Postagens

Urbano Tavares Rodrigues

Imagem
Até onde pudemos pesquisar – entre os muros do espaço virtual – encontramos que a obra de Urbano Tavares Rodrigues, assim como a de outros muitos nomes da literatura portuguesa merecedores da atenção do leitor, encontra-se inédita no Brasil. Também não há nisso empecilho para conhecê-la; Portugal pode ser logo ali e de lá para cá, zanguem-se alguns gramáticos de um e do outro lado, fala-se um mesmo idioma. Mas, é para romper esse desconhecimento que existem espaços como estes, embora também as fronteiras da web sejam ilimitadas e os daqui podem ler sobre qualquer literatura de qualquer parte do mundo. Ainda assim, importa mesmo é quem fala. Dizer de um nome pouco conhecido é um gesto de multiplicá-lo nesse universo sem fronteiras e fazê-lo mais próximo de outros leitores. Desde 2013, quando o escritor morreu, que era prevista uma entrada como esta para o Letras. Terá sido necessário esperar um ano para se falar sobre Urbano Tavares aqui; nada grave. Circula já outros textos q...

Boletim Letras 360º #77

Imagem
cena de Como na canção dos Beatles , filme inspirado no romance de Haruki Murakami que tem estreia no Brasil Muitas novidades esta semana; mas, deixamos aqui, na abertura deste boletim, apenas uma: estamos sorteando entre os leitores do Letras que acompanham o blog na página do Facebook os Kits que restaram da Promoção Gol de Letra. Imperdível! E, por falar em Facebook, abaixo o que foi notícia por lá. Segunda-feira, 04/08 >>> Japão: Filme baseado em romance de Haruki Murakami  Como na canção dos Beatles - Norwegian Wood  baseia-se no romance que transformou o escritor japonês em fenômeno mundial. Considerado o livro mais romântico do autor, ele próprio dize ser a obra uma produção à parte em sua literatura, o filme é uma produção do diretor Tran Anh Hung. Em cena, Toru, um homem dividido entre o amor e o sexo: pelo olhar do colega de quarto que trai constantemente a namorada e trata as mulheres como objetos e pelo de sua própria concepção sobre o...

Quando não ser grande coisa se torna a maior coisa do mundo

Imagem
Por Rafael Kafka O pequeno Jean-Paul Sartre cresceu rodeado de amor. Filho de um casal de jovens, perdeu seu pai com apenas dez dias de vida e passou a ser cuidado por sua jovem mãe, que mais parecia sua irmã mais velha. Ambos eram criados pelos pais desta, que rodearam o pequeno Sartre de carinho, afeto, proteção e livros. Logo cedo, aquele que se converteria em um dos maiores escritores de todos os tempos, percebeu-se como não sendo grande coisa. E em sua insignificância, ele se sentia grande quando em contato com as palavras, com a literatura. Passou então a criar suas aventuras encenadas com toda a empolgação de uma criança ensimesmada e consciente ao extremo de suas capacidades intelectuais e físicas. O pequeno Sartre viu na literatura não a fuga da realidade, como os românticos a viram, mas sim um complemento, um suplemento. A arte literária transformou para si a realidade em um mundo mais completo e belo, pois permitia uma constante descompressão de ser rumo a...

Dentro de ti ver o mar, de Inês Pedrosa

Imagem
Por Pedro Fernandes Dentro de ti ver o mar. A expressão de um romantismo erótico latente é, pode-se dizer, também tema do romance de igual nome; nome trazido do verso de um fado escrito e interpretado por uma de suas personagens. Esse exercício literário, logo se vê, engendra uma capacidade criativa que Inês Pedrosa tem desenvolvido em outros textos já de longa data conhecidos de parte do público brasileiro. Como quem leu alguns dos seus romances – Fazes-me falta , A eternidade e o desejo , Os íntimos – digo mesmo que é possível visualizar neste novo título a consolidação de uma escrita sobre a fugacidade do amor nos novos tempos. Tratar da relação amor-erotismo sem se reduzir a um dos polos, isto é, sem se deixar cair na via dos amores comuns já dissecados de maneira diversa nos romances água-com-açúcar ou não cair no extremismo do palavreado pornográfico, é uma grande prova de escrita para qualquer escritor cuja carreira ainda está em processo de elaboração. Inê...

Como “formar” uma biblioteca segundo José Saramago

Imagem
A Fundação José Saramago publicou em sua página hoje, na seção “Memória”, espaço virtual que tem dedicado à publicação de material sobre o escritor que dá nome à instituição, um fac-símile de um datiloscrito muito interessante de ser considerado pelos espaços dedicados à publicação sobre livros. Trata-se de um jogo proposto para a formação de uma biblioteca. A ideia veio-lhe depois de ter sido consultado sobre uma lista para compor o acervo de uma biblioteca que estava por inaugurar. Muito perspicaz a ideia de Saramago, dirão uns; mas a proposta não deixa de ser também um incentivo aos novos leitores que estão à procura de organizar sua biblioteca particular. “Certamente não se esperará de mim a ingenuidade de propor uma lista de livros que iriam ser, ao mesmo tempo, o embrião duma biblioteca e a sua parte fundamental, uma vez que, com toda a probabilidade, eu me esforçaria pro não esquecer nenhuma das obras fundamentais que até hoje se escreveram. Excluindo aquele conhecid...

A insustentável forma de A festa da insignificância

Imagem
Por Alfredo Monte                                                        I O lançamento, com toda a pompa e circunstância 1 , de A festa da insignificância , e o fato de que o novo romance de Milan Kundera já encabeça a lista dos mais vendidos (pelo menos no site da Livraria Cultura) se reveste de aspectos dignos de nota: há 30 anos, o autor tcheco era a bola da vez, como se diz, com A insustentável leveza do ser . Nem antes (apesar do seu prestígio) nem depois ele alcançaria tal repercussão. No Brasil, alguns títulos (obras anteriores) ainda se beneficiaram da “onda Kundera”; logo passou, mesmo porque certa ala dos nossos intelectuais associou o sucesso na “lista dos mais vendidos” à ideia de banalidade; pa...