Paul Auster. Foto: Todd Heisler LANÇAMENTOS Uma história sobre amor, luto e memória; o último romance do premiado autor de A trilogia de Nova York e Desvarios no Brooklyn. Sy Baumgartner é um professor de filosofia às vésperas da aposentadoria. Sua vida é definida pelo profundo amor pela esposa, morta há quase uma década num acidente no mar. Aos 71 anos, Baumgartner segue lutando para superar a ausência de Anna, enquanto os dias se sucedem em espirais de lembranças e conflitos mentais. Aos poucos, somos arremessados “rumo ao passado, o passado remoto, tremeluzindo nas fronteiras da memória”. Dos anos 1960, quando os dois personagens se conhecem como estudantes sem dinheiro trabalhando e escrevendo em Nova York, ao relacionamento apaixonado que constroem ao longo de quarenta anos; da juventude de Baumgartner ao passado revolucionário de seu pai, um polonês dono de uma alfaiataria em Newark, Paul Auster explora os mistérios e complexidades da alma humana com a destreza que o tornou
Jon Fosse. Foto: Tor Stenersen LANÇAMENTOS A chegada ao Brasil da poesia do Prêmio Nobel de Literatura 2023 Jon Fosse . Quando o nome do norueguês Jon Fosse foi anunciado para receber o mais importante prêmio da literatura em 2023, os leitores de outros idiomas o conheciam principalmente pela sua produção para o teatro, mas não demorou para que sua obra em prosa começasse a aparecer nas vitrines em todo o mundo. Fosse, no entanto, é “poeta de ofício”, isto é, iniciou-se na escrita fazendo poemas, já na adolescência, e nunca abandonou os versos desde então, como revelam os livros agora reunidos em Poemas em coletânea , que acompanha uma produção que se estende de 1986 até 2016. Em todo esse período, com as tormentas próprias de uma obra visceral, os poemas de Fosse levam os leitores a experimentar um trânsito vertiginoso entre paisagem externa e vida interior, em que a peculiar geografia à sua volta — com suas cores intensas, dezenas de milhares de ilhas e lagos formando um mesmo t
Por Rafael Kafka Cena de O cortiço . O livro de Aluísio Azevedo foi adaptado por Francisco Ramalho Jr. em 1978. O cortiço , de Aluísio de Azevedo, é a obra mais importante do Naturalismo brasileiro. Não fica difícil de entendermos isso após uma leitura atenta do romance, o qual preza por um ritmo dinâmico e ao mesmo tempo minucioso em seu enredo. Além disso, é um dos primeiros romances brasileiros a usar um foco narrativo que se centra na coletividade de um recinto, denunciando as mazelas sociais do lugar, ligadas à ganância de um homem, João Romão, o qual decide usar o mercado imobiliário voltado para camadas mais baixas para melhorar suas condições econômicas. Uma das críticas sempre feitas ao Naturalismo é o seu aspecto determinista, mostrando como o meio afeta a condição humana tornando-a em algo monstruoso. Todavia, após a leitura de A condição humana , de Hannah Arent, penso de forma um pouco diferente desse juízo de valor e vejo no Naturalismo a primeira forma
Por Pedro Fernandes Osman Lins. Foto: Revista Manchete . No desfecho de O visitante , a narrativa, pelo ponto de vista da sua protagonista, qualifica o vivido entre o início e o fim do convívio com Artur e linha principal do romance como “aventura outonal”. É verdade que a manifestação das estações do ano varia entre os dois hemisférios da Terra influindo nos significados do imaginário dos povos. No Brasil, país situado na parte sul do globo, o outono varia significativamente de um lugar para outro até dentro de um mesmo estado. No romance, por sua vez, a definição não está submetida ao crivo dessas variações ou especificidades geográficas; tem a ver com certo sentido universal que presume os dúplices da estação de dias curtos e noites mais longas, entre o taciturno e o sombrio; o tempo de uma passagem para a espera escura e chuvosa da invernia. Do início ao fim dessa estação, Celina protagoniza uma queda sem ascensão marcada por uma obsessão amorosa que se manifesta sorrateirament
DO EDITOR Olá, leitores! Foi em alguma edição passada que comentei acerca do andamento de uma longa reforma começada desde a travessia para o aniversário de dezessete anos do Letras . Parte dela já é visível: o visual repaginado e a reorganização de parte do conteúdo. Um exemplo da reorganização é a presença de uma seção dedicada ao ensaio. Publicamos este gênero desde sempre, mas os textos ficavam escondidos sob rótulo de outra coluna, a intitulada Intervalo e que há muito serve para abrigar conteúdos distintos daqueles que constituem o carro-chefe da página: as resenhas. Outro exemplo: a seção cinema, com entradas semanais sempre às quartas-feiras, agora se chama Cinema e tv , por razões e motivos precisos, uma vez acompanharmos a viragem dos modos de acesso à sétima arte ou ainda o aparecimento de outros produtos visuais de interesse aos olhos da arte, como a série. A outra parte da longa reforma ainda durará um bom tempo. Trata-se de passar em revista postagem a postagem d
LANÇAMENTOS No centenário da morte de Franz Kafka, O processo ganha edição especial em capa dura, com a consagrada tradução de Modesto Carone e desenhos do autor . Em agosto de 1914, logo após a Europa entrar em guerra, Franz Kafka escreveu dois capítulos de O processo , os primeiros de uma composição errante, que usava diferentes suportes e abria mão da linearidade. O fragmento de romance foi abandonado definitivamente em janeiro de 1915, e sua publicação ocorreu depois da morte do autor, em 1924. O livro é resultado do trabalho de edição póstumo de Max Brod, amigo e testamentário da produção literária de Kafka, que ordenou os manuscritos e impôs uma linha narrativa à absurda história de Josef K., um homem que é preso e levado a julgamento sem jamais saber de que está sendo acusado. Esta, porém, não é a única possibilidade de leitura da obra inacabada. De acordo com o organizador desta edição, Renato Faria, há caminhos para se “imaginar e testar outras possibilidades de reconstru
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