O centenário de “Swann” e outras novidades em torno de Marcel Proust

Marcel Proust, Évian, 1905.




É uma obra monumental e, assim como os grandes romances A comédia humana, de Balzac, Guerra e paz e outros, de Tolstói, Os irmãos Karamazov, de Dostoiévski, Ulisses, de Joyce etc. etc., deve estar entre os livros que todo também grande leitor em algum momento de sua vida precisará enfrentar. Em busca do tempo perdido ou como se popularizou em português o título original em francês À la recherche du temps perdu é a obra-prima de Marcel Proust que, agora em 2013, chega ao primeiro centenário. Embora, muito antes de 1913, já algumas partes aparecessem publicadas em jornais como o Le Figaro e o próprio Proust tenha dado início à sua escrita em 1909...

Ao todo são sete romances escritos até 1922 e publicados até 1927; os três últimos publicados postumamente: No caminho de Swann (Du côté de chez Swann), À sombra das raparigas em flor (À l’ombre des jeus filles en fleurs), O caminho de Guermantes (Le côté de Guermantes), Sodoma e Gomorra (Sodome et Gomorrhe) A prisioneira (La prisonnière), A fugitiva (La fugitive) e O tempo reencontrado (Le temps retrové).

No Brasil, a edição mais recorrente parece ainda ser a primeira publicada no final dos anos 1940 e início dos anos 1950 pela Editora Globo; uma tradução feita à dez mãos: Mario Quintana, Manuel Bandeira em parceria com Lourdes Sousa de Alencar, Carlos Drummond de Andrade e Lúcia Miguel Pereira. Digo isso porque, embora tenha saído uma tradução pela Ediouro, nela os organizadores fizeram questão de preservar a edição tal qual fora planejada pelo escritor francês em 1918, preferindo-se editar a obra em somente três tomos, muito embora, o trabalho do poeta carioca Fernando Py seja digno de nota, não apenas pela experiência com outros traduções de Proust para o português, como o inacabado romance Jean Santeuil, mas pela disposição de conduzir sozinho a grande empreitada.

Para algum momento deste ano talvez saia (como previsto) uma nova tradução já conduzida por Mario Sergio Conti e a ser publicada pelo selo Penguin-Companhia. Os sete volumes agora recebem o título de À procura do tempo perdido. A revista Piauí tem adiantado alguma coisa sobre o andamento da tradução em “A morte de Bergotte” e “Madalenas idas e vividas” e outros dois textos do próprio tradutor, “Proust: do pêndulo ao calendário” e “Há uma santa com seu nome”. Enquanto não chega a nova tradução, a Globo Livros reeditou todos os sete volumes com novo projeto gráfico e acurada revisão da professora Olgária Matos.

Na França tem aparecido novidades do escritor; por exemplo, saiu a antologia Le Mensuel retrouvé com 11 textos do jovem Marcel Proust até então desconhecidos – são textos escritos quando ainda tinha 19 anos e aparece comentando sobre artes e a vida na sociedade francesa daquele período. Muito embora, esse retorno à obra proustiana já venha ocorrendo desde anos anteriores quando saiu uma das faces menos conhecidas do escritor: a do poeta. Por aqui, ficamos a par dessa novidade com uma pequena amostra publicada na tradução de Os prazeres e os dias em que o professor Carlos Felipe Moisés depois de redigido o ensaio indispensável “Proust, um poeta fin-de-siècle” traduziu oito poemas do escritor francês (ver catálogo aqui). Pequena porque a edição francesa reúne perto de três centenas de textos do gênero. 


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