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Jardins de Luz, de Amin Maalouf

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Por  Pedro Belo Clara O jornalista e escritor libanês, há muito um ilustre residente da eterna cidade da luz, deu ao grande público diversos títulos de maioral interesse, de que As Cruzadas Vistas Pelos Árabes ou O Périplo de Baldassare serão exemplos adequados. Nesta obra em particular, Maalouf reintroduz no imaginário colectivo uma figura que durante séculos permaneceu praticamente oculta dos anais da história humana. E com a devida razão para tal, mas já lá iremos. Por enquanto, fica a quase sólida certeza do pouco ou mesmo nenhum impacto que a anunciação do nome da misteriosa figura poderá provocar no conhecimento do leitor: Mani, por vezes designado Manes e até Maniqueu. Permaneceu impassível diante da revelação? Não se apoquente. Se este texto cumprir fielmente o seu propósito certas luzes acender-se-ão em si, caro leitor. Pelo menos, disso fazemos as nossas maiores esperanças. Embora não haja precisão na data, Mani terá nascido em 216 d.C., em pleno Im...

Boletim Letras 360º #251

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Neste dia 9 de dezembro de 2017 passam-se 40 anos da morte de Clarice Lispector. O Letras tem apoiado a iniciativa do Grupo de Estudos Sobre o Romance da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (divulgado numa edição deste boletim e, logo, nas mídias sociais do blog) que assinala a data de hoje e outra, a de também quatro décadas da publicação de A hora da estrela , uma das obras mais importantes da escritora brasileira: a realização do simpósio SIM, CLARICE! . Justamente nesta data o leitor encontrará na nossa biblioteca online um catálogo preparado para este evento em que se copiam fotografias, manuscritos e um texto de Milton Hatoum sobre a escritora traduzido do espanhol e apresentado pela primeira vez aqui no Letras. Depois de visitar as notícias desta semana na página do Letras no Facebook, você pode conferir este material indo aqui . Clarice Lispector, de norte a sul do Brasil. Eventos, novas edições e projetos ampliam o conhecimento sobre a obra e a escritora. A...

A Tenda dos Milagres e a resistência negra

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Por Rafael Kafka     Provavelmente, o maior amor literário desenvolvido por mim em 2017 foi Jorge Amado. Demorei 28 anos de minha vida para entrar em contato com a obra de um dos nossos maiores romancistas e só não me arrependo mais, pois nesse meio tempo conheci muitos autores bons que me ajudaram a expandir os limites de minha percepção intelectual e estética. E porque enquanto formos vivos sempre há tempo para novas e interessantes descobertas. A obra de Jorge tem sido lida vorazmente por mim nos últimos meses. Li cerca de cinco livros deles, alguns com análises pendentes ainda por problemas de tempo. O que percebi em todos os livros como traço marcante de Jorge é uma literatura de linguagem transparente, simples, poética e documental no sentido de refletir sobre o ser humano brasileiro, em especial o habitante do nordeste, em especial da Bahia. Mas, Amado não cai no erro que muitos escritores em minha terra, Pará, caem. As situações em suas obras e os di...

Ensaios para a queda, de Fernanda Fatureto

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Por Pedro Fernandes Este é o segundo livro da poeta Fernanda Fatureto; ela estreou em 2014 com o título Intimidade inconfessável (Editora Patuá). É preciso ler este seu primeiro trabalho a fim de compreender melhor a razão por que a poeta prefere ainda ficar ancorada, por timidez ou por um aguçado senso crítico sobre o que escreve, no vão das tentativas. É bem verdade que essa condição não se observa nos poemas, grande parte deles, acabados, muito bem lapidados, e que revelam a maturidade de uma escrita que se sabe segura; é por isso que o leitor mais atento irá questionar, atravessado os três momentos enformadores da obra, por que Ensaios para a queda ? Este texto, que não tem outro objetivo que não o de revelar algumas das melhores surpresas possíveis de encontrar numa primeira leitura, sem preocupação com a rasura de uma leitura mais profunda, tentará responder a pergunta que corta dos dois lados – para bem e para mal. Sublinhemos a segunda face que não é toma...

A melhor maneira de conhecer o ser humano é viajar a Marte (com Ray Bradbury)

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Por Pedro Torrijos Em setembro de 1949, Ray Bradbury reuniu várias cópias de seus contos, colocou numa mala e pegou um ônibus com destino a Nova York. Ali se hospedou numa pousada da YMCA por cinquenta centavos a diária durante cinco dias, enquanto passava o tempo oferecendo sua coleção de contos às principais editoras do país. Todas recusaram; não queriam histórias curtas, queriam um romance. Na penúltima noite, Bradbury arrumou uma fita que acabaria por se converter em cena com um editor da Doubleday Publishing chamado, casualmente e sem nenhuma relação, Walter Bradbury. Doubleday também queria romances, assim, o outro Bradbury perguntou a Ray se seria capaz de juntar seus contos numa só história e apresentá-los em formato de um livro completo. “Já que quase todos giram em torno do mesmo lugar, Marte, poderias chamá-lo de As crônicas marcianas ”. Dois dias depois, e com um cheque de setecentos e cinquenta dólares no bolso, Ray pegou o mesmo ônibus e voltou para Los Ang...

A palavra de um Federico García Lorca comprometido e lúcido

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Por Juan Cruz Federico García Lorca em seu quarto em Granada. Já não existe ninguém que tenha ouvido a voz de Federico García Lorca. Mas o poeta, assassinado em Granada no auge da Guerra Civil espanhola, foi o homem mais entrevistado de seu tempo. E essa voz presa em jornais e revistas do mundo hispânico volta a lume: 133 entrevistas foram copiadas e organizadas em Palabra de Lorca. Declaraciones y entrevistas completas (Palavra de Lorca. Depoimentos e entrevistas completas) que ganhou edição entre os leitores de língua espanhola neste ano de 2017. A edição é organizada por Rafael Inglada em parceria com Víctor Fernández. Outro título que também reúne conversas com o poeta granadino é Treinta y una entrevistas a Federico García Lorca (Trinta e uma entrevistas a Federico García Lorca)*, uma reedição, também apresentada neste ano, revisada e ampliada de conversas jornalísticas sob o encargo de Andrés Soria Olmedo ao editor Jaime Salinas que, sim, escutou a voz do poeta na...