Boletim Letras 360º #240

Uma semana intensa. Veio com grandes e preciosas novidades do mercado editorial; lançamentos de cair o queixo. E recuperamos aqueles que acompanhamos através de nossa página no Facebook. E, por falar em grandes lançamentos, se preparem que uma nova promoção vem aí.

Frame de Todas as horas do fim, filme sobre Torquato Neto que estreou esta semana no Brasil.


Segunda-feira, 09/10

>>> Brasil: A poeta e colunista do Letras in.verso e re.verso Fernanda Fatureto apresenta seu novo livro

Ensaios para a queda, título que faz menção ao livro A viagem vertical, de Enrique Vila-Matas é o segundo título de Fernanda Fatureto e é apresentado pela Editora Penalux. O livro dividido em três partes (Travessias, Miragem e Polifonia) reúne poemas que falam da queda humana – o abismo, a condição falha que conduz a humanidade ao seu limite e também à redenção. A poeta dialoga com autores que permeiam seu imaginário poético tais como Paul Celan, Maria Gabriela Llansol, entre outros, em que é possível traçar afinidades. No prefácio à obra o poeta, escritor e jornalista André Caramuru Aubert afirma que: "Alguns poemas me parecem quase um romance em miniatura, um daqueles no qual há um gigantesco cuidado formal com cada palavra, mas que lograsse contar toda uma extensa história em poucas linhas.” Antes de Ensaios... Fernanda Fatureto publicou pela Editora Patuá Intimidade inconfessável, em 2014.

>>> Brasil: Uma visita ao lado mais real da Revolução Russa

O autor britânico China Miéville expoente daquilo que foi batizado de new weird fiction, apresenta em Outubro. História da Revolução Russa uma das mais inacreditáveis histórias do século XX, cujos personagens e trama não deixam nada a desejar para nenhuma ficção bizarra – até parece, mas não é. Trata-se de história e, como tal, objetiva e partidária – como diz o autor: escolhendo seus heróis e vilões. Um cenário fantástico de cidades brotando de pântanos, catedrais e minaretes, palácios e bairros operários, samovares e canhões, cimitarras e fuzis pode dar a impressão de fantasia, mas trata-se de uma história fantástica que ocorreu de fato e estremeceu o mundo, abalando os alicerces da ordem e marcando definitivamente a humanidade na aurora de um novo século. A reconstrução cuidadosa dos diálogos foi baseada em pesquisa competente não só da literatura oficial e do debate historiográfico, acadêmico e político, mas da rica objetividade contraditória da vida. Além do mito, além da caricatura, o leitor é levado em meio a personagens complexos, tridimensionais, que tateiam o solo duro da luta de classes a fim de encontrar seu caminho.

>>> França: Philip Roth é editado na também muito prestigiada coleção Biblioteca da Plêiade

No dia 5 de outubro saiu o primeiro volume de uma seleção de obras do autor que a Plêiade classifica como "um dos grandes autores da sua geração". Esta primeira coletânea de Roth em edição francesa reúne cinco livros (romances e contos) produzidos entre 1959 e 1977. São eles Adeus Columbus (1959), uma recolha de contos publicados quando o escritor tinha ainda 26 anos; O complexo de Portnoy (1969), o romance iconoclasta que tornou o seu nome conhecido nos meios literários estadunidenses e depois internacionais; a fábula kafkiana The Breast (1972); My Life as a Man (1974), apresentação da figura de Nathan Zuckerman, visto como um alter-ego do autor; e O professor do desejo (1977), biografia de outra personagem das ficções de Roth, David Kepesh. A edição da Plêiade surge menos de um mês após a saída nos EEUU do décimo e último volume com as obras de Roth na Biblioteca da América – uma equivalente da Plêiade –, reunindo, sob o título Why Write? (Escrever porquê?), um conjunto de ensaios do autor.

>>> Estados Unidos: Os últimos poemas de Leonard Cohen, aos quais o cantor deu os derradeiros retoques alguns dias antes de sua morte, vão ser publicados no próximo ano, anunciou Robert Kory, que foi o seu último agente

O livro terá como título The Flame (A Chama) e incluirá, a par de muitos poemas inéditos, textos em prosa, uma seleção dos seus cadernos pessoais, desenhos da sua autoria, e ainda as letras das canções dos seus três álbuns mais recentes. O cantor canadense, que morreu no dia 7 de novembro de 2016, completou o livro alguns dias antes da sua morte. O livro sairá no Brasil pela Companhia das Letras​, editora que comprou os direitos da obra.

