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A advertência de Ian McEwan

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Por León Krauze   Ian McEwan. Foto: Joel Saget Embora não fosse muito dado a conceder entrevistas, Cormac McCarthy explicou certa vez que a intenção de seu romance pós-apocalíptico, A estrada — vencedor do Prêmio Pulitzer em 2007 e logo convertido em uma grande obra da literatura — era imaginar como a humanidade conseguiria “carregar o fogo” após o fim do mundo. A origem da história foi íntima: ele a escreveu pensando em seu filho pequeno e em como protegê-lo em um planeta devastado. Apesar de sua capacidade de retratar o lado mais brutal da condição humana — como em Meridiano de sangue — McCarthy deu este A estrada um coração terno. Seu retrato de pai e filho avançando por paisagens cinzentas deixa em aberto a possibilidade de a humanidade ter sido vítima, e não culpada, de sua própria ruína. Em seu valioso novo romance O que podemos saber (2025)¹, Ian McEwan não oferece tal consolo: aqui, não há dúvida sobre quem apagou o futuro. Assim como em Reparação (2001), sua obra mais ...