Ilustração: T. Hanuka O sexo sempre esteve presente na literatura, embora nem sempre de maneira explícita. Há escritores que mergulharam em sua própria sexualidade como se a arte pudesse ser campo para um exercício psicanalítico e findaram por revelar a partir dessa intimidade o lado mais escuro sobre. Esta lista apresenta um conjunto de livros nos quais os escritores se desnudam, livros que dispensam o pudor para narrar cenas de elevado tom. Christine Angot, até o presente uma romancista francesa quase desconhecida no Brasil embora tenha sido autora de um livro chamado Pourquoi le Brésil ?, tem sido lida como uma das principais figuras que se filiam à tradição da qual faz parte nomes como o de Anaïs Nin. Em 1999, ela publica L’Inceste , a obra pela qual sempre tem sido lembrada, por se tratar de uma narrativa que recupera a relação incestuosa entre um pai e uma filha. Les Petits , outra obra sua, já inicia com uma felação sob o chuveiro que termina numa penetração anal an...
Por Jan Manrtínez Ahrens Elena Garro (1916-1998) nunca encontrou a paz. Hipérbole de si mesma, sedutora e delirante, a vida da mais enigmática escritora mexicana do século XX é ainda uma ferida aberta no México e na América Latina. Falar sobre ela é sempre falar de quem o foi o lado contrário, obsessivo e doloroso, de Octavio Paz. Ela viveu contra ele e contra ele escreveu. Mas não reduziu sua biografia na luta contra o totem. Sua aproximação com o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e seu serviço secreto e, sobretudo, seus enganos ante à matança de Tlatelolco, não a transformaram numa escritora maldita. Romancista, dramaturga e poeta, Garro fez de sua existência um conto fantástico, mas deu ao mundo uma literatura que só agora começa a ser contemplada em toda sua imensidão. Há um dia na vida da escritora que marca toda sua vida. Foi o 24 de maio de 1937. Ante quatro testemunhas, Elena Garro, uma estudante que sonhava em ser bailarina, casou-se com o po...
Por Pedro Belo Clara Afresco de uma jovem nomeada Safo. Pompeia, 55-79 d. C. Se passares por Creta 1 vem ao templo sagrado, onde mais grato é o pomar de macieiras e do altar sobe um perfume de incenso. Aqui, onde a sombra é a das rosas, no meio dos ramos escorre a água, e no rumor das folhas vem o sono. Aqui, no prado onde todas as flores da primavera abrem e os cavalos pastam, a brisa traz um aroma de mel. … Vem, Cípris 2 , a fronte cingida, e nas taças de oiro voluptuosamente entorna o claro vinho e a alegria. *** E de súbito a madrugada de sandálias de oiro. *** No ramo alto, alta no ramo mais alto, a maçã vermelha ali ficou esquecida. Esquecida? Não, em vão tentaram colhê-la. *** Vésper 3 , tu juntas tudo quanto dispersa a luminosa aurora, trazes a ovelha, trazes a cabra, só à mãe não trazes a filha. *** Desejo e ardo. *** ...
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Com licença poética Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos — dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou. “ Uma das mais remotas experiências poéticas que me ocorre é a de uma composição escolar no 3º ano primário, que eu terminava assim: Olhai os lírios do campo. Nem Salomão, com toda sua glória, se vestiu como um deles... A professora tinha lido este evangelho na hora do catecismo e fiquei atingida na minha alma pela sua beleza. Na primeira oportunidade aproveitei ...
Parece uma prática muito mórbida e desumana até tratar a nota de suicídio como uma peça de literatura, mesmo que o autor da referida nota seja um escritor tão famoso quanto Virginia Woolf. Mas, por que isso? Há, é verdade, variados ângulos das objeções éticas que rondam uma situação do tipo, mas tocar no assunto está longe de ser algo indecente. A morte tem sido em muitas vezes uma ocasião literária: a longa tradição das últimas palavras varia de confissões no leito de morte para o gênero estranhamente teatral do discurso antes da forca (ver Sócrates, Anne Boleyen ou John Brown). Como grandes figuras inesquecíveis da história, as últimas palavras da vida de Virginia Woolf reúnem elementos para compreender melhor o fato, seja o leitor leigo, seja o leitor pesquisador sobre sua biografia. Antes desse bilhete escrito em março de 1941 e deixado sobre a lareira de casa para seu companheiro Leonard, Virginia terá produzido outras escritas em que prenunciava o gesto que tomaria c...
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