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Boletim Letras 360º #197

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Já se aproxima do nosso recesso de final de ano (brevíssimo, o leitor nem sente). Mas, estes boletins, avisamos, sempre estão mantidos, claro, com dimensão bem menor que a de costume e as redes sociais não deixam também de se movimentar nesse período. Estudamos o período entre o Natal e algumas semanas de janeira, como de praxe, para isso. "Menina com colar" foi pintado em 1929 e é uma das peças que os pesquisadores da obra de Frida Kahlo tinham por perdida. A peça foi leiloada esta semana por 1,81 milhões de dólares. Segunda-feira, 21/11 >>> Portugal: Obra com desenhos e textos inéditos intitulada Eça de Queiroz em Casa — Desenhos e Textos Inéditos , com organização e transcrição Irene Fialho ganha edição Os textos e desenhos são, na sua maioria, inéditos, provenientes de álbuns que estiveram mais de cem anos escondidos do público. Mesmo nos poucos casos em que os textos e as imagens já se encontravam publicados, nunca foram coligidos numa edição que...

Dez filmes cujo enredo é baseado em poemas

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cena de  Crocodilo Dundee Enquanto elaborávamos uma lista com filmes cuja trama davam conta de obras poéticas e seus mentores, o site Flavorwire divulgou outra com expressões cinematográficas cujo enredo recorrem a alguns importantes poemas da literatura de língua inglesa. É a lista que agora é apresentada no blog; mas, ampliamos em conteúdo e não seguimos a sequência aí proposta uma vez que as escolhas então apresentadas não estão submetidas a um ranking ou coisa do gênero. A lista tem sua diferença, visto que – e o leitor não nos deixará mentir – é bastante comum as adaptações de obras de ficção, narrativas históricas e mesmo de livros de autoajuda, mas de poemas é coisa bastante rara, apesar de mais comum do que se pensa. Como sempre é útil lembrar a sequência apresentada aqui não responde pelo conjunto integral das produções cinematográficas cujo enredo são adaptações de poemas. Se os critérios fossem expandidos para uma compreensão de outras produções do gêner...

Todo naufrágio é também lugar de chegada, de Marco Severo

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Por Pedro Fernandes Estamos há muito distantes das primeiras formulações sobre o conto enquanto forma literária. Edgar Allan Poe, nas resenhas críticas para a obra de Nathaniel Hawthorne, seu contemporâneo, apresentou a teoria da unidade de efeito juntamente com a ideia de que o conto poderia ser a forma apropriada para a expressão máxima dos talentos de um artista. Em parte, esta afirmação está presa ao contexto no qual se apresenta: o de desvalorização do conto pelos escritores que viam no romance a forma melhor acabada da narrativa – claro, estamos no auge do romance. Embora a história das formas literárias reivindique o lugar do conto muito anterior ao romanesco, este, por sua vez construiu seu grande reino cujas bases só agora, no princípio do auge de uma sorte de parafernálias de entretenimento que reivindicam a brevidade, tem sua legitimidade colocada à prova.  Mas, o conto, assim como a crônica, apesar de praticado por todos os grandes escritores ainda se apr...

André Gide

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O jovem André Gide Nasceu em Paris, em 1869. A primeira memória de André Gide é a de uma mesa de jantar coberta com uma toalha que chegava até o chão. Com o filho da porteira, da mesma idade que a sua, que ia todos os dias lhe buscar, deslizava entre aqueles panos e ambos agitavam ruidosamente alguns brinquedos, num jogo de esconde-esconde e outras brincadeiras infantis, que segundo soube depois eram maus costumes. Tinha então cinco anos e foi seu primeiro simulacro. Era um menino mimado, muito tímido, filho único de um renomado professor de Direito, que morreu quando André tinha 11 anos. Nessa idade veio abaixo a obsessiva proteção de sua afortunada mãe, Juliette Rondeaux, que, apesar de tudo, o educou numa elegante austeridade, como uma forma de querer seduzi-lo eternamente, visto que até o fim de seus dias cercou o escritor de mimos e conselhos ininterruptos com atitudes, pensamentos, certos gostos, livros e roupas como se nunca tivesse crescido. A babá o levava aos ...

Gabriel García Márquez, o romance do poder

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Por Enrique Krauze Os funerais de Gabriel García Márquez no México pareceram saídos de um de seus contos mais famosos: “Os funerais da Mamãe Grande”. Ao longo de várias horas, debaixo de chuva, milhares de pessoas passaram ante a urna que continha as cinzas do mais famoso, lido e querido de seus escritores. Do Palácio de Belas Artes ouviam-se de danças de Béla Bartók até alegres cumbias e vallenatos . Fora, nuvem de trezentas e oitenta mil mariposas amarelas de papel da China trazidas da Colômbia revoavam nos ares. Gritos, cantigas, cantos. Um ancião carregava um letreiro: “Gabo, te verei no céu”. Um menino comentou: “Venho ver o rei de Macondo”. É verdade. Era o rei de Macondo. Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1982, seus principais romances foram justamente celebrados em seu momento por V. S. Pritchett, John Leonard e Thomas Pynchon, entre muitos outros. No longo e largo do mundo circulam profusamente suas ficções, com seu extraordinário poder fabulador, seu...

Os sonetos de Walter Benjamin

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De todos os ensaístas não resta dúvida que nenhum é mais influente nas últimas décadas do século XX e ainda em nossos dias que Walter Benjamin; não apenas porque sua inteligência seja adorável mas pela dificuldade de saber exatamente quem foi esse homem. Cronista da Paris de Baudelaire, de sua própria Berlim e autor de um conceito fluido sobre a modernidade no qual centenas de professores têm bebido, teórico da reprodução da obra de arte na era técnica, tema que logo o fez tornar-se aprendiz de bruxo ao qual confiam todos os que buscam salvar o marxismo de sua morte apesar de seu angelismo ser mais uma poética que uma política. Benjamin, judeu integrado e por isso europeu capitalista, se converteu, graças à bendição de mãos impolutas como as de Gershom Scholem, em judeu absoluto. Teólogo sem ter religião, herói marcado por uma morte em fuga que fez do lugar, a fronteira de Portbou onde se suicidou em 1940 entre a França e a Catalunha, uma romaria, incluindo uma tumba falsa...