Uma nova adaptação para Anna Kariênina, de Tolstói

Por Pedro Fernandes

Uma das primeira cenas da nova adaptação para o cinema de Anna Kariênina, de Tolstói. Foto: Omelete.com


Fora Lukács que leu Tolstói como o símbolo maior na arte de narrar, talvez tenhamos nos sentido intrigantemente seduzidos pelo movimento das personagens no romance russo. Eu mesmo quando me pus a ler Crime e castigo, do Dostoiévski, senti-me compartilhar de uma intimidade tão profunda com Raskolnikov que o momento da leitura dissipou-se ao ponto de me confundir entre os movimentos e obliterações psicológicas da personagem. 

A pergunta é: quem não terá assim se sentido um dia lendo um clássico russo? Qual outra literatura terá conseguido capturar melhor o feitiço de realizar plenamente o estatuto da verossimilhança? Quem já se debruçou sobre Anna Kariênina, de Tolstói, também se sentiu assim; tenho comigo depoimentos fidedignos de uma professora de literatura. De modo que, não será demais afirmar que, enquanto você não ler os russos não terá lido grande coisa - é o que dizem alguns e dizem, sim, com razão. 

Em 1997, Bernard Rose assumiu a incumbência e trouxe para as telas o romance de Tolstói, um dos grandes de sua produção - a perder-se somente para Guerra e Paz ou talvez capaz de ser colocado lado a lado. Já antes outros haviam feito: em 1935, a primeira adaptação para o cinema por Clarence Brown e Greta Garbo no papel de Kariênina; em 1948, uma adaptação inglesa por Julien Duvivier; e em 1985, adaptado por Simon Langton e com Jacqueline Bisset no papel principal. O romance também já inspirou séries para a televisão, como a homônima produzida em 2007 e exibida no Telecine.

Se em 2013 se espera a chegada do clássico de Victor Hugo, Os miseráveis (comentado aqui na semana passada), ainda para outubro do ano em curso se fala na adaptação de Anna Kariênina. Sob direção de Joe Wright, que já adaptou Desejo e reparação, de Jane Austin (a que teve retrato descoberto bem recentemente, conforme dispus na página do Letras no Facebook ontem), e atores como Jude Law no elenco, o filme virá com um diferencial no formato do cinema. 

O curto orçamento fez o diretor pensar, a partir do livro de Orlando Figes que descreveu a aristocracia russa, atmosfera do livro de Tolstói, como um palco, a pensar o cenário do filme como um teatro. Servirá? As únicas cenas externas foram locadas na Rússia e na Inglaterra. Agora é esperar se o "improviso" ficou bem. A jurar pelas imagens do figurino, a coisa é interessante.


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