Postagens

Mostrando postagens de setembro 28, 2025

Seis poemas de “Corvo”, de Ted Hughes (1970)

Imagem
Por Pedro Belo Clara   Ted Hughes. Foto: Noel Chanan A PORTA Debaixo do sol, um corpo. É o crescimento do mundo sólido. É parte do muro terreno do mundo. As plantas da terra — como os genitais E o umbigo sem flor Vivem nas suas fendas. E também algumas criaturas da terra — como a traça. Todos enraizados na terra, ou alimentando-se de terra, terrenos, Espessando o muro.  Apenas aí existe uma porta, uma porta no muro —  Uma negra porta: A pupila dum olho. Através dela vem Corvo. Voando de sol em sol, encontrou a sua casa. CORVO COMUNGA “Bem”, disse Corvo, “O que fazer primeiro?” Deus, exausto com a Criação, ressonava. “O que fazer?”, disse Corvo, “O que fazer primeiro?” O ombro de Deus era a montanha em que Corvo se sentava. “Vem”, disse Corvo, “Vamos discutir o assunto.” Deus deitado, boquiaberto, uma enorme carcaça. Corvo arrancou um pedaço e engoliu-o. “Irá o enigma revelar-se à digestão, Por escutar além do entendimento?” (Essa foi a primeira brincadeira.) Sim, é verdad...