Postagens

Mostrando postagens de outubro 27, 2025

O não-dito no romance Asfalto selvagem

Imagem
Por Amanda Fievet Marques Nelson Rodrigues Foto: Adalberto Diniz As personagens de Nelson Rodrigues, que encontramos sempre arremessando-se umas sobre as outras, crispadas, hirtas de medo ou de fé, trôpegas, sôfregas, são frequentemente tomadas por paixões. Paixões terríveis, capazes de levar à ruína e à loucura; paixões nostálgicas, em que se rompem os diques do passado e o presente é súbito inundado de desejo; paixões de domínio, paixões religiosas, paixões incestuosas, pervertidas, obsessivas, transgressoras. No romance Asfalto selvagem , publicado inicialmente como folhetim no jornal Última hora , e depois em dois volumes, em 1961, pela editora J. Ozon, há toda uma proliferação e dramatização das paixões humanas, essas comoções que tocam “até as raízes do ser” (Rodrigues, 1994, p. 43), em seu longo e variado espectro.* O notável, no entanto, é que, o mais das vezes, a consumação dessas paixões se exprime por um não dito, uma elipse, uma nomeação indireta.  Na primeira parte,...