe-se que não existem acontecimentos triviais, ou melhor dizendo, que mesmo os que poderíamos considerar triviais têm consequências enormes e de uma duração prolongada. Se Elizabeth Bishop não sabia, descobriu pouco depois de completar 40 anos, quando, durante uma escala no Rio de Janeiro num percurso de viagem, a poeta estadunidense mordeu um caju e sofreu uma reação alérgica que lhe deformou o rosto e esteve a ponto de sofrer uma asfixia. “É uma fruta sinistra. Ninguém deveria combinar fruto e castanha dessa forma indecente”, escreveu mais tarde. Fez do Brasil, porque nunca continuou viajando; e ficou nesse país durante 20 anos. Bishop não estava só quando padeceu da crise alérgica, o que foi uma sorte não só para ela: estava acompanhada de Carlota de Macedo Soares, Lota, uma herdeira que havia conhecido havia pouco tempo em Nova York. Era uma personagem singular: uma mulher rica, interessada e...

Dez filmes que têm na poesia e na vida dos poetas seu sustento

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Entre as artes contempladas por este espaço – pode não parecer, uma vez que desde há pelo menos três anos as resenhas sobre filmes caíram significativamente – está o cinema. Desde 2008 quando começamos a copiar os textos referentes a uma lista de 100 filmes publicada ainda pela extinta revista BRAVO! que publicamos alguns conjuntos de indicações de obras cujo tema nasce numa obra literária ou é sobre a biografia de um escritor. Em grande parte, as indicações não respeitam a qualidade exigida pela crítica para um bom filme, sobretudo, no caso das listas citadas. Mas, o intuito nosso não é mesmo o de destacar produções do tipo porque a competência para dizer, pelo menos nesse caso, se uma obra é ou não merecida de ser vista, está no espectador.  Agora, de novo voltamos a esse interesse para preencher uma lacuna, listar alguns filmes cujo enredo nutre-se da vida ou da obra de um poeta. Alguns títulos que mereciam fazer parte dessa lista, como é o caso do filme sobre Rimbaud e Pau...

Lília Brik e Elsa Triolet, duas mulheres frente à vanguarda da insubmissão

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  Por María Robert Símbolos da vanguarda soviética: Lília Brik e Elsa Triolet Pablo Neruda chamou-as “a indomável Lili” e “uma espada de olhos azuis”. As palavras do poeta não apenas refletem tudo o que Lília Brik e Elsa Triolet fizeram para a intelectualidade do século XX, mas resumem o caráter explosivo de duas das figuras mais singulares da mitologia vanguardista.  As irmãs Lília (1891-1978) e Elsa Kagan (1896-1970) nasceram numa bem estabelecida família judaica de Moscou dos anos czares. O pai era advogado e a mãe professora de música. Desde bem pequenas pensaram um futuro cosmopolita, com uma sensibilidade requintada para as artes. Mas também era seres indomáveis. Juntas formam duas partes de um todo, duas forças da natureza que se complementavam entre si. Tiveram uma infância cômoda. Lília tinha 19 anos e Elsa 15 quando seu pai morreu subitamente; ao mesmo tempo, a mais nova enfrentou a intensidade do primeiro amor depois de cruzar-se com o homem que ...

James Joyce e Virginia Woolf como leitores

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Por Martín Schifino Os grandes escritores leem de outra maneira? Expressão suas intuições, toda vez, em textos diferentes aos produzidos pela crítica que não é criadora sozinha? Se alguém já fez essas perguntas, deve possuir parte das respostas. Mas deverão faltar definições, e um bom começo será encontrar com T. S. Eliot quando destaca a especificidade do crítico “cuja obra pode caracterizar-se como algo derivado de sua obra poética”. Sem dúvida, uma diferença essencial sobressai nessa “derivação”. Como nota o ensaísta e romancista ocasional James Wood, “o escritor-crítico, o poeta-crítico, se encontra em proximidade competitiva com os escritores sobre os quais fala”. A crítica, em duas palavras, forma parte de uma discussão contínua com os pares. Pode ser por isso o momento de expressar afinidades. E constitui uma oportunidade ideal para revisar a tradição. No seu limite, o escritor-crítico é como a assessoria de imprensa que imaginava Orwell em 1984 : ler o passado ...