Esquecer Saramago
Por Pedro Fernandes

Quando, no ano em que desenvolvi um largo contato com artistas plásticos para uma releitura da obra de José Saramago¹ a partir dessa arte tão mais complexa quanto à literária, não imaginava que em algures se dava a criação de um trabalho de tamanha riqueza visual como este que conheci por esses dias.
Enquanto apreciava o projeto, contava mentalmente a necessidade de apresentá-lo, dizer alguma coisa, por aqui. O dia chegou. E vou dá mais crédito para algumas imagens do que às palavras, porque elas falam o que é necessário ouvir, sendo que o caminho percorrido até ao ouvido é outro, o da visão.
Esquecer Saramago: doze partidas para uma homenagem é o título de uma obra coletiva conduzida pela Palavrão — Associação Cultural. Busca uma relação entre texto e imagem compondo um extenso mosaico para uma releitura da obra do escritor português. Compõe-se de doze projetos de artistas plásticos, que buscam no ritmo do texto saramaguiano o embalo para as imagens.
O trabalho também deu origem a uma exposição sob curadoria de Mário Caeiro. Daí resultou um livro em que os doze textos visuais que evocam doze textos ou excertos, como Memorial do convento, eleitos como fundamentais de José Saramago. Os seus autores são Anabela Santos, Bruno Bogarim, Eunice Artur, Nelson Cardoso, Pedro Penilo, André Banha, André Graça Gomes, João Ferreira, Mónica Landim, Nuno Fragata e Ricardo Brás — espero ter referido e citado todos corretamente.²
Notas:
1 Para acessar e saber mais sobre as artes plásticas mencionadas no início desta publicação, a recomendação é acessar aqui a edição Variações do mesmo tom: diálogos sobre a poesia de José Saramago, que organizei para a revista 7faces.
2 Os leitores podem conhecer mais da obra Esquecer Saramago através deste catálogo com alguns materiais projetados pelo coletivo.
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