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Cinco livros essenciais para conhecer a obra de Vladimir Nabokov

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Recentemente editamos um texto que cobrava uma mudança de foco sobre a leitura de Lolita , historicamente poupado pela grande crítica daquilo que livro expõe, por essa nova visão, como atentado de um homem (aqui de idade madura) sobre uma adolescente. Este debate, apesar de não ser novo, ganha outros contornos pela intensa discussão que se forma nos últimos anos em torno das questões ligadas ao tratamento lastimável de homens sobre mulheres. E, há alguns meses a Alfaguara Brasil publicou por aqui a primeira tradução para outro conceituado romance de Vladimir Nabokov, O dom . O valor desse livro é justificado em várias frentes. É um dos primeiros romances de fôlego do escritor e foi escrito ainda por um jovem rapaz exilado na Alemanha depois das transformações profundas que se passavam no seu país natal. Neste livro o leitor encontra a gênese de um rico projeto literário que não finda em Lolita – obra que, para o bem ou mal o sagrou reconhecido mundialmente – e ainda todas...

Da rebelia adâmica, o fruto: "Paraíso perdido" em tradução

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Por Guilherme Mazzafera Satan Watching the Caresses of Adam and Eve . William Blake para Paraíso perdido , de John Milton, 1808.  Museu de Belas Artes, Boston. Das lacunas referentes à tradução de clássicos no Brasil, uma das mais gritantes é a ausência de Paradise Lost , obra-prima do poeta inglês John Milton (1608-1674). Publicada originalmente em 1667 e composta por 10.565 versos divididos em doze cantos a partir de sua segunda edição (1674), a epopeia miltoniana sobre a astúcia de Satã e a expulsão de Adão e Eva do paraíso figura de modo inequívoco entre os grandes textos da literatura ocidental. Os leitores brasileiros, em sua maioria, conhecem este belo poema por meio da facilmente encontrável tradução portuguesa do Dr. Antônio José Lima Leitão, e, mais recentemente, tiveram acesso à continuação da obra graças à empreitada coletiva coordenada por Guilherme Gontijo Flores, cujo esforço resultou na publicação de Paraíso reconquistado (Editora de c...

Boletim Letras 360º #266

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Até o dia 30 de março os leitores que acompanham o Letras no Instagram poderão participar do sorteio de um exemplar do livro Uma forma de saudade , páginas de diário do Carlos Drummond de Andrade. E, nesta sexta-feira, 23, chegou o nosso terceiro colunista do ano, Wagner Silva Gomes. Só novidades, assim, excelentes! Ah, e nossa página no Facebook atingiu novo recorde de amigos: 71 mil! E, por falar nesta rede social, olha o que circulou de notícia por lá nesta semana. Ted Hughes. Desenho de Sylvia Plath,que estava entre as peças de um leilão que sagrou a escritora como a nova queridinha  dos fetichistas. Segunda-feira, 19/03 >>> Estados Unidos: Uma das maiores coleções privadas de obras do escritor irlandês James Joyce doada à Morgan Library São cerca de 350 peças, entre as quais se encontram um exemplar do primeiro livro publicado por James Joyce, The holy office , um poema satírico de 1904, do qual se acredita haver meno...

O Grafite e Édipo Rei

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Por Wagner Silva Gomes É próprio da literatura a resistência porque a literatura parte do litígio, ou seja, da contestação. Por surgir da tradição oral a literatura tem o caráter de ocupar os espaços em que as pessoas atuam, convivem, e criam histórias a partir da experiência sem necessariamente ter o aval de documentação legal. Isso é o que faz alguém contar a história de um filho abandonado pelos pais ao nascer e levado para fora da cidade onde esses moram. Quando chega na juventude esse filho volta, assassina seu pai sem o saber que era ele. E num momento que a cidade era ameaçada por um monstro (a esfinge) ele é o único a revelar o seu enigma, livrando a cidade da destruição. O jovem então namora com a coroa sem saber que é sua mãe. Até que um dia um velho cego e sábio, a quem desprezam suas palavras, que tinha encontrado o jovem em sua chegada, sabendo da identidade do jovem observa os acontecimentos na cidade, e por fim revela porque essa passa por maus momentos...

Dois, de Oscar Nakasato

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Por Pedro Fernandes Há uma longa tradição que atravessa desde os mitos fundadores, passa pela antiguidade, à contemporaneidade, sobre o duplo na literatura. O tema ou motivo assume várias feições e o romance de Oscar Nakasato a ele se filia através da representação dos irmãos de natureza distinta. Nesta linha está títulos como Esaú e Jacó , de Machado de Assis e Dois irmãos , de Milton Hatoum, para citar dois que logo podem vir à memória imediata do leitor. No caso de Dois , são os irmãos Zé Paulo e Zé Eduardo. Eles assumem as vozes do romance e recontam ora sua história pessoal, ora a história da família; nesta segunda variável, as narrativas oferecem muitas vezes pontos de vista distintos sobre uma mesma situação ou acontecimento. Propositalmente, Nakasato utiliza o lugar dos extremos desde a concepção original dessas duas personagens: o primeiro é o irmão mais velho e o segundo o mais novo de um grupo de quatro irmãos. Entre os dois estão o Zé Carlos e a M...

Lady Bird, de Greta Gerwig

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Por Maria Vaz Um filme de mulheres. Com problemas de mulheres. Um filme onde duas gerações do mesmo sexo se encontram nas suas diferenças, nos seus antagonismos, na diferença de sonhos, no choque de personalidades, na tentativa de domínio de uma sobre a outra. Um filme de rebeldia e ampliação da consciência. De transformação de conceitos, onde aprendemos que amor pode não ser nada daquilo que achávamos que era ou ‘deveria ser’; onde aprendemos que amor pode ser atenção ou preocupação, presença. E que, embora mais se assemelhe a carma do que a mar-de-rosas, pode ser incondicional. Um filme imperfeito, sobre mulheres imperfeitas que, pela simplicidade da imperfeição, transparece realidade, veracidade. Se estiverem à espera de normalidade cinematográfica com o glamour de Hollywood, em que tudo acaba no ‘foram felizes para sempre’, não vejam o filme, porque irão detestar. Se estiverem em busca de algo incrível, inusitado e fantástico arriscaria dizer que também não irão ac...