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Entre facas, algodão, de João Almino

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Por Pedro Fernandes O passado é uma ilusão que não volta mais. Tivéssemos esta certeza e não persistiríamos em remoê-lo com a melhor das intenções – a de encontrarmo-nos outra vez ante alguma felicidade que no presente não possuímos e por isso a imaginação e a memória, suspeitamente, fabulam o vivido com a mais envolvente das atmosferas. Tivesse esta certeza e o narrador das histórias de Entre  facas,   algodão  não empreenderia o projeto de sua obsessão: deixar Taguatinga, onde já criou raízes e voltar para a fazenda onde viveu sua infância. Ainda assim não podemos condená-lo por uma ideia gorada desde sua concepção. Não fosse a atitude cética do narrador e uma certeza de que a decisão projetada realmente possa significar outra possibilidade para sua vida este romance não existiria. A dúvida e a ação são não apenas condutoras da narrativa, são pedras de sua fundação. E, claro, não podemos acusar este narrador de apenas se deixar conduzir pelo fals...

João Almino

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Por Pedro Fernandes Não é tanto de praxe hoje, mas houve um tempo em que, para se tornar um escritor reconhecido, obrigatoriamente, o sujeito deveria largar sua terra de origem e ir para o eixo Rio de Janeiro e São Paulo à cata de um lugar ao sol. Todo escritor era então um desgarrado da sua terra. É verdade também que as razões para esse virar as costas para a terra de origem são resquícios de um modo brasileiro e sobretudo potiguar – porque é o estado do Rio Grande do Norte o lugar que estou tomando em questão. Conheço muito pouco de João Almino para dizer se ele foi um desses obrigados a se desgarrar para construir sua carreira literária. Pode ter sido, mas também sabemos, pelas recolhas biográficas que circulam na internet, nem sempre confiáveis como sabemos, que o escritor natural de Mossoró fez uma carreira promissora e à parte da atividade literária. A diplomacia também cobra do diplomata a vida nômade fora de sua terra natal. A escolha da profissão impôs a Almino o luga...