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A adolescência do romancista J. M. Coetzee em preto-e-branco

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Por Jason Farago Foto: J. M. Coetzee. Uma tiekiedraai ou festa dançante, na véspera do Ano Novo. Coetzee lembra: “Eu tinha um flash acoplado na Wega, mas nunca consegui sincronizar o flash com o obturador”.  Em 2014, anos depois de se mudar da África do Sul para a Austrália, o romancista J.M. Coetzee finalmente vendeu seu apartamento na Cidade do Cabo. Pouco depois, um pesquisador bisbilhotou dentro de uma caixa de papelão esquecida no apartamento vazio e, para sua surpresa, encontrou um amontoado de material inédito excepcional do taciturno ganhador do Prêmio Nobel. Mas não eram manuscritos. Eram fotografias: feixes de gravuras amareladas que mostravam “cenas de uma vida provinciana”, como no subtítulo dos três volumes de sua autobiografia, além de negativos não revelados.   Aparentemente, antes de se dedicar à literatura, Coetzee foi um comprometido fotógrafo adolescente. As impressões em preto-e-branco de sua família, sua escola e vida cotidiana na fazenda de seu tio v...

A chave estrela. A importância do trabalho no trabalho de Primo Levi

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Por Demetrio Paolin A chave estrela , como muitas das outras obras de Primo Levi, alimenta um contínuo diálogo com os outros textos seus. Quando lidamos com a escrita do escritor italiano, vem à mente a imagem do formigueiro (uma definição feliz de Alberto Cavaglion), isto é, um conjunto de textos que se unem e se comunicam profundamente. Não estou, aqui, argumentando que Levi sempre escreveu o mesmo livro ou que um único livro foi escrito de formas diferentes, mas que existe na obra do autor de Turim uma tensão interna que mantem junta toda a sua bibliografia. Voltando ao romance, nesse se conta alguns episódios da vida de Libertino Faussone, um montador de gruas que, numa remota província da União Soviética, divide seus dias de folga com um químico italiano, que não é difícil de reconhecer como o próprio escritor. Falando sobre esta obra apenas  como uma simples história do trabalho  não dá a ideia da complexidade do texto, que na melhor...

Boletim Letras 360º #256

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Até o dia 28 de janeiro estão abertas as inscrições para participar da promoção que sorteará cinco leitores; o primeiro do grupo poderá escolher entre as edições colocadas para sorteio:  A noite da espera , de Milton Hatoum;  Laços , de Domenico Starnone;  O marechal de costas , de José Luiz Passos; a edição especial de  A hora da estrela , de Clarice Lispector; e  Uma forma de saudade , diários de Carlos Drummond de Andrade. Para participar é bastante simples. Tudo em nossa página no Facebook , de onde copiamos as notícias deste boletim. Sábado, 06/01 >>> Brasil: Morreu Carlos Heitor Cony Apesar da notícia sobre a morte do escritor ser divulgada pela imprensa no sábado, a informação é de que aconteceu na sexta-feira, 5 de janeiro. Carlos Heitor Cony vivia no Rio de Janeiro, onde nasceu  em 1926; além de exímio escritor, atuou como jornalista e era editorialista no jornal Folha de São Paulo . Membro da Academi...

Algumas coisas que você talvez não saiba sobre a obsessão de Edith Wharton por cães

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Por Emily Temple Se você conhece alguma coisa sobre Edith Wharton – além do fato de ser uma escritora brilhante e a primeira mulher a ganhar o Prêmio Pulitzer de Literatura, por  A época da inocência – é provável saber que ela talvez fosse uma amante dos cães, assim, um pouco acima da média. E ela estava – quase chegando à obsessão e, aposto que, alguns ombros bem arranhados. Alguns dizem que Wharton, que teve um casamento conturbado e sem filhos, substituiu esses pelos, o que pode ter algum fundo de verdade – mas não apenas isso, que seu amor pelos companheiros caninos começou com a tenra idade de quatro anos, quando seu pai lhe deu um Spitz chamado Foxy, um cachorro que, segundo ela disse mais tarde, “transformou-me numa ciente e consciente pessoa”. Bom, parece justo honrar a memória da Wharton com algumas coisas que você talvez não saiba sobre seu caso de amor ao longo da vida com o melhor amigo da/do mulher/ homem. Na casa de Edith Wharton tem um c...

Me chame pelo seu nome, de Luca Guadagnino

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Por Pedro Fernandes O filme de Luca Guadagnino é uma leitura de um romance de mesmo título do egípcio André Aciman: narra os acontecimentos de uma temporada de férias na vida do adolescente Elio, na casa de campo da família em 1983; explora o tema do primeiro amor e do amor de verão por um ângulo incomum capaz de despir uma narrativa do gênero do romance piegas. E isso não acontece porque o primeiro amor no caso é entre um garoto em processo de autodescoberta do corpo e dos desejos e um homem de elevada experiência; também não é o caso de o cineasta se distanciar de elementos sempre recorrentes nessas narrativas, porque aí estão os medos dos amantes, a realização dos seus desejos e as decepções. Acontece que Me chame pelo seu nome é a prova de que há muito o cinema tem se distanciado do sentido que lhe é mais caro: contar uma história capaz de propiciar ao espectador o deleite com o belo e a catarse. Este filme consegue as duas coisas ao nos pegar pelo braço e nos tor...

Boletim Letras 360º #255

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No último boletim anunciamos que planejávamos a primeira promoção de 2018; esta semana divulgamos em nossas redes sociais que sortearemos cinco livros em nossa página no Facebook: A noite da espera , de Milton Hatoum; Laços , de Domenico Starnone; O marechal de costas , de José Luiz Passos; a edição especial de A hora da estrela , de Clarice Lispector; e Uma forma de saudade , diários de Carlos Drummond de Andrade. Fiquem atentos! A seguir as notícias que copiamos em nosso mural no Facebook. Está lançado o primeiro rojão de 2018. Um impasse sobre a publicação ou não de uma coletânea de folhetos antissemitas produzidos por Louis-Ferdinand Céline. Mais detalhes ao longo deste Boletim. Segunda-feira, 01/01 >>> Brasil: 4321  o retorno de Paul Auster São mais de oito centenas de páginas com a história de um jovem que atravessa as décadas mais complexas dos Estados Unidos no século passado. O livro é apresentado sempre como um romance de fôlego que exig...