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Boletim Letras 360º #443

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DO EDITOR   1. Caro leitor, como forma de oferecer alguma retribuição pela ajuda com nossa campanha para cobrir as despesas com o domínio e a hospedagem do  Letras  na  web , faremos um sorteio entre os contribuintes.   2. Quem já colaborou está na lista; e quem colaborar a partir deste sábado pode, se quiser, se inscrever para sorteio. É muito simples: basta enviar e-mail a blogletras@yahoo.com.br informando e-mail o nome completo.   3. Podem participar os que adquirirem um dos livros no bazar ou com doações avulsas via PIX e com qualquer valor — há informações  aqui no Facebook   e   aqui no  Instagram . 4. E reitero, a todos que de alguma maneira ajudaram até agora, receba os agradecimentos. Obrigado pela companhia! Louis-Ferdinand Céline. Foto: François Pages.   LANÇAMENTOS Chega ao leitor brasileiro o sexto livro de Paul Celan .   Sexto livro de Paul Celan, e o penúltimo que publicou em vida, Ar-reverso  (Atemwende, 1...

J.P. Cuenca e Vladimir Safatle no inferno: o querer da literatura e da filosofia hoje?

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Por João Arthur Macieira João Paulo Cuenca em frame do filme A morte de J. P. Cuenca . Reprodução. Escrever sobre escrever. Escrever sobre escritores, diretores de cinema ou teatro, sobre estudantes de pós-graduação, professores de pós-graduação. Aspirantes a escritores, amantes de escritores. Autobiografias de escritores. Quem lê pode ter a impressão de que há um universo muito restrito de lugares onde a narração pode ir. A experiência mediada pela realidade dos literatos quer se sobrepor à realidade, como se não fosse dela que a própria escrita emergisse. Certamente, não é para isso que queremos a literatura. Tende-se a crer que a literatura oferece esse tal acesso formidável à realidade, às suas dimensões mais profundas, mais verdadeiras do que é para o não-leitor. Ler educa os corpos e ensina-os a obediência à mente. Essa tese ganha força justamente com o realismo moderno do século XIX. Um exemplo maior seria o de Balzac e a descoberta das estruturas sociais através do texto literá...

O poeta inquieto

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Por Pedro Fernandes Ferreira Gullar. Foto: Guillermo Giansanti.   No texto utilizado como posfácio para a edição de Toda poesia (Companhia das Letras, 2021), “A fala ao revés da fala”, o também poeta Antonio Cicero passa em revista o projeto literário de Ferreira Gullar, livro a livro, apontando as peculiaridades de cada uma dessas obras e o papel que desempenham na formação de uma poética das mais interessantes na literatura brasileira do século XX. Nesse itinerário, uma característica, especificamente, chama atenção e esta é derivada da própria fala do autor de A luta corporal , de algumas passagens situadas em momentos diversos da sua carreira: como a cada novo trabalho, à medida que reiterava expressões criativas em vigor se mostrava o poeta em tentativa de desfiliação, abrindo-se a outros interesses, ao ponto de, muitas vezes, significar a obra presente uma negativa da obra anterior.   Esse movimento de afirmação e negação morreu com Ferreira Gullar. Seu último livro de ...

O Decálogo. A grande série de televisão escondida nos anos oitenta

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  Por Julio Tovar   O Decálogo é a única obra-prima que posso citar durante toda a minha vida. — Stanley Kubrick, citado em MARZIERSKA, E.; GODDARD, M. Polish Cinema in a Transnational Context . Nova York: Rochester Press, 2014, p.67. Pôster oficial de O Decálogo .   Uma criança que prevê o seu destino num cão tomado pelo frio, uma violinista grávida que arranca uma planta arrancando uma vida que se recusa a morrer, cartões de Natal como uma recordação arborescente da festa que não se é lembrada... Imagens enigmáticas, de um cineclube, impossíveis de assistir na hora do rush em qualquer estação europeia e que atingiu milhões de telespectadores na televisão polonesa. Dez capítulos construídos através do silêncio, do ritmo lento e que poderiam ser o pesadelo de qualquer programador de televisão hoje. Estranho oxímoro, televisão artística e ensaística, que só poderia ter sido possível num país fora do grande capitalismo ocidental. Falamos, é claro, dos últimos anos da Pol...

Romantismo e Alemanha: uma questão de necessidade

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Por Marcelo Moraes Caetano Caspar David Friedrich. Dois homens à beira-mar . 1817.     A identidade cultural — ou ao menos a sua busca — tem sido elemento incontestável na formação de indivíduos e de coletividades desde, no mínimo, o início do Paleolítico Superior, com a “Revolução agrária”, e o início da Idade dos Metais, com a “Revolução da escrita”. Há quem conteste, sempre sem êxito, ao menos até hoje, a tese. Os marcos da Germânia (ou Hermania, “terra dos irmãos”, em latim), que fundaram a mais ostensiva dinastia europeia, a dos Habsburgo; que praticamente inventaram a infalibilidade da tática da guerrilha, com Aníbal; que atestaram a quimérica convivência entre o Sacro Império Romano-Germânico e a Reforma Protestante de Lutero e Calvino; que observaram, mudos, por séculos, verdadeiras hidras de Lerna como o Império Austro-Húngaro, a Tchecoslováquia, a Iugoslávia, Weimar, Boêmia, entre outras peripécias; esses marcos necessitavam, após a “Revolução intelectual” dos século...