Alice digital (2)
![]() |
Páginas de abertura do manuscrito para Alice. A primeira edição foi manuscrita e ilustrada pelo próprio Lewis Carroll. Copyright © The British Library Board
|
Ano passado disponibilizei por aqui uma nota sobre uma versão digitalizada para a web de Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll. Agora, foi disponibilizada a versão original, manuscrita. Um trabalho da British Library. O achado, assinado ainda pelo nome verdadeiro de Carroll, Charles Dodgson, é de 1864.
Dodgson era uma matemático em Oxford e dois anos antes conheceu Alice Liddell, com então 10 anos, Lorina e Edith, todas filhas do reitor da universidade. Parece que a primeira menina chamou mais atenção do professor que, durante um passeio de barco no Tâmisa, com as três, teria contado uma história de aventura para entretê-las. Na história inventada, Alice era a personagem principal em aventuras por um mundo mágico subterrâneo aonde chegava com a ajuda de um coelho falante.
Conta-se que a menina ficou muito entusiasmada com a invenção de Dodgson e pediu-lhe que escrevesse a história, algo que o matemático cumpriu.
![]() |
Desenho de Lewis Caroll para o manuscrito Alice. As 37 ilustrações da primeira versão são do próprio escritor que cultivava ainda uma paixão pela fotografia. |
O projeto do livro saiu. Escrito a mão e contendo 37 ilustrações a primeira versão não tinha ainda muitos dos episódios com o Gato de Cheshire e com o Chapeleiro Maluco. O manuscrito foi intitulado Alice's adventures underground e tinha pouco mais de 90 páginas com dedicatória "Um presente de Natal para uma criança querida, em memória de um dia de verão".
![]() |
Um dos desenhos feitos por John Tenniel para a versão impressa publicada em 1865. Tenniel aproveitou muitas das ilustrações compostas pelo próprio Carroll para a composição de seu trabalho. |
Foi pelo incentivo dos amigos que Dodgson fez uma releitura do material e reescreveu ampliando o texto que reapareceu em 1865 numa edição em livro com ilustrações de John Tenniel, o mesmo que reclamou da qualidade da impressão e forçou a retirada de cerca de 2 mil exemplares das prateleiras das livrarias.
Mas, uma segunda tiragem, no ano seguinte, repetiu o sucesso e foi rapidamente vendida, tendo caído em definitivo nas graças de pessoas como o escritor Oscar Wilde e a rainha Vitória.
Alice precisou vender o manuscrito num leilão, arrebatado por um colecionador estadunidense. O manuscrito esteve em terras estrangeiras até retornar à Inglaterra já quase no fim da Segunda Guerra Mundial como patrimônio da cultura inglesa e, logo, passou a integrar o rol dos raros livros da Biblioteca Britânica. Em 1998, o texto integral foi arrematado em leilão.
Aqui para ir à página do manuscrito na British Library com direito a transcrição do conteúdo e áudio do livro.
Comentários