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Palavras de pedra e cal

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Em comemoração aos dois anos do blog Letras in.verso e re.verso terá lugar neste espaço daqui a dois dias, ou seja, em 18 de dezembro de 2009, o lançamento virtual de  Palavras de pedra e cal , livreto do editor Pedro Fernandes. O horário marcado é 19h, quando os leitores e transeuntes virtuais desse espaço terão à sua disposição, para baixar e ler online, o material. A edição reúne todos os poemas publicados até agora na coluna Apenas meus poemas . "Trata-se de uma antologia bastante heterogênea, composta do que posso chamar de amostra de meu iniciante exercício poético. A publicação é mais uma alternativa de o autor poder ver juntos os poemas dispersos, sejam noutros sites, seja neste blog, seja em jornais ou edições avulsas." Para ter acesso a parte dos poemas que integram a antologia visite aqui. Para divulgação sobre esse acontecimento, foi criado o blog  Palavras de pedra e cal  que tem por objetivo servir ao lançamento do dia 18. É interess...

Estamos na merda e sobra pouco para afundarmos de vez

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  Por Pedro Fernandes Mira Schendel Uma dessas pesquisas que existem para comprovar o já sabido constatou que o brasileiro lê pouco. Mas, lê tão pouco que foi mais fácil divulgar os números da catástrofe e não os números positivos: são 77 milhões de não-leitores, dos quais 21 milhões são analfabetos; os leitores somam 95 milhões, e leem, em média, 1,3 livro por ano. Incluídas as obras didáticas e pedagógicas, que são em grande parte os livros obrigatórios para estudo, o número sobe para 4,7.  Os dados estão na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita com 5.012 pessoas em 311 municípios de todos os estados em 2007. Os detalhes sobre hábitos do brasileiro relacionados ao livro, revelados na pesquisa, atestam esta afirmação. O levantamento considera como não-leitores aqueles que declararam não ter lido nenhum livro nos últimos três meses, ainda que tenham lido ocasionalmente ou em outros meses do ano. Tudo isso só vem explicar uma coisa: nosso nível cultural encontra-se à ...

João do Rio

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No dia 24 de junho de 1921, o Rio de Janeiro acordou diante da seguinte notícia, glosada pelos principais jornais da cidade: "Uma notícia desoladoramente triste veiu surprehender, hotem, à noite, quantos trabalhavam nesta casa - o passamento de João Paulo Barreto, ou melhor 'João do Rio'" ( A Razão , 24 jun 1921). Quasi á meia-noite, uma telephonada annunciava-nos que Paulo Barreto, em caminho para casa, em um automóvel, se sentira mal e que fora conduzido a sede do 6º. districto policial, de onde já haviam chamado uma ambulância da Assistência Pública para socorrer o illustre enfermo; e três minutos depois, quando um de nossos companheiros descia  já as escadas para ir, de nossa parte, levar-lhe uma palavra de affetuoso conforto, outra telephonada tiniu a notícia de sua morte ( O Paiz , 24 jun 1921) Dois dias depois, outro evento superava em espetáculo e comoção a própria morte o conhecido jornalista - seu sepultamento: Das janelas da redação de A Pátria ,...

José Saramago e a questão literatura e utilidade

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Por Pedro Fernandes Biblioteca particular de José Saramago em sua casa de Lanzarote. Escrevi certa vez um texto que foi publicado no caderno Domingo ,   do jornal De Fato acerca da tão instigante pergunta milenar, já milenar porque tem servido ao debate entre gente diversa desde que a literatura é literatura. Hoje, na releitura de algumas falas do escritor português José Saramago, eis que encontro com uma entrevista sua ao Clarín , em que a pergunta foi posta (a tradução para o português é livre) e cuja resposta vem corroborar com o que escrevi há alguns meses: "Como escritor, seu meio de intervenção é a literatura. Podemos voltar a pensar se serve para algo? Se a literatura pode melhorar (ou piorar) a vida, o mundo? Levamos séculos nos perguntando uns aos outros para que serve a literatura e o caso de que não exista resposta não desanimará aos futuros perguntadores. Não há resposta possível. Ou há infinitas: a literatura serve para entrar numa livraria e ficar em ca...

Patton - Rebelde ou Herói?, de Franklin J. Schaffner

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Feito em tempos de guerra no Vietnã, filme acompanha a vida de um general que sintetiza as contradições da América O primeiro plano deste filme de Franklin J. Schaffner impressiona: a bandeira dos Estados Unidos toma quase toda a dimensão da tela larga do cinemascope, e, no cetro, surge o ator George C. Scott como o general George Patton. Ele declama um discurso brutal sobre a necessidade da guerra, incitando seus soldados à violência extrema e lembrando-lhes sobre a glória militar do país, "que jamais perdera uma guerra". Uma imagem oficial, em princípio, mas com a juventude norte-americana sendo massacrada no Vietnã, em 1970, seu conteúdo era, na verdade, irônico e amargo. Como outras, essa superprodução apresentava a guerra em grandes tomadas espetaculares ao mesmo tempo em que detalha a carnificina. Trata-se de uma obra que não trai a convenção das biografias, mantendo-se fiel ao seu protagonista e preferindo os grandes acontecimentos, mas o discurso do fil...

Gastão Cruz, poeta e ensaísta

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Por Pedro Fernandes Som da linguagem Por vezes reaprendo o som inesquecível da linguagem Há muito desligadas formam frases instáveis as palavras Aos excessos do céu o silêncio as constelações caem vitimadas pelo eco da fala. — Gastão Cruz, em Câmpanula   Minha descoberta sobre o trabalho poético de Gastão Cruz se deveu ao contato com outra obra: a de Fiama Hasse Pais Brandão. Os dois foram casados e atuaram vivamente nas artes em Portugal. Estiveram, por exemplo, entre os fundadores do Grupo de Teatro de Letras, de quando eram estudantes na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; os dois estão entre os nomes principais do coletivo Poesia 61, que se tornaria um marco para a poesia da segunda metade do século XX.   Minha descoberta de Gastão Cruz foi logo dupla: o poeta autor da recente antologia editada no Brasil A moeda do tempo e outros poemas (Língua Geral, 2009) e o ensaísta que no dia 18 de setembro de 2009 subiu à tribuna do histórico prédio da primeira sede da U...