Fédon ou sobre a alma — Sócrates decide morrer
Por Afonso Junior Uma cela, um condenado à morte, um grupo de amigos e discípulos. Fédon de Élis, ex-escravizado de guerra e discípulo de Sócrates, é instado pelo pitagórico Equécrates de Fliunte a narrar “o que disse o homem diante da morte” ( Phaedo , 57a). Algumas horas antes de morrer, Sócrates tem dois desafios: provar que a alma é imortal (portanto, que não irá morrer) e provar que a causa-origem do mundo como nos aparece é algo invisível, talvez transcendental — como afirma Gabriele Cornelli na sua introdução da (também sua) tradução do Fédon , “as coisas sensíveis querem imitar os paradigmas, mas sempre falham” (Platão, 2025, p. 37). No final, o mito, falando de uma “Terra em si”, a qual seria “pura no puro céu”, vem nos ajudar: “As estações são tão amenas que aqueles que lá habitam não ficam doentes e vivem muito mais do que aqueles daqui. Quanto à vista, ouvido, intelecto e todas as faculdades do gênero, eles nos superam em pureza no mesmo grau em que o ar supera a ...