Terça-feira, 10/10

>>>> Brasil: Uma antologia recorta o melhor da literatura portuguesa

O projeto coordenado por Luis Maffei e Ida Alves será editado pela Editora Azougue. A antologia, em seis volumes recorta autores de 1910 até agora 2010, reunindo nomes como Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Alexandre O'Neill, Herberto Helder, Adília Lopes e outros.

>>> Brasil: A obra poética de Alejandra Pizarnik ganhará edição por aqui

A poesia de Pizarnik é considerada por muitos estudiosos da literatura uma das mais originais da literatura argentina do século XX. Mas, até então, não há no Brasil nenhuma tradução de seus poemas publicada em livro. No primeiro semestre de 2018, a Relicário Edições preencherá essa lacuna, inaugurando a publicação de sua obra poética com a tradução dos livros Árbol de Diana e Los trabajos y las noches, respectivamente de 1962 e 1965. A tradução é de Davis Diniz. As edições contarão com prefácios assinados por estudiosos da obra poética de Alejandra.

Quarta-feira, 11/10

>>> Brasil: Está previsto para o primeiro semestre de 2018 o lançamento de 120 dias de Sodoma, do Marquês de Sade

A obra que em todos os aspectos angaria o epíteto de subversiva ganha nova tradução por Rosa Freire D’Aguiar e sairá pela Companhia das Letras. A edição terá prefácios de Eliane Robert de Moraes e de Reinaldo Moraes. 120 dias de Sodoma conta a história de quatro ricos homens libertinos que resolvem experimentar a definitiva gratificação sexual em orgias. Para tal experiência, eles se trancaram por quatro meses num castelo inacessível com um harém de quarenta e seis vítimas, a maioria adolescentes de ambos os sexos, e recrutaram quatro cafetinas para contar a história de suas vidas e suas aventuras. A narrativa das mulheres se torna inspiração para abusos sexuais e tortura das vítimas, que escala gradualmente em intensidade e termina em assassinato.

>>> Brasil: Uma nova edição com a poesia de Maiakóvski

A Editora Perspectiva prepara uma nova edição, em capa dura, dos poemas do poeta russo traduzidos por Boris Schnaiderman, Augusto e Haroldo de Campos. À edição original, de 1982, foram acrescentados cerca 20 poemas – entre traduções novas e que haviam saído apenas em revistas literárias. Também foram incluídos os textos que estavam na antologia Poesia Russa Moderna.

Quinta-feira, 12/10

>>> Brasil:A nova edição para Guerra e paz, de Liev Tolstói

Depois de reapresentar Ana Kariênina, a Companhia das Letras anuncia para o dia 21 de novembro a chegada às livrarias da nova edição de Guerra e paz, outro dos romances mais significativos de Liev Tolstói. Ao acompanhar o percurso de cinco famílias aristocráticas russas no período de 1805 a 1820, a obra narra a marcha das tropas napoleônicas e seu impacto brutal sobre a vida de centenas de personagens. Em meio a cenas de batalha, bailes da alta sociedade e intrigas veladas, destacam-se as figuras memoráveis dos irmãos Nikolai e Natacha Rostóv, do príncipe Andrei Bolkónski e de Pierre Bezúkhov, filho ilegítimo de um conde, cuja busca espiritual serve como espécie de fio condutor e o torna uma das mais complexas personalidades da literatura do século XIX. Ao descrever o cotidiano e os grandes acontecimentos que se sucederam à invasão de Napoleão em 1812, Tolstói retrata uma Rússia magistral, imponente e, sobretudo, profundamente humana. A tradução de Rubens Figueiredo será publicada em dois volumes em capa dura acondicionados numa caixa.

>>> Portugal:  Livro reúne inéditos de Ana Hatherly

Um livro-registro e um livro-projeção. Ana Hatherly. Angramas reproduz os trabalhos gráficos da Exposição "Re-Anagramas" e 75 obras da poeta portuguesa que integraram a Exposição "Signo de Escrita" no Ciclo "Ana Hatherly: Anagrama da escrita", organizada pelo Festival Silêncio em 2016. Apresentado pela editora Mariposa Azual, as obras aí reunidas são parte do arquivo de Fernando Aguiar e muitas delas, a maior quantidade, nunca antes publicadas. A obra reúne ainda textos do Ciclo AH em 2016 que são organizados pelo Professor Manuel Portela.

