Luis Fernando Verissimo e a extinção dos seres inteligentes

Por Afonso Junior “Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.” Cito trecho da crônica de Machado de Assis de 19 de maio de 1888 para lembrar que, diante do absurdo, a coisa mais séria a fazer pode ser o humor. Não se deixe enganar pelo normal. Além disso, as modas acadêmicas e o mercado de páginas podem esquecer tradições, direcionar desejos e “empoderar” gêneros, legitimando sentimentos e enobrecendo certos produtos, se não formos espertos. Em terra de Clarice Lispector, quem faz rir é rei. Viva a diversidade. O humor quase sempre foi visto como um primo do banal e um filhote do inútil (ainda mais num cômico país triste que coloca na Academia, na sucessão de Moacyr Scliar, Merval Pereir...