O trágico e o belo em O homem elefante

Por Juliano Pedro Siqueira “Os olhos não veriam o sol se não fossem parecidos com o sol e a alma não verá a beleza se ela não for bela.” — Plotino (205-270 d.C) A justa genialidade atribuída a David Lynch geralmente se associa as suas grandes produções da maturidade, como o seriado surrealista Twin Peaks na década de 1990 e filmes como A cidade dos sonhos nos anos 2000. Mas sua profícua imaginação já dava sinais de grandeza dez anos antes, quando dirigiu o extraordinário O homem elefante ; talvez seu trabalho menos conhecido. O filme retrata a trágica e bela história de Joseph Carey Merrick (1862-1890), um inglês da Inglaterra Vitoriana que em decorrência da sua deformação congênita era explorado em apresentações circenses como o “espetáculo da aberração”. Merrick desenvolveu uma anomalia física aos três anos de idade, provavelmente o que a ciência moderna classificou de Síndrome de Proteus — crescimento excessivo e desproporcional de tecidos e músculos —, caracterizada por...