O caminho árido da existência: reflexões filosóficas do jagunço Riobaldo
Por Juliano Pedro Siqueira A gente tem de sair do sertão! Mas só se sai do sertão é tomando conta dele a dentro. — Riobaldo Grande sertão visto por Poty Lazzarotto A extensa narrativa de Riobaldo — personagem nuclear em Grande sertão: veredas , de João Guimarães Rosa — possui múltiplas interpretações das inúmeras leituras que dele se pode fazer. A versatilidade linguística, o estilo arcaico da escrita e o primitivismo dos cenários descritos, cunhou no escritor mineiro o criador de uma epopeia de vertente mística em que a força religiosa e os conflitos de ordem existenciais emergem em meio às batalhas sangrentas promovidas por jagunços. A análise que parto é justamente esta: extrair a partir das reflexões de Riobaldo, a percepção filosófica que se constrói no curso dos caminhos áridos do sertão neste romance. Um mergulho profundo e complexo nas emoções e pensamentos cuja subjetividade reflete a terra enigmática, solitária, conflitante e sombria, onde o velho jagunço, precisou atrav...