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Mostrando postagens de junho 15, 2018

Do (des)engano

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Por Guilherme Mazzafera ... a razão de ser do ensaio consiste menos em encontrar uma definição reveladora do objeto e mais em adicionar contextos e configurações em que ele possa se inserir. Max Bense, “O ensaio e sua prosa” 1. Ledo engano: poucas expressões idiomáticas são tão assertivas em seu acoplamento de contrários. O descaminho que conduz ao encontro com o novo é a vereda do sábio e “Os sábios só falam do que conhecem”. O logro de Leda por Júpiter transformado em cisne, eternizado no quadro perdido de Leonardo, deu à luz figuras de primazia nos mitos gregos: Cástor, Pólux, Clitemnestra e Helena, aquela cuja beleza – topos do engano clássico – raptada moveu o exército grego às plagas de Ílion, pondo em marcha a literatura ocidental. * Para a teologia cristã, o ledo engano irmana-se à felix culpa, engastada por Eva, cujo ouvido cede ao verbo melífluo do ínfero anjo. A queda que demanda expiação potencializa-se em símbolo na entrega apaixonada dos mártires,