Copenhagen e as máscaras de uma menina poeta
Por Henrique Ruy S. Santos Tove Ditlevsen. Foto: Steen Jacobsen Quando se propõe a narrar experiências de infância, sejam elas de caráter autobiográfico ou não, é comum que um escritor recorra, como ferramenta estilística e narrativa, a um certo grau de adesão ao ponto de vista da criança. A preferência pela perspectiva de determinado personagem como recurso de linguagem narrativa não é nenhuma novidade na literatura, ainda mais se considerarmos sua utilização de maneira ampla, isto é, como a simples concatenação de acontecimentos a partir das vivências de cada personagem. Nesse caso, logo se vê que não se trata de uma firula discursiva, mas de um aspecto estruturante da narração, uma condição para sua própria inteligibilidade. Ainda assim, em um sentido um pouco mais restrito, é possível observar o desenvolvimento de técnicas que modificam ou aprofundam essa maneira de “adentrar a mente dos personagens”, muitas delas motivadas seja pelo desejo de inovação, seja por uma certa desconfia...