Sexta-feira, 13/10

>>> Brasil: Uma nova tradução para um dos clássicos da Literatura Russa

Publicado originalmente em 1957 fora da União Soviética, após ser banido pela censura do Partido Comunista, Doutor Jivago, que só seria lido por seus conterrâneos em 1987 — 27 anos após a morte de seu autor —, continua sendo o maior e mais importante romance da Rússia pós-revolucionária. Nele, Boris Pasternak traz à luz o drama e a imensidão da Revolução Russa pela história do médico e poeta Iúri Andréievitch Jivago em seu constante esforço de se colocar em consonância com a Revolução. Por seus olhos hesitantes o leitor testemunha a eclosão e as consequências deste que foi um dos eventos mais decisivos do século. Em tempos em que a simples aspiração a uma vida normal é desprovida de qualquer esperança, o amor de Jivago por Lara e sua crença no indivíduo ganham contornos de um ato de resistência. Seguindo a grande tradição do romance épico russo, Pasternak evoca um período historicamente crucial e nele retraça um panorama completo da sociedade da época. Em capa dura, a tradução de Sonia Branco e Aurora Bernardini chega às livrarias brasileiras pela Companhia das Letras no final de novembro.

>>> Brasil: A autobiografia De minha vida: poesia e verdade, de Goethe editada por aqui

Homem de múltiplos talentos, Johann Wolfgang von Goethe dedicou-se sobremaneira à escrita, que o imortalizou como um dos mais destacados pensadores da humanidade. Porém, se sua obra literária recebe luzes constantes, a fatia não literária produzida pelo poeta alemão, de suma importância para se entender quem é o homem e, por consequência, sua obra, ainda não é tão acessível ao grande público. Para completar essa lacuna, a Editora Unesp lança De minha vida. "Esta tradução se constrói menos em torno de uma imagem de monumentalidade da obra e de genialidade de seu autor do que em torno de uma imagem mais humanizada de Goethe", anota Mauricio Mendonça Cardozo, responsável pela tradução, apresentação e notas. O alemão "sentindo, pensando, lendo e escrevendo em seu tempo, soube atravessar a espessura de suas experiências com intensidade", continua. A densidade de sua obra ressoa atual nos ouvidos do século XXI.

>>> Brasil; Reedição de O macaco e a essência, de Aldous Huxley

O projeto de reedição da obra do escritor inglês continua. Agora, a tradução de João Guilherme Linke "O macaco e a essência". Bob Briggs é um roteirista de Hollywood às voltas com problemas amorosos. Ao expor a vida conturbada ao amigo e confessor, em passeio pelos estúdios, ambos quase são atropelados por um caminhão que carrega roteiros recusados pela indústria cinematográfica, a caminho da incineração. Depois de uma curva brusca, meia dúzia de roteiros é atirada para fora do veículo, espalhando-se pela rua. Por curiosidade, a dupla começa a ler os textos. E um em particular desperta a atenção dos dois: chama-se "O macaco e a essência", escrito por um certo William Tallis. Instigados pela temática, saem à procura do autor da obra. A busca é infrutífera e o que se segue é a apresentação do roteiro na íntegra: um filme que conta a história do mundo pós Terceira Guerra Mundial, destruído por bombas radioativas, e da expedição de redescobrimento dos Estados Unidos no século XXII, dominado por babuínos. Na obra—crítica mordaz aos rumos da ciência e da civilização do século XX—nada escapa à metralhadora giratória de Huxley. Para ele, não há ideologia que não rotule e aprisione o homem, enquanto a ganância parece se apropriar do avanço científico. Publicado originalmente dezesseis anos após Admirável mundo novo, O macaco e a essência reafirma a genialidade e o tom apocalíptico de Huxley, sempre implacável com a força destrutiva que o ser humano é capaz de liberar.

>>> Brasil: Estreia um documentário para recontar a vida do poeta Torquato Neto

Torquato Neto (1944-1972) vivia apaixonadamente as rupturas. Atuando em múltiplas frentes – no cinema, na música, no jornalismo –, o poeta piauiense engajou-se ativamente na revolução que mudou os rumos da cultura brasileira nos anos 1960 e 1970. Foi um dos pensadores e letristas mais ativos da Tropicália, parceiro de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Jards Macalé. Junto à arte marginal, radicalizou sua atuação e crítica cultural, ao lado de Waly Salomão, Ivan Cardoso e Hélio Oiticica. Por fim, rompeu com sua própria vida. Suicidou-se no dia de seu aniversário de 28 anos. Todas as horas do fim, de Eduardo Ades e Marcus Fernando levou cinco anos para ficar pronto. E agora eis a estreia do filme! Veja o trailer.

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